quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

E que tal...NÃO jogarem?!


Futebol inglês: o dromedário que atravessa o deserto futebolístico durante o período de Natal e Ano Novo, e alimenta as sempre famintas bolsas de apostas. Esta imagem em cima é do American Express Community Stadium, em Brighton, Sussex, onde a equipa local, o Brighton & Hove Albion (parece o nome de um desses bancos bifes, tipo Lloyd's of London ou o diabo a sete) NÃO jogou no último dia do ano frente ao Cardiff City, a contar para o Championship, o segundo escalão inglês, por culpa do nevoeiro - "what's the point", marcar jogos que depois não podem ser vistos? Muito se tem falado da legitimidade da jornada de Ano Novo no futebol inglês, e uma vez que a ronda do Boxing Day (dia depois do Natal) é "uma tradição", dá vontade de perguntar a estes gajos porque é que não tiram um dia de folga, como as pessoas normais.


Em Reading jogou-se o primeiro tempo da partida entre a equipa da casa e o Fulham, mas com 0-0 ao intervalo (lógico!), a equipa de arbitragem resolveu suspender o encontro para o segundo tempo. Razão? Não viam um palmo à frente do nariz! Os responsáveis do Reading ficaram desapontados com a decisão, pois isto afecta não só o momento de forma da equipa, que vinha de uma série de resultados positivos e ocupa o 3º lugar da classificação, como ainda constitui um problema em termos de calendarização. Pudera, dois dias depois estava o Reading a jogar em Bristol (onde venceu o City local por 3-2), e este Sábado tem um encontro marcado em Old Trafford com o Manchester United para a FA Cup. Para quando, o jogo que o nevoeiro levou?


Por falar em Manchester United, eis que a equipa orientada por José Mourinho acabou o ano a vencer, e às custas do Middlesbrough, que na véspera de ano novo viajou quase 200 km até Old Trafford, para disputar um encontro que acabariam por perder 1-2. Além do resultado negativo, quer atletas, técnicos e restante pessoal que acompanha a equipa regressassem ao nordeste da Grã-Bretanha depois das dez da noite, mesmo a tempo de passar a meia noite com as suas famílias.

Tudo bem, estes indivíduos são pagos (e às vezes bem demais) para isto, mas além de não serem nenhuns animais de circo, este tipo de "intensidade natalícia" não é propriamente o que se pode chamar de "producente" em termos de rendimento desportivo. Jürgen Klopp, treinador do Liverpool, sintetizou esta ideia assim: "Já alguma vez se questionaram porque é que os atletas da Premier League têm tantas vezes prestações aquém das expectativas nos mundiais e nos europeus? Porque nesta quadra eles jogam e os outros ficam em casa a vê-los". Além disso, fazia bem aos próprios adeptos descansarem de tantas, hmm..."emoções". Como fica demonstrado neste "caso":


Alfie Barker é um futebolista amador de 19 anos que alinha numa equipa do sétimo escalão, e que no dia 2 deixou no Twitter comentários que podem muito bem fazer com que nunca passe disso mesmo. No rescaldo do escaldante encontro entre o Bournemouth e o Arsenal, que os londrinos conseguiram empatar no derradeiro instante, recuperando de uma desvantagem de três golos, Barker fez dois comentários de péssimo gosto a propósito de Harry Arter, um jogador da equipa da casa. Arter e a esposa passaram por momentos complicados em Dezembro de 2015, quando a filha do casal morreu à nascença, e o palerma achou por bem brincar com a situação. Barker foi obrigado a encerrar a sua conta no Twitter, e foi acompanhado do seu pai a uma estação de rádio apresentar um pedido de desculpas público, enquanto a mãe do jovem alega que o filho "é autista", e por isso "incapaz de entender o alcance das suas palavras". Claro que em terras de Sua Majestade toda a gente quer a cabeça do rapaz num cepo, mas quem sabe se não se acalmavam todos com um pouco de chá? E menos bola, claro. Deve ser do "stress".


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