Se eu vos fosse dizer que um tal de António Manuel Mateus Antunes, de Pampilhosa da Serra, estava a ser acusado de 11 crimes? Aposto que muita gente dizia "enforquem-no!", "jaula com ele", ou "era já encostado a um paredão e fuzilado!". Agora, e se eu vos disser que Tony Carreira está acusado de 11 crimes de contrafação? - "Alto lá, não é bem assim". Pois não, coração. Antes de mais nada, sim, o nome de baptismo deste "fenómeno" é mesmo António Antunes, e foi com esse nome que Tony Carreira concorreu ao Festival da Canção (então chamado de "Prémio Nacional de Música", ou lá o que é) em 1988. Ora vejam:
Aquele jovem de 23 anos, um misto de modelo da Maconde com "barman" de hotel de luxo, é o casulo que viria a ser Tony Carreira, cantor romântico, um ladrão de corações - e de canções dos outros. O António Antunes voltou ao Festival em 1992 já com o nome que o viria a tornar mundialmente (!) conhecido, e em nenhum das vezes ganhou. O sucesso só viria dez anos mais tarde, depois da parceria com Ricardo Landum - uma espécie de importador e escultor de material discográfico alheio. A questão de que se existe ou não plágio, bem, isso já não é de agora:
Este vídeo já tem quase dez anos, e já na altura tinham recaído sobre o cantor estas acusações. É claro que qualquer pessoa com um par de ouvidos (ou mesmo um ouvido apenas, e meio mouco) percebe que as canções são muito mais do que apenas "parecidas" - vá lá, vamos ser honestos: chamar-lhes uma "tradução" é ser muito simpático. Eu não tenho nada contra o artista, sei mudar de canal quando passa algo de que não gosto, e ainda menos tenho a favor. Isto de enriquecer e ganhar prestígio à conta de gamar aos outros é algo "que não me assiste", estão a ver? Houve no entanto quem questionasse o "timing" desta nova acusação, e a relacionasse com a nomeação de Tony Carreira como mandatário da campanha de Fernando Medina para a CM Lisboa. Isto é politizar as coisas demasiado, e não me parece que "o mandatário da campanha" vá ser um elemento decisivo do resultado eleitoral na capital. Entretanto o cantor deu uma entrevista à Impala, onde se diz "perseguido" por uma pessoa, "a mesma que lhe meteu o primeiro processo há dez anos". Ó Tony, diz lá, é um dos gajos a quem gamaste as músicas, não foi? No entanto, há quem tenha uma opinião muito particular sobre este assunto: os fãs de Tony Carreira:
Ora deveria dizer antes, as fãs. Pronto, para evitar discussões parvas, digamos "o segmento de mercado do Tony Carreira". Este "segmento", portanto, perdoa tudo e mais alguma coisa ao seu ídolo, e a mais ninguém. Entre alegações de "inveja pelo sucesso" do cantor a teorias da conspiração, há de tudo um pouco, e reparem naquela última entrada, ali em baixo: "Há coisas piores e só se metem com quem está sossegado". Pois, ó minha senhora, eu também acho que era mais importante apanhar os assassinos e os violadores todos. E pode ser que um dia isso aconteça, se começarem todos a infringir as leis que protegem os direitos de autor, quem sabe? Ah, e há ainda isto:
"O gajo só pode ser gay", o "anormal", referindo-se à pessoa que o Tony Carreira acusa de o estar a perseguir. Isto não faz lá muito sentido, seja de onde for que se observe a frase. Mas isso não interessa. Espero que seja feita justiça, e o Tony pague lá o que tem de pagar - se for esse o caso - e que seja menos chico-esperto da próxima vez, e deixe de tratar as pessoas como se fossem os seus fãs. Outra vez: sem ofensa!
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