terça-feira, 14 de julho de 2015

Hoje vou levar...a desobediência civil


Joshua Wong desilude-me. Desiludiu-me, continua a desiludir-me, e não espero melhorias do estado do tempo para este fim-de-semana que se aproxima, nem para nenhum outro: o tufão Joshua vai continuar a fazer chover no calor, e ainda por cima não vão levantar o sinal 8 - esta é a tempestade mais chatinha de que há memória. Em cima na imagem vemos Joshua, e à sua esquerda Nathan Law, um compincha seu. E porque sorriem eles? Será que perderam os três? Nem de longe nem de perto, e se calhar não era má ideia, pois pode ser que estejam de "saco cheio" e que isso lhes atrapalhe as ideias. É preocupante que todo o contacto que dois adolescentes procuram seja o da polícia, o que vai para lá do simples fetiche por fardas, como podem adivinhar. Sorriem porque foram acusados de obstrução à autoridade, por terem tentado impedir a polícia de fazer o seu trabalho durante uma manifestação junto à sede do Gabinete de Ligação chinês em Hong Kong, e vão ser presentes a tribunal na próxima sexta-feira. Vale uma aposta que nesse dia não vão ostentar aquele sorriso idiota, que mais parece que  conseguiram espreitar para dentro do balneário das meninas depois da aula de Ginástica?

Joshua Wong desilude-me, mas não porque tenha realmente apostado nele, mas causou-me uma primeira impressão mais ou menos positiva, que deixei patente neste artigo de Agosto do ano passado. Infelizmente desse "mais ou menos" tem-se visto muito do "menos", e quase nada do "mais", que até posso dizer que parte deste passou também para o lado oposto, o do "menos". Digamos que lhe dei o benefício da dúvida, e ele comeu em meses aquilo que eu esperei que lhe durassem anos. Não são as causas que defende, ou diz que defende, ou ainda que pensa que defende que me incomodam - e já agora gostava de saber exactamente quais são essas causas O que me aborrece é ele próprio, que não defende, diz ou pensa nada que se aproveite. Quer dizer, as ideias estão lá, não seja por isso, mas parece que anda misturar os ingredientes, o rapaz, e anda a servir Galinha à Gomes de Sá enquanto vai fazendo um strogonoff de Bacalhau. E por falar em comida, dificilmente recuperará a credibilidade que perdeu da minha parte quando se aprestou a uma "greve de fome" parva no ano passado, acabando por sair de cadeira de rodas ao fim de três dias completos. Uma das suas "assistentes" ainda conseguiu dispensar o almoço do primeiro dia, mas à hora do jantar "não quis desapontar a mãe, que lhe tinha feito o min com tanto carinho", ou alegou "motivos de saúde". É a fibra dos heróis que temos hoje, ao mesmo tempo que renovamos com esta juventude o que os nossos pais diziam da nossa, quando éramos também jovens.

A juventude de Joshua Wong não me incomoda mesmo nada, mas se existe um esquerda-caviar, ele é o activista-caviar, que fala do que não sabe, entra em campos que requerem a experiência que ele não tem, e diz coisas que, nossa senhora, são a insulto a pessoas que penaram pelos ideais ou causas que defendiam - alguns chegaram mesmo a morrer, mas aposto que este menino chorava se fizesse um corte no dedo que deitasse mais do que duas gotas de sangue. Desta feita somou ao seu já vasto reportório de equívocos e declarações infelizes mais uma, quando ao sair da polícia, onde foi intimado a comparecer perante um juiz daqui a três dias, disse a um elemento da imprensa que "não concorda com o teor da acusação", pois foi "uma simples manifestação pacífica", e "nem sequer fez uso da desobediência civil". Isto é que me deixa à beira da apoplexia, caros leitores. Não há ninguém que explique a este rapaz o que é "desobediência civil", e que consequências poderão advir desse acto, que deve ser apenas usado como último recurso, e para causas justas? Gandhi e Martin Luther King foram exemplos de casos de desobediência civil usados com pertinência: pela auto-determinação, pelo fim da opressão, segregação, perseguições, violência, prisões arbitrárias, etc.,etc., e o problema deste jovem é que a China não concorda com a implementação na RAEHK de um sistema eleitoral diferente daquele que consta na Lei Básica da região, e que foi assinado com a anuência de todas as partes, e na altura até os próprios sectores ditos pró-democratas. Onde é que está a violação grosseira de direitos de alguém, neste caso?

A desobediência civil é um direito de protesto tão legítimo quanto o direito à greve, e juridicamente ambos estão em pé de igualdade. Mas assim como ninguém alega o direito à greve porque não lhe apetece trabalhar nesse dia, é errado alguém puxar de algo como a desobediência civil porque ele próprio e mais um grupo de pessoas acha que esta ou aquela lei estão mal feitas, então resolvem desobedecer a ela. Certo, mas a maneira de desobedecer à lei com que o Joshua Wong e os seus "pangiaos" não  concordam é...não votar? Sim, porque em que outra circunstância o rapaz vai alegar esta opção? Em nome dos presos políticos em Hong Kong, que não existem, apesar de ele andar "a ir a todas" para ver se faz história? Mas isto é algum casaco que se escolhe do armário quando de sai à noite, ou algum perfume para atrair as miúdas? "Gostaste, filha? É o 'desobediência civil no. 2", de Paco Rabanne". Se ele sabe de tudo isto e mesmo assim acha que não faz mal, só pode uma de duas coisas: ou maluquinho, ou um instrumento de uma terceira parte que anda a ver-se e a desejar-se para partir a loiça toda. Ah, mas não se preocupem (ou preocupem-se muito...), pois uma vez que a China matar uma mosca, nada lhes impede de aproveitarem o balanço e livrarem-se das moscas todas. E  este rapaz completou 18 anos recentemente, e terá que responder como qualquer adulto perante a lei , e não julgue que está no recreio a brincar aos índios e cowboys. Não tendo um pintelho sequer  na cara, devia saber que não ter pêlos para contar se lhe fizerem o favor de o engavetarem, como anda pedir, vai fazer os ponteiros segundos passarem mais devagar. Vamos ver então qual será a cara deste jovem tão confuso depois da audiência de sexta-feira. 

Sem comentários:

Enviar um comentário