sexta-feira, 27 de março de 2009
Discutir o papel, parte MCXIV
Ontem foi dia de discussão no Clube Militar. Mais um capítulo nesse grande falatório sobre o papel da comunidade lusa no território. Em cima da mesa estiveram a língua (a portuguesa, não falo do jantar), a participação política e cívica da comunidade portuguesa, sempre sobre a batuta do "somos muito poucos e pequeninos". As personalidades convidadas foram as mesmas. São sempre as mesmas. Nem uma lufada de ar fresco. Destaque para o regresso de Carlos Morais José às lides tertulianas do território, vindo fresquinho da Agência Lusa em Lisboa (welcome back, Kemo Sabe). É para ficar?
Leonel Alves, o macaense mais próximo das comunidades portuguesa e chinesa, bem como da cúpula do poder (um génio da diplomacia), apelou mais uma vez à importância da participação portuguesa nas próximas eleições, com o risco de ver a sua influência cada vez mais esbatida. A ausência de uma lista assim significa o fim, o desinteresse total do pouco que resta da nossa comunidade. As soluções passam por duas vias: a participação de uma lista única abrangente de todos os interesses, e o a cisão em duas listas. A primeira hipótese afigura-se quase impossível, tal é o choque de egos. A segunda terá resultados semelhantes aos de há quatro anos: o relativo sucesso da primeira lista e o naufrágio eleitoral da segunda.
Pereira Coutinho, sempre pragmático e directo, fala da teoria da conspiração ("tenho cara de chinês, eu?"). A tal "lista com sabor macaense" é um estratagema para tirar votos à sua lista. A lista única teria de ser "a mando" de JPC, já que o líder da ATFPM obteve quase 10 mil votos nas últimas eleições, enquanto a Macau Sempre obteve uns míseros novecentos. É preciso nunca esquecer que o sucesso da lista de JPC deve-se à "máquina" da ATFPM. É demagogia pensar que esta é uma lista que representa a comunidade portuguesa. Representa os funcionários públicos e admiradores de Coutinho, isso sim. Não é preciso ser um génio para prever o que vai acontecer com Coutinho e Macau Sempre a concorrerem separados às eleições de Setembro. O primeiro elege um ou dois deputados, e a Macau Sempre ficará muito longe de eleger um. O único ressentimento será se JPC ficar a meia dúzia de centenas de votos do segundo deputado.
Uma frase de Coutinho chamou-me a atenção: "os portugueses votam Pereira Coutinho ou Ng Kwok Cheong". Na mouche, meu caro. Eu próprio não me identifico nem com Macau Sempre nem com a lista da ATFPM. E como não me revejo em operários, kai-fong, empresários e casineiros, as escolhas não são muitas. Acredito sim em deixar a política para os políticos, os negócios para os empresários e os chás-gordos para os fidalgos. Talvez o grosso da comunidade portuguesa se revesse numa lista que lhes garantisse a renovação dos contratos, a valorização da pataca em relação ao euro, e descontos nas passagens aéreas para Lisboa. Quanto a essa mais que gasta léria da "união da comunidade", não me venham mais com essas tretas. Já começa a enjoar. Perdoem-me lá o cepticismo...
É bom discutir, nem que seja a parte MCXIV. É sempre melhor do que ficar afundado no sofá depois de um diazinho no empregozinho à espera de mais um diazinho de receber a pataquinha.
ResponderEliminarOs debates são como os blogues: há uns melhores do que outros, e há sempre a liberdade de não pôr lá os pés, como há a liberdade de se abrir e fechar uma janela virtual. Tal como se louva a pluralidade de ideias online, que se louve a vontade de alguns em discutirem com interlocutores visíveis e reais.
Vivendo em Macau já fez 45 anos sempre pouco me envolvi nos debates sobre Macau e nunca fiz parte de alguma Associação de portugueses em Macau.
ResponderEliminarPorém acho de louvar estas iniciativas e não sejam sempre as mesmas caras a aparecem nos noticiários e nos ecrans das tvs.
O Clube Militar para mim, tenho dele algumas péssimas recordações, pois quando pertencia aos quadros do Exercito não me era premitida a entrada lá, por ser apenas Sargento e o Clube ser somente para Oficiais, ou pessoas da alta.
Entrei lá uma vez após 1999, só em termos de curiosidade.
Macau nunca teve uma Associação que reunisse a maioria dos portugueses e é pena, mas é bom se frisar que a maioria dos portugueses, passavam somente por Macau, em comissões de serviço o resto não lhe interessava.
Muitos dos portugueses radicados em Macau, tal como eu, são totalmente esquecido por aqueles que se dizxem representantes da comunidade portuguesa, isto é uma realidade nua e crua, mas em politica é assim já.
Discutam e olhem para aqueles que deram à luz a maoria dos portugueses que vivem em Macau, refiro-me aos Portugueses nascidos em Macau, a quem por vezes a imprensa classifica de macaenses e aos outros de portugueses, como se os Macaenses, não fossem portugueses, discutam pois, pois terão muito tempo livre para o fazerem.
Saudações Alentejas.
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ResponderEliminarNuno,
ResponderEliminarOu o Leo esteve lá ou "roubou" a foto e não identificou os créditos...
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ResponderEliminarCaro Leocardo,
ResponderEliminarA frase "os portugueses votam Pereira Coutinho ou Ng Kwok Cheong" foi proferida numa intervenção de um dos elementos da plateia e o PC repetiu-a às câmaras da TV sem pagar os direitos de autor, ahah.
Um abraço!
A questão é: de que portugueses falam eles? Dos que também não são «filhos da terra»?
ResponderEliminarO Leonel Alves é português (Ponto de interrogação circunflexo)
ResponderEliminarTem passaporte da RP, como outros milhentos, e fala portugues! Eventualmente, lusodescendente! So rir.
ResponderEliminarAinda melhor q ter pssasporte RP é o mm ser da EU! E tem 27 estrelas, pelo menos e por ora!!!
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