Mentia se dissesse que era "grande fã", ou algum leitor incondicional do jornalista e escritor Armando Baptista-Bastos, desaparecido ontem aos 86 anos. Não sou bem dos tempos áureos do senhor, nasci muito depois disso, e a primeira vez que o vi foi no painel de júri num concurso de televisão apresentado por Fialho Gouveia ("Com pés e cabeça", se não estou em erro?). Gostava da figura, contudo. Um homem das letras, sensível, relativamente discreto, e helàs, figura conotada com a esquerda. Ficará pelo menos imortalizado pela caricatura feita por Herman José nos anos 90, "o Bastos", na sequência de uma série de entrevistas que o jornalista fez para o Público, e onde perguntava aos entrevistados "onde estavam no 25 de Abril". Era portanto, e conforme a paródia hermanesca - um combatente anti-fascista. Falando a sério, foi um opositor da ditadura, foi censurado, a PIDE tornou-o "inempregável", em suma, passou por tudo aquilo pelo que muitos passaram, indiferentemente da sua ideologia política (a não ser o "carneirismo", essa passava). O que eu não entendo são coisas como esta, esta...reacção panfletária!
Isto li na secção de comentários à notícia do falecimento do BB, no site da Renascença (link aqui). Alguém me consegue explicar que bosta é aquela que ali vai, e que vem acompanhada do auto-descritivo cabeçalho onde se lê "Lamentável"?! Deveras. Quer dizer que o jornalista Baptista-Bastos "jamais poderia ser um antifascista ou anti-ditador", porque ideologicamente era pior?! Planeou o quê??? Se ainda se estivesse aqui a falar do Saramago, ainda dava para olhar para o lado e assobiar a canção do pateta, mas, o pobre do BB? Aquele que não conseguia falar alto e usava um "papillon"? Perdoa-os, ó BB, que eu nunca leram um livro teu. Ou qualquer outro, para esse efeito.
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