quarta-feira, 24 de junho de 2009

Cuida-te, jovem


Finalmente uma boa ideia do Instituto Português da Juventude (IPJ), o programa "Cuida-te", que passa por instalar unidades móveis junto de escolas e discotecas para, entre outras coisas, distribuir preservativos e fazer o rastreio do HIV entre jovens. Uma ideia digna de um país desenvolvido, que só não é original porque já é aplicada noutros países. Confesso que até fiquei surpreendido com tanta modernidade. Só que o programa está a gerar polémica, como não podia deixar de ser num país populado por gente bacoca e retrógrada.

Primeiro os cabeçudos dos juristas dizem que isto é "uma ingerência" no exercício do poder paternal, uma vez que os jovens com menos de 16 anos não têm autoridade para realizar um teste da SIDA por vontade própria. Depois porque os jovens "podem não estar preparados para receber uma má notícia". O princípio que aqui subjaz é que um jovem que desconfie que pode estar infectado com o vírus do HIV ou outra doença sexualmente transmissível pode ficar completamente surpreendido pela notícia, apesar de ter assumido comportamentos de risco. Depois porque a distribuição de preservativos "tem que ser bem pensada". Esta deve ser a contribuição da Igreja para esta salganhada toda. Aliás, nesta autêntica salada russa, todos contribuem com a sua posta de pescada: pais, professores, psicólogos, etc.

Primeiro é um facto que os jovens, cada vez mais curiosos, iniciam a sua vida sexual cada vez mais cedo. Prova disso são é o aumento dos números da gravidez na adolescência e até mesmo os abortos. Segundo nenhum jovem de 13 ou 14 anos (especialmente do sexo feminino) no seu perfeito juízo vai procurar aconselhamento deste tipo junto dos pais. No mínimo arrisca-se a levar uma galheta. Os testes não são obrigatórios, não vão ser feitos nas escolas, nem o programa conta com a participação do Ministério da Educação. Claro que os postos vão funcionar perto de escolas e discotecas, onde se encontram jovens. Não faziam sentido que funcionassem junto de lares da terceira idade (e mesmo assim ia cair o Carmo e a Trindade, acreditem).

São os jovens que procuram esses postos voluntariamente, e parece-me interessante que possam adquirir preservativos, se estiverem interessados, noutro sítio que não a farmácia da esquina, onde a mãe vai comprar calicidas e remédios para a prisão de ventre. Então qual é o problema? Deixem-se de parvoíces. Os jovens são pessoas como quaisquer outras, e estão sujeitos praticamente aos mesmos perigos que os adultos. Vamos lá deixar de os tratar como atrasadinhos mentais.

3 comentários:

  1. Uma excelente ideia para se desenvolver em Macau...algo a pensar....

    ResponderEliminar
  2. Acerca disto, tenho uma opinião diferente do Leocardo.

    Penso que em relação à distribuição de preservativos, tudo bem, parece-me uma ideia louvável (até porque eles não são assim tão baratos).

    Já em relação aos testes de HIV, discordo. Temos de admitir que os jovens de 13/14/15 anos podem não ser atrasados mentais, claro que não são, mas também não têm uma estrutura psicológica sólida e sobretudo não são responsáveis. Por algum motivo, a idade de maioridade é 18 anos.
    Assim sendo, não me parece nada sensato andar aí a fazer testes de HIV à toa a qualquer criança que aparece.

    Quando o Leocardo coloca a questão:
    "O princípio que aqui subjaz é que um jovem que desconfie que pode estar infectado com o vírus do HIV ou outra doença sexualmente transmissível pode ficar completamente surpreendido pela notícia, apesar de ter assumido comportamentos de risco."
    Eu diria que a maioria dos jovens que fosse fazer o teste não seria de certeza por desconfiarem possuírem a doença, mas sim por insistência de terceiros, por simples curiosidade ou por outros motivos fúteis. E se se lhes dissesse ali na hora, com os amigos todos ali também: "Hmm, tu.. tu tens sida.." Acho que seria um enorme choque para o jovem.

    Para finalizar, acho que se deve incentivar muitos os jovens que se descuidaram nalguma relação a fazer os testes, mas tudo isto é preciso ser feito algum bom-senso.

    Em relação a isto:
    "Segundo nenhum jovem de 13 ou 14 anos (especialmente do sexo feminino) no seu perfeito juízo vai procurar aconselhamento deste tipo junto dos pais. No mínimo arrisca-se a levar uma galheta."
    Se assim é, é lamentável.

    ResponderEliminar
  3. E uma verdade o que o Paulo39 diz, pode ser um enorme choque para a um jovem ao receber a noticia, no entanto, um teste rapido de VIH requere ou deveria requerer diversos requisitos. 1. perceber porque e que o jovem pretende fazer o teste, qual foi o comportamente de risco. 2. proceder ao devido aconselhamento antes de fazer o teste, 3. Apos o teste proceder novamente ao devido aconselhamente ou encaminhamento e seguimento.

    No caso de se verificar que o jovem nao tem necessidade de fazer o teste de VIH, proceder a mesma ao aconselhamento devido, como evitar, etc, etc

    Depois este teste deve ser feito na companhia de pessoas especializadas ou tecnicos, tais como, enfermeiros, assistente sociais ou psiquiatras.

    Segundo um estudo que nunca foi colocado a circular, feito pelo CDC de Macau, o conhecimento dos jovens de Macau acerca do VIH e tao grande que ate tiveram vergonha de o publicar....posso dizer que existe imensos jovens a terem relacao anal pensando que os protege!!! e porque assim nao engravidam!!!

    Portanto, se os jovens pretenderem fazer o teste por motivos futeis, etc...atraves do assessement, seriam identificados e informados que nao estavam dentro dos requisitos para fazer o teste e que teriam que seguir os padroes normais.

    No caso de existir comportamento de risco, que atraves do assessement e da conversa com o cliente, existe uma enorme possibilidade de ser verdade, entao, acho que se deveria fazer o teste, pois corre-se o risco de deste jovem continuar a ter comportamentos de risco.

    E claro que tem que existir bom senso, e mais importante, essas pessoas ou instituicoes nao estarem sujeitas a pressoes de estatisticas, etc....se nao...e a caca as bruxas!!!

    ResponderEliminar