Maria Vieira lançou no mês passado o livro "Maria no país do Facebook", uma edição de autor com a chancela da Ideia-Fixa, a editora que tem por trás nem mais que Zita Seabra. A antiga afilhada de Álvaro Cunhal e comunista arrependida tornada devota do culto mariano tem aparecido ao lado de Maria Vieira na promoção. Eu não alinho nesse tipo de teorias da conspiração, e não sei nem me interessa se aqui se trata de algum tipo de manipulação política feita à actriz por uma certa direita que é tudo menos democrática, mas que isto leva água no bico, isso leva. O livro propriamente dito é um engodo; não estão lá os textos que catapultaram a figura de Maria Vieira, uma actriz que fez uma carreira modesta, onde é sobretudo conhecida pela sua simplicidade e simpatia, para as parangonas da imprensa cor-de-rosa e não só. Não estão ali os conteúdos polémicos que poderiam levantar algum interesse em relação ao livro. Em suma, o livro aparece como um veículo promocional não daquilo que a Maria Vieira escreve ou pensa, mas do ideário pérfido de alguém que não ela. Mas já lá vamos.
Maria Vieira apareceu no programa Você na TV no último dia 30 de Agosto, a falar do livro, das polémicas e tudo mais. Recorde-se que a actriz se tem abstido de comentar os assuntos que lhe têm valido um rol de críticas, e algum apoio - menos do que as críticas - remetendo todos os esclarecimentos "para o Facebook". A entrevista conduzida por Cristina Ferreira, que pode ver aqui na íntegra, foi possivelmente o pior papel que Maria Vieira representou. Gagueja, engasga-se, chega a chorar, e apesar de lhe ter sido dado um texto que decorou, como sempre muito bem faz, era nítido que não tinha noção alguns dos conceitos que diz defender, e até dos "autores marginais" que diz serem "os seus favoritos". Vamos por partes.
Por exemplo, ao minuto 2:30 da entrevista, enquanto Maria Vieira tenta justificar ter chamado de "idiota encartado" a Salvador Sobral, mete completamente os pés pelas mãos. Diz que "as pessoas que a perseguem criam perfis falsos para entrar nas páginas de amigos seus", onde fez o referido comentário, páginas essas que "estão reservadas apenas a amigos". Mentira. Este é um truque de manga que não engana uma criança de 4 anos. Quem seguir a Maria Vieira no Facebook, tem acesso aos seus posts e aos comentários (bem como aos "likes") que faz em posts de outrém desde que estes últimos sejam públicos. Isto e apenas isto. Eu estou bloqueado naquela página, mas há outras pessoas aqui em casa que também têm conta de Facebook. Mas então cabe na cabeça de alguém que os amigos da Maria Vieira aceitem a amizade de "perfis falsos"? Essa agora. O problema aqui é que Maria Vieira está aqui a tentar branquear não aquilo que ela escreve, mas o que alguém escreve em nome dela, como vamos ver a seguir.
É ao minuto 4:53 que a boca de Maria Vieira foge para a verdade. Quando Cristina Ferreira a confronta com mais uma polémica, a actriz responde "mas achas que sou eu que escrevo?". Atrapalhada, tenta emendar a mão, evidenciando um nervosismo estranho. Seguem-se considerações sobre o islamismo, o terrorismo, etc., coisas de que a Maria Vieira obviamente pouco percebe. É mais que público, pois foi admitido em tempos pela própria, e recentemente por amigos próximos, que é o marido de Maria Vieira que escreve na sua página do Facebook, e explana aquelas ideias atrozes "anti-globalização". Mete pena ver a actriz amparar os delírios do homem com quem partilha a vida há mais de 30 anos. E posto isto...
É aos 6:30 que Maria Vieira quebra, e começa a chorar quando Cristina refere que "há pessoas que dizem que Maria Vieira está a ser manipulada pelo marido", e que "é ele que escreve na sua página do Facebook". Aqui não me cabe comentar nada. É óbvio que se passa qualquer coisa de bastante grave na casa deste casal. Isto é um assunto para as autoridades tratarem, e só espero muito sinceramente que não seja quando for tarde demais. Até porque...
Aos 13:15, Cristina Ferreira lê o prefácio, assumidamente da autoria do marido de Maria Vieira. Fernando Duarte Rocha, que foi também autor na íntegra (nesse tempo mais ou menos assumidamente) dos quatro livros de viagens da "Parrachita", nom de guerre de Maria Vieira. Fernando Duarte Rocha chama de "filhos da puta" e "coirões" às pessoas que diz "perseguirem-no, mais à mulher". Isto num livro onde supostamente a polémica tenta ser a mínima possível, e a pessoa que leva com a autora do mesmo anda neste momento pelo país a distribuir autógrafos às (poucas) pessoas que ocorrem à promoção dos livros, e ainda chama "queridos" e "meus amores" a toda a gente. Maria Vieira defende-se dizendo que "o marido é ainda mais frontal que ela". Ora, "frontal" aqui é um eufemismo para "ordinário", que é algo que a actriz não consegue ser, porque não fez nem faz parte do seu carácter, pronto. E já agora, sendo o sr. Fernando Duarte Rocha um "escritor" - pelo menos esta é a profissão que ele alega ter - porque não tem ele uma conta de Facebook? Parece-me muito estranho. Tem pois, mas é em nome da mulher que o tem sustentado nos últimos 30 anos, e com quem só casou em 2011 para poder obter facilidades no visto para o Brasil, onde Maria Vieira trabalhou em três ocasiões entre 2009 e o ano passado. Outra polémica:
Por volta dos 19 minutos, Maria Vieira tenta explicar o facto de ter considerado o presidente Marcelo Rebelo de Sousa como "o pior presidente que Portugal conheceu" - mais um devaneio do seu marido, como é lógico. Maria Vieira defendeu-se dizendo que "aprecia Marcelo Rebelo de Sousa", que "considera o presidente dos afectos", mas que "é preciso ser mais interventivo". Ó minha cara, isso fica muito longe daquilo que o seu marido faz na sua página, onde chama o presidente e o primeiro-ministro António Costa de "Sr. Feliz e Sr. Contente", sugerindo que se trata de dois patetas, que "levam o país para o abismo". Nem me vou dar ao trabalho de repetir aquilo que tenho dito neste blogue a este respeito, e sempre suportado por provas. É só procurarem. E querem mais uma?
Aqui está. Dez dias depois da entrevista a Cristina Ferreira, mais um delírio que prova que Maria Vieira não tem controlo sobre a sua página do Facebook, do seu marido, de nada. Insinua-se que a RTP (que tem sido um dos alvos preferenciais de "Maria Vieira") passa filmes indianos "para agradar a António Costa", e que a televisão pública não deve transmitir programação que seja do agrado "de imigrantes e de muçulmanos". Quem tiver uma interpretação diversa, é mais que bem vindo a expô-la nos comentários. Isto tem sido assim há mais três anos, e vem subindo de intensidade.
Eu não tenho "problema" nenhum com a Maria Vieira, ou com aquilo que aparece escrito na sua página, mas é mais que evidente que não bate a bota com a perdigota. Admirei a coragem de Cristina Ferreira naquela entrevista, onde tocou nos pontos essenciais, e onde foi possível ver que Maria Vieira está longe de conseguir controlar a situação. Quem apoia uma coisa destas só pode ser uma pessoa mal formada e desonesta. Quem encoraja arrisca-se a ser cúmplice de uma possível tragédia.
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