domingo, 27 de dezembro de 2009
Macau das Igrejas
Gosto especialmente do ambiente de Macau no Natal. Já sei que esta é uma opinião impopular, e muitos (os que podem e têm dinheiro) gostam de sair do território na quadra natalícia, ora a Portugal, ora para paragens mais solarengas. Enfim, enquanto andava pela rua nestes dias do Natal, verifiquei uma fauna pouco habitual de turistas, muito interessada no património e nas igrejas em particular. Congratulo-me que assim seja, e que alguém se lembre que Macau é, afinal, a cidade cristã por excelência da Ásia.
As igrejas, espalhadas um pouco uniformemente por toda a cidade, dando nome às tais freguesias, aquilo que é inglês é conhecido por perish, dão um ar encantador a Macau. Não que eu considere a maioria das igrejas uma obra arquitectónica de excelência; muitas aldeolas em Portugal têm igrejas muito mais bonitas e inspiradoras que a nossa igreja da Sé, S. Domingos ou Nossa Senhora de Fátima - especialmente esta última.
Gosto especialmente de três igrejas em Macau: a da Penha, por razões estéticas, a de S. Lourenço por razões sentimentais, e a de S. Lázaro pelo seu não sei quê de misterioso. A Igreja de S. Lázaro fica situada no Largo com o mesmo nome, integrada numa vizinhança tranquila, ajardinada e sem trânsito, coisa rara em Macau. Gosto de igrejas em locais isolados, como a do Altinho de Ká-Hó, ou em locais peculiares, como a de S. Francisco Xavier. A Igreja de Santo Agostinho fica num local onde passei parte da minha infância, em Santarém.
É sem dúvida muito agradável verificar como de entre os turistas incultos que enchem os casinos e os centros comerciais, outros há que procuram a imensa cultura desta cidade. E o melhor de tudo é que são jovens, o que me deixa com uma grande confiança no futuro.
Eu prefiro a Igreja de S. Domingos porque é muito asiática, muito estilo colonial. Em Malaca há uma semelhante que, salvo erro, é a mais antiga da Ásia. As outras, como disse, podem ser encontradas em qualquer lugarejo de Portugal, mas a de S. Domingos não.
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