sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Os blogues dos outros
Há qualquer coisa de manifestamente estranho nesta saída de Edmundo Ho do governo da RAEM e de seu primeiro chefe do executivo. Sobretudo, pelo tom de manifesto agaste e enjoo, o antigo banqueiro revela-se farto do cargo, da política, e até certo ponto dos seus concidadãos. As explicações - se as podermos entender assim - revelam alguma falta de despreendimento e distanciamento perante as responsabilidades do duplo mandato. O que é em si absolutamente contrário à própria lógica da representação política e às regras do jogo que pressupõem o julgamento dos titulares dos cargos políticos pelos seus concidadãos, findo o respectivo mandato. Em suma, Edmundo Ho lava as suas mãos de qualquer responsabilidade pelas coisas que correram mal no exercício do seu governo; como se não fosse o último responsável por tudo o que aconteceu. E revela-se displicente pelo próprio julgamento da história. A política é isso, sob regime republicano. O menino de ouro da política local convive mal com o êxito e o seu regresso à condição de cidadão comum, como se o mundo tivesse que vergar, com deferência, à sua passagem e chorar o seu afastamento.
Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho
Por alguma razão que desconheço, desde há alguns dias não consigo deixar imagens. Fica a imagem do Obama e da limusina presidencial para qualquer outra oportunidade. Acho que deve haver algumas fotos do mesmo na net. Os dias atarefados Obama deixam muitas perguntas sobre o protocolo. Uma das questões que me intriga passa pela escolha da cor da gravata. Acho que combinaram para estarem a China e os Estados Unidos entre o vermelho e a cor-de-vinho. Outro dos pontos que ficam por responder é sobre a concordância de discursos. Depois da reunião quando falaram para a imprensa tinha cada um dos lados lido previamente o discurso do outro? Quantos aviões estão a viajar desta vez para transportar os carros da comitiva norte-americana? Enfim, dúvidas. Descobri que Obama é mesmo muito alto embora a imagem na televisão pareça maior do que a realidade. E que a Hillary Clinton tem melhor aspecto ao vivo que na televisão. Hoje terminam os dias Obama.
Maria João Belchior, China em Reportagem
Um exército composto por 80% de efectivos negros, comandado por negros. Administração pública integrando 90% de quadros superiores negros. Universidade e escolas politécnicas maioritariamente negras. A maior renda per capita do continente, o maior índice de desenvolvimento humano, a maior taxa de literacia, o maior número de estações de rádio e jornais de África. O maior número de pequenas empresas e explorações agrícolas do hemisfério sul. A menor taxa de mortalidade infantil. O maior exportador de cereais da África Austral. Essa foi a Rodésia. Hoje é o Zimbabwe e tem por presidente quem sabemos. Passaram trinta anos; ou antes, regrediram 500 anos. É necessário dizer a verdade, doa a quem doer.
Miguel Castelo-Branco, Combustões
Não deixa de ser uma ironia deliciosa que a Microsoft tenha sido condenada na China pelo não pagamento de direitos de autor devidos pela utilização de caracteres chineses desenhados pela empresa Zhongyi Electronic Ltd.
El Comandante, Hotel Macau
A fazer fé nos jornais nacionais, a selecção portuguesa foi recebida pelos bósnios com cuspidelas e insultos no melhor vernáculo que o linguajar bósnio tem para oferecer. Nada que se estranhe, portanto. Aquilo é malta com enormes problemas étnicos - e outros que um certo pudor não me permite enumerar publicamente. Sem dúvida, ver chegar lá à terra um estranho séquito de malta branca, preta, mulata, oriunda da europa, de áfrica e das américas (aliás, um exemplo perfeito de uma verdadeira selecção portuguesa), terá causado nos bósnios uma tremenda perturbação. Ainda assim, em bom rigor, a conclusão a que chego é que os bósnios têm por nós um enorme carinho. A nós foi à cuspidela, mas, aqui há atrasado, os vizinhos dos gajos eram corridos a tiros de AK-47 e Brownings. Estão muito mais hospitaleiros, não haja dúvida. Com tal calor humano, não percebo por que é que o pai Ibrahimovic se pirou para a Suécia.
VICI, MACA(U)quices
Alguns jogadores da selecção portuguesa (luso-brasileira) de futebol e até o presidente da Federação comportaram-se da mesma o que forma que ao longo de todo o torneio, de forma rasca. Aproveitaram-se de uma vitória magra sobre uma equipa débil e enfraquecida com a ausência de cinco dos seus melhores jogadores para se armarem em heróis e criticar de forma pouco própria os que com razão os criticaram, o guarda-redes referiu-se mesmo a alguns portugueses como abutres. A verdade é que a equipa fez uma figura triste ao longo do torneio, jogou mal, falhou quase todas as oportunidades de golo e deixou uma má imagem.
Jumento, O Jumento
Grandes entusiastas de Portugal, das notícias e novidades de Portugal, sessenta bósnios não resistiram a exemplificar graficamente o comportamento que alguns políticos portugueses têm adoptado para com o seu próprio povo, enquanto o esmifram, lhe mentem e roubam: cuspiram e insultaram os nossos jogadores da Selecção A. Os bósnios são sensíveis à lógica «dos nossos» que pauta toda a actuação de este PS e de algum PSD frouxo. Gostam de seguir bons exemplos de decência e ética republicana: corrupção praticada e apadrinhada ao mais alto nível. Hegemonia mediática através da repressão do pluralismo incómodo; gosto pelo pensamento único através o controlo editorial nos jornais e nas TVs, apoio selectivo ao «amigo Joaquim» grande detentor da linha editorial que interessa ao Poder Absoluto — tudo isto por parte do partido governamental e com dinheiros do Estado. Tráfico de influências! O Estado de Direito no seu melhor. Admirável! Os jogadores portugueses já se sentem melhor e ainda mais motivados. Os bósnios também. Tiraram a barrida de misérias e logo com aquela barrigada de riso que «os nossos» nunca deixam de ostentar.
Joshua, PALAVROSSAVRVS REX
Também tu, meu filho Figo? Porra, Figo! Nunca esperei uma coisa destas da tua parte. Conheci-te miúdo no Sporting, fizeste uma carreira grandiosa, ganhaste os milhões suficientes para sustentar os teus netos, bisnetos e trinetos. Tens uma fortuna incalculável. Ainda recebes bom dinheiro do Inter de Milão e da Federação Portuguesa de Futebol e não contente com tanta mordomia e grandeza milionária foste sujar o teu prestígio e a tua dignidade com a nódoa mais negra da tua vida. Querias apoiar o Partido Socialista? Muito bem, tens todo o direito e és um cidadão livre. Agora, aceitares dinheiro do povo para dares a cara por José Sócrates é um acto baixo e porco de uma pessoa como tu que em nada necessitava de uma merda de 75 mil euros pertencentes a uma empresa pública. Tu, o Armando Vara, o José Sócrates e o administrador da empresa do Estado que te passou o cheque só mereciam uma coisa: participarem num jogo de futebol todos nus para que o pagode também pudesse gozar o panorama, especialmente os fãs do sexo feminino... PS - Devolve já o dinheiro e pede desculpa aos portugueses, que ainda te admiram pelo que deste ao futebol.
João Severino, Pau Para Toda a Obra
Lá se voltou a falar do que sente Cavaco – e lá veio Cavaco desmentir. As fontes de Belém, afinal, não secaram. O que ninguém me diz, o que parece ter caído de vez no esquecimento da agenda dos jornais, é por onde anda Fernando Lima. Está com Cavaco Silva? Faz o quê? Está a escrever outro livro? Voltou ao Diário de Notícias? Ninguém quer saber? Já não tem telemóvel? Sobre ele caiu aquele manto da invisibilidade que tanto jeito deu no começo da saga Harry Potter. Não surpreende que a memória me devolva histórias de feitiços e aprendizes de feiticeiros – talvez porque, neste caso, os feitiços se têm virado quase sempre contra os feiticeiros. Quem escuta e quem é escutado, quem é negligenciado e quem negligencia, parece uma brincadeira de crianças. Em lugares muito sérios. Ando a reler Victor Cunha Rego n’Os Dias de Amanhã e sorrio quando descubro a expressão que usou para denominar um “centrão” que não se entende mas também não se consegue libertar. Era o tempo de Guterres e de um PSD aos papéis, e ele chamou-lhe “O pudim central”. Como noutro momento, e sobre Cavaco, deixou esta ideia tão actual: “O silêncio não é a encenação. É o embaraço”. A falta que Cunha Rego nos faz todos os dias num bom jornal.
Pedro Rolo Duarte, Pedro Rolo Duarte
Acompanho familiar às urgências, com suspeita de AVC. Dois psiquiatras observam-no, recolhem informações sobre o seu historial clínico e medicamentos que anda a tomar, que registam em computador. A seguir passam-no para os colegas de Medicina Geral que, apesar de terem recebido o processo daquele doente por via informática, me fazem as mesmas perguntas. Decidem interná-lo. No dia seguinte, já na enfermaria, procuro falar com um dos médicos que aproveita para me perguntar que outras doenças é que aquele doente tem e que medicamentos anda a tomar. A evidente falta de partilha de informação entre médicos e serviços começa a preocupar-me pois sei que há medicamentos que o meu familiar, em caso algum, deve suspender. Revelo essa preocupação, mas a jovem médica que me ouve, sossega-me: Traga-os. Se possível ainda hoje ele retoma essa medicação. No dia seguinte constato através dos enfermeiros que afinal os medicamentos em causa ainda não foram administrados. Peço para falar com a chefe da equipa. Muita simpática, ela começa a dar-me informação acerca da evolução do doente, mas já que está a falar comigo aproveita e pergunta-me: Por acaso sabe que outras doenças é que ele tem e que medicamentos andava a tomar?
Teresa Ribeiro, Delito de Opinião
1. Há pessoas em Portugal que defendem que o casamento entre homossexuais deveria ser referendado.
2. Em Portugal, a lei dos referendos permite que se realizem referendos por iniciativa popular, até um máximo de três perguntas de cada vez, bastando apresentar uma petição com setenta mil assinaturas na Assembleia da República.
Logo, não consigo perceber o drama. Se fazem tanta questão, toca de comprar uns packs de canetas bic, imprimir umas grelhas e ir para o Rossio confraternizar com o povo que está mortinho por se pronunciar sobre o tema. Agora debater sobre se se deve ou não referendar é estúpido. Daqui a nada fazem um referendo ao referendo.
Tiago Moreira Ramalho, Corta-Fitas
O Gaspar contou-me que um dia destes bateram-lhe à porta, foi abrir, e era um senhor que lhe disse assim:
- Bom dia. É o sr. Gaspar?
- Sim, sou eu.
- Desculpe vir aqui a sua casa, mas há um problema... É que o seu cão enrgavidou a minha cadela e acontece que eu tive que comprar a pílula do dia seguinte para ela. Foram 80 euros e vinha pedir que me devolva o dinheiro uma vez que o seu cão é o responsável pelo sucedido.
Pergunto? E vocês, o que é que fariam nesta situação?
a) Pediam o teste de ADN que se confirmasse a paternidade do Ricky? Sim, como é que prova que o filho era do meu cão? Inda para mais toda a gente sabe que a sua cadela é muito promíscua...
b)Alegavam que foi a cadela que se meteu com o cão e não o contrário. Optando por esta hipótese é possível engatilhar o discurso para virar o feitiço contra o feiticeiro, tipo: «sempre eduquei o meu cão nos mais sólidos valores e princípios morais entre os quais figura, desatacado, o valor da castidade. Ora tendo em conta o baixo nível moral da sua cadela que desviou inviamente o meu cão para o caminho da perdição, sou eu que lhe exijo uma reparação devida pela perda da virgindade do animal»
b) Não podia ser o meu cão. O meu cão é paneleiro.
d) Outras...
A AT, Tapornumporco
Portugal devia ter mais um record no Guiness. O do país com o maior número de records parvos.
João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária
Caro Leocardo
ResponderEliminarRegisto que continua a dar estaque ao meu blogue. Só posso agradecer-lhe. Abraço