sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O caso Jonet


Esta senhora na imagem em cima é Isabel Jonet, presidente há vários anos do Banco Alimentar Contra a Fome, em Portugal. Jonet está agora no centro de (mais uma) polémica, na sequência de declarações que basicamente lhe foram imputadas. E de forma maldosa, também.

Isabel Jonet NUNCA afirmou aquilo que consta daquele monumento ao jornalismo de sarjeta na forma de parangona. Será que a preguiça e a má vontade só chegam para retirar conclusões do título, quando logo no subtítulo se contradiz o anterior? Ela disse que é uma coisa BOA, porque há pessoas a ganhar muito mal, MAS... Este "mas" significa "porém, contudo", e não anula nada em relação à afirmação anterior. O aumento do salário mínimo (coisa boa) é uma medida acertada, MAS pode gerar mais desemprego  (coisa má). E quem nos garante que esta perspectiva macro que Jonet projecta não é o espelho da nossa realidade? Quem nos diz que a partir de agora para reduzir custos, um empresário com 10 trabalhadores por conta não dispensa dois ou três deles e obriga os outros a trabalhar mais? E depois para onde vão esses desempregados?


Alguns antes de mais nada, vão para as redes sociais dizer mal da vida de todos, quando o único problema é com a sua. Não deixa de ter razão, Jonet, quando indicou este "problema" em 2014, o que lhe valeu novamente a censura das massas mal informadas. O caso dos refugiados da guerra da Síria durante o ano passado foi gritante, com a quantidade de grunhos que invadiram as redes sociais com conversas do tipo: "Us mussolmanes virem pra cá com casa e tude pague, e eu nepias", queixando-se das regalias de que usufruem pelo simples facto de terem nascido lhes haverem sido sonegadas.


E recuando até 2012, vemos Jonet a ser novamente criticada por dizer a verdade. Se fosse a Maria Vieira a dizer que os portugueses não prestam, são analfabetos e o Brasil é que é bom, o coro dos energumenos batia-lhe palmas, e ainda elogiava o facto da anã "não ter papas na língua". Como foi a presidente do Banco Alimentar, exigem "a sua demissão" - simples ou mista, já agora? E depois quem é que ia para a frente do banco, andar a pedinchar e aturar pessoas com fome? Atenção que não estou a falar de pessoas que não almoçaram hoje ou que comeram só um pão com manteiga logo de manhã. Falo de pessoas COM FOME. Por mais donativos que Jonet receba no seu Banco Alimentar,  nunca serão em número suficiente para encher a  boca aos ignorantes.


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