quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Bois will be bois


Dois personagens que esta semana foram notícia por terem feito declarações pouco ou nada abonatórias para as suas imagens: Donald Trump e Jorge Máximo, que passaram ser conhecidos  em alguns meios por "o Jorge Máximo americano", e "o Donald Trump" português, respectivamente. O primeiro viu ser divulgada uma conversa onde se vangloriava de uma tentativa frustrada de assédio sexual a uma cliente que lhe comprava mobília (!), e o segundo durante a manifestação dos taxistas na última segunda-feira bradou a viva voz aos microfones da comunicação social que "as leis são como as meninas virgens: são para ser violadas". Ah, Gaddafi dos táxis! 

Em primeiro lugar, gostaria de deixar uma coisa bem claro: eu nunca, em circunstância alguma, e na presença de seja lá quem for produzi afirmações deste teor, ou sequer remotamente comparáveis àquelas acima descritas. Nunca, mas nunquinha, e que me venha alguém desmentir se disso for capaz. Isto porque anda agora por aí uma espécie de "escola de pensamento" que alega que as afirmações de Trump são um tipo de conversa "que todos os homens têm" - todos os homens da laia de Donald Trump, suponho! Sou apologista da velha máxima inglesa "gentlemen don't kiss and tell", e em todo o caso o que teria eu a ganhar em andar por aí a relatar as minhas "conquistas", cum camano? Tudo isto para dizer que não, não falo de mulheres nem de ninguém nestes termos, evito partilhar o mesmo espaço com pessoas que sei de antemão que o fazem, e não conheço assim tantas desse calibre quanto isso. Ficamos portanto esclarecidos quanto a este ponto.

O caso de Trump não é assim tão simples como algumas pessoas querem dar a entender.  Não se tratou aqui simplesmente de "compinchas na galhofa", pois quem for minimamente SÉRIO vai perceber que os avanços sobre aquela pobre moça que o agora candidato presidencial descrevia  são UM CRIME. Pois é "já foi há muito tempo", dizem uns. O holocausto foi ainda há mais tempo digo eu - e que tal esquecê-lo, também? Má comparação? Ok e que tal pegar numa das vossas, a dos alegados crimes sexuais do ex-presidente Bill Clinton, que foram há menos tempo que o holocausto mas há mais tempo que as declarações de Trump? Vamos esquecer por alguns instantes que Bill Clinton NÃO É CANDIDATO nestas eleições; não é difícil pois não? Quem acordasse agora de um coma de vários meses ia pensar que era. E que tal estas senhoras que aparecem ao lado de Donald Trump a produzir estas acusações levassem as PROVAS  (que não têm, obviamente) e as fossem entregar à justiça? Epá , não me digam que o Trump é tão bom que também se substitui às autoridades e aos tribunais. Essa agora é que eu gostava de ver na boca de um desses alucinados que desvaloriza de um lado e exacerba do outro, destapando os pés cada vez que puxa o lençol para cobrir a cabeça.

 Desconfio que quem se dispõe a defender o que não tem defesa possível e amparar todas as quedas que este energúmeno insiste em dar com as suas "cambalhotas" deve ser seu apoiante nos termos que descrevo no terceiro parágrafo deste artigo. Sim, só pode ser isso, e não há outra explicação possível para alguém aparentemente NORMAL poder vir tentar branquear UM CRIME como é o assédio sexual. Só pode ser mesmo desespero para levar ao poder alguém que PENSAM que pode realizar os seus delírios de fanáticos. 

Quanto a Jorge Máximo, bem, o homem já se veio desculpar e tudo, mas a emenda acabou por sair pior que o soneto - ao afirmar que aquilo que queria dizer é "que as meninas virgens NÃO são para ser violadas", está a ofender as restantes. As que não possuem uma determinada membrana, que no fundo é tudo o que distingue umas das outras. Uma membrana, meus senhores. Qualquer dia viramos peixes. Também não acho que seja de bom tom cassar a licença de táxi do indivíduo, como consta de uma petição que anda por aí a circular, certamente uma ideia de gente sedenta de sangue, e que deseja "vingança". Para quê? O melhor que ele tinha feito era dizer "sou um imbecil iletrado, e o que eu digo não se escreve", e ficava o caso arrumado. São os dois imbecis, no fundo. Quem sabe se não viria mal nenhum ao mundo no caso de qualquer um deles andar por aí ao volante de um táxi, mas certamente que o mundo ficaria muito mal servido se algum dos dois se tornasse presidente de uma nação. Livra! 

PS: Quem quiser vir reduzir tudo o que aqui foi dito ao facto de eu "ter comparado as afirmações de Trump ao Holocausto", fique desde já a saber que daqui não leva nada, e boa sorte em tentar arranjar idiotas que vão na conversa - não vai ser difícil, e é por isso que as coisas estão como estão. Em todo o caso desejo-lhe as melhoras.

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