quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Jogo é a terceira causa de violência doméstica em Macau
O crescimento do mercado dos casinos tem contribuído para o aumento dos casos de violência doméstica. A patologia do jogo começa agora também a afectar as mulheres e é a terceira causa para os distúrbios familiares. Os dados foram avançados pela Associação Geral das Mulheres de Macau que pede ao Governo que trave a abertura de casinos junto das zonas residenciais e que crie mais centros terapêuticos.
A dinâmica dos casais com incidentes de violência doméstica alterou-se nos últimos anos. Se no passado o comportamento agressivo partia do homem, na maioria das vezes viciado em jogo, no último ano registaram-se vários casos de mulheres com igual diagnóstico. A alteração foi notada por uma das coordenadoras da Associação Geral das Mulheres (AGM), Ieong Shu Yin, responsável pelo gabinete que lida com os efeitos sociais do jogo.
Em entrevista ao jornal Va Kio, na edição de ontem, Ieong Shu Yin explicou que o desenvolvimento do vício do jogo nas mulheres é mais moroso e está relacionado com a pressão social que sentem: a entrada no casino é vista como um escape aos problemas do quotidiano. Acresce o facto de o jogo ser visto na sociedade ainda como uma forma de entretenimento saudável e de os casinos continuarem a florescer junto das zonas residenciais. A proximidade com as salas de jogo, destaca Ieong Shu Yin, é um forte atractivo para os cidadãos e dificulta o tratamento dos jogadores crónicos.
A AGM conta já com um departamento que acolhe os casais com problemas relacionados com os casinos. A associação tenta traçar o diagnóstico do doente e encaminha-o depois para uma instituição profissional para se dar inicio às sessões de terapia. Porém, sublinha Ieong Shu Yin, os centros de tratamento não são suficientes e é preciso que o Executivo reforce o trabalho dos centros de apoio psicológico. A coordenador pede ainda que sejam criados mais espaços sociais onde as famílias possam desenvolver actividades em conjunto. A medida, entende, iria contribuir para que se deixasse de ver o jogo como a única actividade de lazer.
Apesar do jogo não ser a única causa para a violência doméstica, o vício, observa Ieong, bloqueia o diálogo entre os casais e conduz a comportamentos chauvinistas, relações extra-conjugais, má educação para os filhos e problemas económicos. A coordenadora destaca que a agressividade entre o casal nem sempre resulta em divórcio o que, defende, exige que o Governo dê mais atenção às famílias.
In Ponto Final
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