quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Com que então, "o Trump"


Não me pronunciei ainda sobre a inauguração do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nem das medidas que já tomou desde o dia 20 de Janeiro, data em que tomou efectivamente posse, mas penso que chegou a altura de o fazer.

Primeiro explico aquilo que alguns poderão ter interpretado como "indiferença", ou até resignação: não falei porque achei que desde a eleição de Trump, se tem perdido mais tempo com querelas parvas entre Trumpistas e respectivos "anti", do que propriamente com aquilo que é o essencial. E o que é isso, afinal? O próprio Trump, ora essa. Não são os "apoiantes do Trump" quem vai governar a América, nem tomar decisões que possam directa ou indirectamente afectar todos nós - é o burgesso, em pessoa.

Não julguem que estou com isto a chamar de "anjinhos" aos Trumpistas, nada disso. Entre esses encontra-se o (numeroso) segmento daqueles que defendem que "quem não está com 'o Trump', é esquerdelho". Para esses desde já os meus mais sinceros desejos que que encontrem a idílica Bardamerda, e que por lá permaneçam. (Bem vistas as coisas, até são a maioria dos Trumpistas, estes).

O essencial, portanto. Dou dois anos a Trump antes que venha o inevitável "impeachment"; alguns analistas dão-lhe um ano ou menos, e sem dúvida que de ilegalidade em ilegalidade, vai haver uma que vai custar a este mui garboso "cowboy" o fim da brincadeira. Mas eu fico-me pelos dois anos, pronto. Um ano e meio, vá lá, que estou a colocar na balança a possibilidade da França cometer o disparate de eleger aquela mulherzinha irritante e histérica e ficam as contas todas baralhadas. Mas há algo que está acima de qualquer presidente - pelo menos num país tão heterogéneo como os Estados Unidos: a lei. E em paralelo com a lei estão os mercados. E para esses "o Trump" não é só um imbecil: é também um potencial perigo. Um "loose cannon".


Brilhante, essa de boicotar a entrada de portadores de passaportes de países "terroristas" - e aqui ficam de fora os wahhabistas da Arábia Saudita, país da família Bin Laden, ou os Emirados Árabes, aliados da Casa Branca desde o tempo do primeiro Bush (pelo menos), portanto. Enfim, uma forma que o gajo arranjou para lixar milhares de famílias que precisam REALMENTE de ajuda, desprezando acordos pré-estabelecidos, chegando ao ponto de desligar o telefone na cara do primeiro-ministro australiano. Esta política do "orgulhosamente sós", e de isolacionismo "sempre em frente e fé em Deus" é algo que não agrada aos mercados, e logo aos americanos, cujos empresários estão habituados a fazer do resto do mundo o seu tabuleiro de xadrez. E não, não me venham com coisas, que "o Trump" não vai "pôr as elites na linha". Nada disso. Ali toda a gente tem um preço, e atreva-se ele a mudar essa regra, e engolem-no vivo. Ah, depois há ainda isto:


É óbvio que acabarão por ser os americanos a pagar aquele muro idiota, e esperem quando souberem que terão que pagar pela manutenção daquilo, também, que só em oito anos vai ultrapassar o custo total da obra (yep). Não é que alguns lares (é o que quer dizer "household") não se importem de entrar com 120 paus yankees, mas outros há para quem esse montante faz alguma diferença, e outros ainda que preferiam investir o dinheiro nuns ténis novos da Nike. Os gajos do Alaska e do Hawaii, por exemplo, vão pagar por um m... que nunca vão ver, nem lhes vai servir para porra nenhuma? Agora, construir um muro com o pretexto de que "os mexicanos são assassinos e violadores", e depois mandar a conta para o próprio México, é um bocado estúpido, falando a sério. A propósito de tudo isto, recordam-se porque é que Adolf Hitler resolveu atacar a URSS apesar do pacto de não-agressão que tinha com Estaline? Porque o Reich tinha uma dívida com os russos que nunca poderia liquidar, e por isso resolveram "ou vai, ou racha". Mais do que "rachou": partiu-se aos bocadinhos! Mas não estou a estabelecer nenhum paralelo entre esta "estória" da História e o muro de Trump. Que é isso, é lógico que nada de semelhante se vai repetir. Pelo menos espero, para bem de todos. Especialmente dos mexicanos, coitados.


Quanto ao resto, bem, resta-me falar da inauguração propriamente dita, no dia 20 de Janeiro. Não assisti, não tenho muita coisa a acrescentar ao que já foi dito, mas houve algo que me deixou perplexo: as comparações entre Melania Trump e Jacklyn Kennedy em matéria de "elegância e bom gosto". Deve ser piada, pá. Quando olhei para o vestido da Melania, pensei cá para mim: "onde é que eu já vi isto antes"? 


Ah sim, fez-me lembrar este bolo que vi num centro comercial em Taipé, quando estive lá agora pelo Natal. Só que esta em vez de ter um Pai Natal em cima, tinha "o Trump" ao lado, oh oh oh. Bem, é assim, meus amigos, agora resta-nos esperar sentados e ver no que isto dá. Segurem-se bem, que a viagem vai ser turbulenta. 


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