sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Os blogues dos outros


Depois de muitos anos a viver com a censura na Internet aqui, fiquei finalmente a saber que há softwares (pagos) que acabam com este problema. E não tenho mais que depender das páginas para navegar anonimamente ou andar sempre à procura de soluções para poder ver páginas tão simples como o Twitter.com/beijingair. Um email dos Repórteres Sem Fronteiras avisa que uma página twitter sobre os 20 anos da queda do muro de Berlim foi bloqueada na China. Mas não entendo a supresa... é o acesso ao twitter em si mesmo que está bloquedo. Notícia RSF. Valha-me saber que me livrei disto de andar censurada.

Maria João Belchior, China em Reportagem

Preste atenção a esta interessante pesquisa de um estagiário de Matemática.
Quando um mendigo lhe aparece a estender a mão para lhe pedir uma esmola, vamos dar como exemplo: quando o seu carro está parado num sinal de trânsito! Este sinal muda de estado em média a cada 30 segundos (trinta segundos no vermelho e trinta no verde).Então, em cada minuto, um mendigo tem 30 segundos para faturar pelo menos € 0,10, o que numa hora dará: 60 x 0,10 = € 6,00. Se ele “trabalhar” 8 horas por dia, 25 dias por mês, num mês terá facturado: 25 x 8 x 6 = € 1.200,00. Ok! 6 euros por hora, é uma conta bastante razoável para quem está no sinal, uma vez que, quem doa, nunca dá somente 10 cêntimos e sim 20, 50 e às vezes até € 1,00. Mas, tudo bem, se ele facturar metade: € 3,00 por hora terá € 600,00 no final do mês, que é o salário de um estagiário com uma carga horária de 35 horas semanais ou 7 horas por dia. Ainda assim, quando ele consegue uma moeda de € 1,00 (o que não é raro), ele pode descansar tranquilo debaixo de uma árvore por mais 9 mudanças do sinal de trânsito, sem que nenhum chefe lhe moa o juízo por causa disso. Mas considerando que isto é apenas uma teoria, vamos ao mundo real e… material: Na posse destes dados, fui entrevistar uma mulher que pede esmola, e que sempre a vejo trocar os seus rendimentos na Panetiere (uma padaria em frente ao CEFET). Então perguntei-lhe quanto ela facturava por dia. Sabem o que ela respondeu? É isso mesmo, ganha entre 35 a 40 euros em média, o que dá (25 dias por mês) x 35 = 875 ou 25 x 40 = 1000, então dá € 937,50/mês e ela disse que não mendiga as 8 horas por dia. Moral da História :
É melhor ser mendigo do que estagiário (e muito menos PROFESSOR), e pelo vistos, ser estagiário e professor, é pior que ser Mendigo... Esforce-se como mendigo e ganhe mais do que um estagiário ou um professor. Estude a vida apenas para se valorizar perante si próprio, mas… não esqueça, peça esmolas; é mais fácil e melhor que arranjar um emprego. Lembre-se ainda de outra vantagem: um Mendigo não paga 1/3 do que ganha para sustentar um bando de ladrões “autorizados”. E esta, hein?


Irene Abreu, Valium 50

Em Macau não há lugares para estacionar. Ou por outra, haver há; mas em todos campeia essa coisa a que se convencionou chamar parquímetros – inclusive nas zonas residenciais. E os parquímetros estão limitados a 2 (alguns a 5) horas de utilização de cada vez. Excepto entre as 22 da noite e as 9 da matina. E há ainda um assíduo e pontual polícia que deve dormir encostado ao parquímetro, pois consegue multar carros às 9.08 da manhã. Se fosse desconfiado, até diria que há comissão na coima. Mas não, talvez se trate apenas de zelo profissional. Isso e muito tempo livre. Ou então é meu vizinho e já lhe fiz alguma.

VICI, MACA(U)quices

As Nações Unidas arrecadam mais uma derrota política e institucional nesta caminhada para a irrelevância que se acentuou no magistério do asiático Ban Ki-moon. Alvo de um ataque mortífero dos talibans em Cabul, a ONU recua em debandada. E fá-lo, sem tirar as devidas ilacções: que o governo do Presidente Karzai não é capaz de assegurar as condições de segurança que faziam parte das condições necessárias à missão de manutenção de paz da ONU. Esse falhanço deve-se à incompetência, laxismo e conivência com a corrupção do colorido presidente do Afeganistão. Mas deve-se à incompetência pessoal de Kai Eide, o emissário especial, que foi cúmplice de uma escandalosa fraude eleitoral, bem como à prostra''cão do Secretário-Geral da ONU que tem sido inábel para tomar a decisão que se impõe: a retirada da confiança política a Kai Eide. A partir de agora todos os bandidos, terroristas, narcotraficantes e poderes párias podem mandar pelos ares as delegações e equipas, das agências das Nações Unidas, por esse mundo porque elas representam uma organização sem autoridade, sem prestígio, sem poderes de actuação. Mais uma pazada de cinzas para esta cova a céu aberto. Quase dá vontade de dizer que se calhar o melhor é deixarmos o Afeganistão entregue ao Presidente Karzai. Em seis meses os taliban estarão em Cabul e o problema fica arrumado. O preço em perda de vidas humanas e milhares de dólares em ajuda humanitária e apoio político que tem sido canalizado para Karzai é imenso e, como se mete pelos olhos de todos: inútil e ineficaz. O problema são os pobres afegãos que nada fizeram para merecer serem governados por este traste e esta camarilha. A vitória dos talibans é a meu ver cada vez mais inevitável.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

Ainda me lembro de algumas truculentas declarações de Jesus, enquanto treinador do Braga e imbuído no espírito do Salvador, nos jogos com o Benfica. Hoje “é” um benfiquista dos setes costados. A atitude provocatória para com o “vintém” Manuel Machado, de facto, foi indigna, foi de baixo nível, mas, acima de tudo, foi de falta de respeito pelo Benfica, pois o clube foi usado por Jesus em questiúnculas pessoais. No entanto, daí à polémica que se ouve e lê, vinda particularmente de comentadores e adeptos dos clubes adversários, parece-me que vai um despropositado exagero.

Pseudo-Livreiro, A Leste da Solum

Hoje, na conversa de café, veio à baila o Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda. Fomos elucidados de duas coisas. A primeira, que Louça é brasonado, descendente directo dos monárquicos Távoras, que foram tão maltratados pelo Marquês de Pombal. A segunda, que o líder bloquista foi um barra no 7º ano do liceu. Um super quadro de honra porque obteve 20 valores em todas as disciplinas, o que motivou a sua distinção através de um prémio concedido pelas autoridades do Estado Novo.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Tenho muita dificuldade em aceitar que o conceito de “casamento”, que define uma vetusta instituição (actualmente fragilizada, eu sei, e muito por causa da desconsideração com que tem sido tratada), seja hoje corrompido pela intenção de que este abarque a relação homossexual que, sendo respeitável, não deixa de ser de natureza diversa. Eu temo que a soma duma precipitada revolução demográfica e de costumes perpetrada tão abrupta e radicalmente no ocidente, acabe por debilitar irremediavelmente o tecido social, de espalhar muita inadaptação e dor em muitas existências anónimas. Falo por exemplo do paradigma cada vez mais comum dos filhos únicos de famílias desmanchadas e perdidas nos grandes subúrbios por conta da prenunciada extinção das pequenas comunidades provincianas, e do modelo de família sólido e literalmente fecundo que estruturou a sociedade durante séculos, e de que eu privilegiadamente ainda usufruí. Extintas tais realidades, não haverá Estado que substitua essas redes de afecto, solidariedade e pertença. E suspeito que não serão os “Facebooks” da vida a colmatar os vazios deixados por tão profunda revolução.

João Távora, Corta-Fitas

Os bispos entraram em febre referendária que alastra de forma epidémica aos padres e seus assalariados que descobriram agora as delícias da participação popular. Não vou acusar os actuais bispos da cumplicidade com a ditadura salazarista, um delito dos antecessores, mas é bom lembrar-lhes que o divórcio, por exemplo, é hoje um direito dos cidadãos que foi conquistado contra a vontade do clero e a exigência de uma Concordata que o Vaticano negociou com Portugal e vários outros Estados fascistas. Em matéria de direitos individuais talvez valha a pena dizer que a liberdade religiosa só foi reconhecida pelo Concílio Vaticano II e que vem incomodando o actual pontífice. Voltemos à febre referendária que agita as mitras e faz tremer os báculos: os direitos individuais não se referendam. Entendem os senhores bispos que deve ser submetida a referendo a possibilidade de ser budista, adventista do 7.º dia ou Testemunha de Jeová? Além de o referendo ter demonstrado que não interessa ao eleitorado, há o direito de pôr em causa a legitimidade representativa da Assembleia da República, legitimidade que os bispos da ditadura não contestaram em mais de quatro décadas de partido único? Acresce que os partidos disseram durante a campanha eleitoral qual era a posição sobre os casamentos homossexuais e até houve partidos que se comprometeram a viabilizá-los. Foram esses programas que os portugueses sufragaram e cujo cumprimento cabe aos partidos honrar. O casamento gay é um direito de uma minoria discriminada injustamente, não é uma decisão a que alguém se sinta obrigado.

Carlos Esperança, Diário Ateísta

O PCP deve ser o único partido comunista num regime pluripartidário a assinalar, duas décadas após a queda do Muro de Berlim, que «em todo o mundo, milhões de homens, mulheres e jovens comemoram a Revolução de Outubro, assumindo-a como referência essencial da sua luta de todos os dias pela construção de uma sociedade livre, justa, pacífica, fraterna, solidária, liberta de todas as formas de opressão e de exploração». É cansativo voltar à contra-argumentação sobre o que é uma sociedade livre, justa, pacífica, fraterna, solidária, etc., que está repisada e estafada há muito. Basta apenas lembrar que os tais milhões de pessoas que o PCP diz que ainda comemoram a Revolução de Outubro já constituem uma sombra do que eram, ou as consequências desse tempo não teriam sido banidas para dar lugar à mudança. O que pode não ter mudado é outra coisa que o PCP não explica direito: tais comemorações, onde existirem, ainda são feitas à frente de sabres, na mira de canos de armas de fogo e à sombra de tanques como os de Tiananmen. O que não é exactamente um sinal de civilização, mas é um sinal da posição decrépita do PCP, cuja queda é escusamente feita de modo quixotesco. Com uma diferença: aqui, o PCP tomba, mas tomba sozinho. Isto é: sem Sancho Pança, sem cavalo, sem espada e sem moinhos. Sobretudo, sem glória.

João Carvalho, Delito de Opinião

Numa Universidade brasileira no Estado de S. Paulo houve um verdadeiro motim causado pelo facto de uma aluna se ter apresentado de…minisaia! É verdade, um vestido mais curto, de resto tendência da moda, e os jovens alunos (sim, os alunos!) escandalizaram-se e revoltaram-se ao ponto de se criar um pandemónio de gritos, tentativas de agressão para a expulsar da escola e viam-se mesmo jovens ansiosos por ver o espectáculo – não sei se da zaragata se da altura da saia – encarrapitados uns nos outros para espreitarem pelos vidros que davam para a sala onde a aluna estava sentada. O tumulto atingiu uma tal dimensão que a polícia de choque teve que intervir e a jovem teve que sair sob escolta, pudicamente coberta por uma bata branca enorme, sob os apupos e insultos brutais da horda de colegas indignados pelo espectáculo “indecoroso” de uma saia mais curta. Não conheço as regras em vigor naquela universidade privada, pelos vistos estão habituados ao recato, mas não foram os professores ou directores a impedir a entrada da jovem, foram os colegas, jovens que certamente se revoltariam se o gesto viesse da direcção, quem agiu como um bando de selvagens perante a ousadia de uma roupa menos convencional, embora já não se saiba bem quais são as convenções para este efeito. E é realmente chocante ver a agressividade da multidão juvenil, berrando insultos e expulsando a pecadora, num gesto de absoluta intolerância que seria ridícula se não fosse um sintoma de que algo de grave se passa naquelas cabeças, supostamente abertas à era da globalização.
Que a cena já deu origem a um movimento para se retirar, por vergonha, o vídeo do you tube e que há por todos os lados comentários de repúdio, isso é verdade, mas que um episódio destes, numa universidade, numa grande cidade cosmopolita, dá que pensar, isso dá, a menos que a fúria da multidão fosse por a toilette não estar completa sem as leggings opacas, como mandam as revistas da nova colecção, impedindo que o novo estilo fosse reconhecido...!


Suzana Toscano, Quarta República

O PCP fornecia as camionetas e o maralhal que fosse preciso. Também ofereciam serviços de segurança. O BE encarregava-se das homilias e do teatro. Era uma demagogia de cortar à faca e disparar a pistola. Agora, o CDS diz que descobriu umas ideias muito católicas para resolver a cena. E o PSD acordou para a necessidade de fingir que vai ter algo a dizer, mandou para o ar 30 dias de nada e coisa nenhuma. Que chatice, que sarilho, isto de termos em Portugal um Governo que ousou requalificar os professores. Estávamos tão bem na modorra da farsa, tão acomodados. E valeu a pena? Não. Os professores não querem mais chatices – querem é mais dinheiro e menos trabalho. E não faltam partidos para lhes dar apoio parlamentar. Até porque os professores têm razão, ou não estariam a educar o País.

Val, Aspirina B

As lojas chinesas são elas mesmo uma falsificação da velha drogaria portuguesa onde se vendem outras falsificações.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

2 comentários:

joãoeduardoseverino disse...

Obrigado pela referência. Abraço a Macau.

Anónimo disse...

O Val (ou a Val) Aspirina B não passa de um(a) grande filho/a da puta que gostava que os professores ganhassem menos do que a sua mulher a dias. Há que dizê-lo de uma vez por todas: puta que os pariu! Se estão mal, ensinem eles as bestas em casa e não as mandem para a escola para foder a cabeça aos outros.