quarta-feira, 24 de junho de 2009
Civismo, e a falta dele
Por vezes deparamo-nos com comportamentos e hábitos muito diferentes dos nossos e daqueles com que escolhemos conviver no nosso dia-a-dia. O civismo, ou a falta dele, não é exclusivo de uma nacionalidade ou etnia. Numa cidade tão heterogénea como Macau, podemos encontrar porcalhões de todas as origens, raças e credos. O pior é que ao fim de um tempo, começamos a deixar de nos importar com certas atitudes, ou pior, começamos a adquirir alguns hábitos estranhos, como cuspir os ossos da galinha em cima da mesa ou arrotar sonoramente em público. No entanto, gostava de deixar umas recomendações em forma de itens numerados de modo a facilitar a consulta, de uma meia dúzia de coisas que ainda não consigo ultrapassar:
- Não interessa se você é velho ou pobre. Isso não lhe dá o direito de carregar carrinhos de cartão no meio da rua ou ocupando o passeio todo, nem de vasculhar nas latas do lixo deitando a porcaria toda no chão.
- Por falar em cartão, era muito simpático que recolhessem as caixas de cartão dos supermercados o mais tarde possível, e não a qualquer hora do dia, muitas vezes deixando a carrinha a barrar a porta, ou incomodando os clientes.
- Por falar em lixo, bem sei que com o calor que se faz sentir seja quase impossível aproximar-se dos latões, devido ao desagradável cheiro. Contudo, pense um pouco nos outros, e tente acomodar os dejectos dentro dos latões, em vez de os atirar a cinco metros ou mais de distância. Se as gentes de Macau fossem conhecidas pela pontaria, tinhamos uma boa equipa de basquetebol. O que não é o caso.
- Ainda quanto ao lixo. De modo a evitar alguns nauseabundos cheiros, era bom que acomodassem os líquidos e os restos de comida em pequenos sacos de plástico devidamente fechados, em vez de os misturar com o outro lixo. Isto talvez possa parecer uma novidade, mas o cartão e o papel absorvem o líquido, deixando entranhado o cheiro!
- O uso da máscara é uma excelente ideia, em tempos de pandemia de gripe. No entanto era bom que as dispusessem no primeiro caixote do lixo que encontrassem à saída do hospital ou do centro de saúde, e não no chão. Deve existir pelo menos um desses caixotes do lixo num raio de 200 metros.
- Quando apanha o autocarro, e este já se encontra lotado, não adianta empurrar para entrar primeiro. Vai ficar de pé na mesma, e irrita os restantes passageiros que querem entrar e estavam à espera há mais tempo.
- Ainda no autocarro, dê o lugar aos passageiros idosos, grávidas, deficientes ou com crianças ao colo. Existem quatro lugares destinados a estes passageiros, devidamente sinalizados. Esses sinais não são uma brincadeira. Existe uma lei que obriga os passageiros válidos e ceder o lugar a esses passageiros.
- Ao conduzir, não fale no telemóvel. Não só se sujeita a multa, como ainda é perigoso. Macau é pequeno, e seja o que for que tem que dizer, pode esperar mais uns dez minutos.
- Ainda quanto ao telemóvel, não segure a porta do elevador onde vai entrar "porque está a acabar de fazer uma chamada importante". É importante para si, e não para as restantes pessoas que estão no elevador e querem ir à sua vida. Ligue mais tarde.
- Por falar em elevador, não empurre para sair caso esteja num elevador cheio, ou num daqueles que fez uma paragem mais rápida que o normal. A sua vida vale tanto quanto a das outras pessoas.
- Se não estiver a chover, não abra o guarda-chuva na rua para fazer de guarda-sol. Já várias vezes ia tendo um olho arrancado pelos varões (sim, sou um gajo alto). Opte por um boné ou um sempre estético chapéu de palha.
- Preste atenção quando anda na rua. Olhe para a frente, não mande mensagens no telemóvel enquanto anda, e não ande de dedo espetado na rua enquanto conversa com um amigo ou amiga.
São pequenos conselhos que nos podem ajudar a viver melhor, e com menos stress. Tenho a certeza que os leitores deparam-se com muitos outros nas suas lides diárias. Mas muitas vezes, ou por esquecimento ou por egoísmo caimos na tentação de irritar o vizinho do lado com a busca do nosso próprio espaço. Se todos ajudarmos um bocadinho, podemos tornar Macau uma cidade melhor para viver.
Parabéns, Leocardo
ResponderEliminarSó mais estas duas:
Não ande a olhar para o lado, pois pode bater numa pessoa.
Deixe primeiro sair as pessoas do elevador e depois entre.
(ajudarmos em vez de ajudar-mos)
ResponderEliminarInfelizmente, a falta de civismo ou a má-criação, como queiram chamar-lhe, anda aí..
Não tinha sido má ideia ter escrito este post em chinês...
ResponderEliminarEm português também serve.
ResponderEliminarHá uns dias entrei num autocarro e, quando ia para me sentar, reparei numa grávida que tinha entrado depois de mim (e que não tinha visto na paragem). Entre mim e ela estava uma miúda de uns 13, 14 anos, aluna da Escola Portuguesa, de farda. Eu deixei o único lugar vago que havia para a grávida, uma coisa que me parece muito elementar. A miúda não perdeu tempo: sentou-se e o autocarro arrancou com a grávida (muito grávida) de pé, em frente à jovem. Disse à míuda - não queres dar o lugar a esta senhora, que está grávida? Resposta - O que tens a ver com isso???
Anónimo das 14:53 - Talvez com a excepção do cartão (ainda não vi nenhum português a apanhar cartão, pelo menos por enquanto), o resto aplica-se a qualquer nacionalidade.
ResponderEliminarAnónimo das 18:18 - Eu agarrava-a pelos cabelos e atirava-a de cabeça contra o vidro do autocarro.
Cumprimentos.
Em acordo com o anónino das 14:53 parece-me que as "recomendações" deviam ter sido escritas em chinês.
ResponderEliminarRealmente, nos casos de que fala, em português serve muito bem. Reli melhor e não fala de escarradelas em qualquer lugar (até dentro dos elevadores) e de lixo atirado pela janela. Aí sim, tinha de ser em chinês.
ResponderEliminar" Anónimo das 18:18 - Eu agarrava-a pelos cabelos e atirava-a de cabeça contra o vidro do autocarro."
ResponderEliminarJá viu o que escreveu? Uma miúda de 13/14 anos!
Andam para aí uns problemas não resolvidos...
"Disse à míuda - não queres dar o lugar a esta senhora, que está grávida? Resposta - O que tens a ver com isso???"
ResponderEliminarExactamente. Parece que a via do diálogo foi esgotada.
Cumprimentos.
É o excesso de proteccionismo de gente como o anónimo das 10:22 que faz com que a juventude de hoje seja o que é. Para levar uma boa bofetada é muito nova, coitadinha, mas pelos vistos para ser mal educada ao ponto que o foi já tem idade que chegue. Enquanto houver tanta gente incoerente no que toca aos direitos e deveres dos adolescentes, estes casos vão-se multiplicar.
ResponderEliminarAo Educacao à antiga:
ResponderEliminarUma bofetada? Mas quem é que falou em bofetada?
A ver se lhe lembro:
"Anónimo das 18:18 - Eu agarrava-a pelos cabelos e atirava-a de cabeça contra o vidro do autocarro."
Isto é uma bofetada ou um filme do Chuck Norris?
Não consegue distinguir?
Agarrá-la pelos cabelos e atirá-la de cabeça contra o vidro do autocarro não chega sequer a ser uma bofetada. A minha intenção era levantá-la do lugar para que a senhora grávida se sentasse. Infelizmente, a rapariga escapou-me das mãos e estatelou-se contra o vidro. Este, pelo menos, seria o meu depoimento na polícia. Também deixaria claro que a rapariga nos tinha insultado no seu melhor português a mim, à grávida e até aos outros passageiros, chamando os piores nomes possíveis, a nós e às nossas mães. Os outros passageiros só não reagiram porque não percebiam português. Macau tem as suas vantagens.
ResponderEliminarPois...
ResponderEliminarMuito edificante.
Parece-me que estamos em presença de um espécime típico da fauna de Macau: o " radicado chapado " ou seja, um português de Portugal radicado há alguns anos em Macau, e que começou a pouco e pouco a embirrar com os compatriotas do rectângulo.
Reage pavlovianamente com estímulos como: miuda de 13/14 anos da Escola Portuguesa.
E talvez também estejamos em presença de um pai de aluno/a da Escola Portuguesa que não sabe dar educação ao/à seu/sua filho/a e que se limita a defender o indefensável.
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