sábado, 11 de julho de 2015

A cruzada e a baforada - 10 argumentos do combate ao tabagismo



Aí está mais um aumento do imposto sobre o tabaco e derivados, que desta vez anunciou-se como se de um "spaghetti western" se tratasse: "this time it's personal". Não faltara com toda a certeza o duelo ao pôr-do-sol, e no papel de pistoleiro-mor, ninguém melhor que Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, que apresentou a proposta na Assembleia Legislativa ontem, e com carácter de urgência: "para evitar o açambarcamento do estoque actual", disse o sr. Secretário. Não vou aqui questionar o carácter de urgência deste tipo de lei, ao contrário do deputado Cheung Lup Kwan, eleito indirectamente pelo sectores cultural e...desportivo. A detecção de uma eventual ironia fica ao critério de cada um. Não posso contudo deixar fazer conjecturas sobre que "lobby" é este que deixou o sr. Secretário cheio de "speed", mas tratando-se aqui do tipo anti-tabágico, assumo que e daqueles que se injectam na veia. O que me deixou preocupado foi a ausência de masmorras, campos de concentração e "gulags" onde deter os fumadores durante o período entre a aprovação da medida e a sua entrada em vigor. Fica registada a preocupação de Lionel Leong, que estava perfeitamente ciente de que a medida que estava a propor era impopular.

Como é habitual nestas ocasiões, a fazer de advogado do Diabo estava o próprio Diabo, ou seja, contra a proposta relâmpago de Lionel Leong estavam os suspeitos do costume, nomeadamente Fong Chi Keong, desta vez acompanhado apenas por Kou Hou In, este último um empresário cuja extensão dos negócios inclui a importação de cigarros da China continental. Alguns dos argumentos apresentados para votar contra o aumento faziam até bastante sentido, e além do pitoresco facto de agora os cigarros serem mais taxados que a própria indústria do jogo, um que tem mais a ver com o dia-a-dia de Macau: as pessoas não vão deixar de fumar, e isso vai apenas passar a pesar mais nas despesas familiares. Pode ser que um ou outro aproveitem para largar o vício, mas não será certamente apenas por lhe estarem a ir ao bolso, e se servir para que pelo menos as pessoas repensem os seus hábitos em nome da saúde, muito bem. Duvido é que num lugar como Macau, que a ser criado o galardão de "cidade mais monótona e previsível do planeta" seria vencedor por larga margem, o preço do tabaco seja dissuasor na hora de um jovem querer iniciar a construção de um trecho de auto-estrada que ligue um brônquio ao outro - triste quando até o alcatrão se apresenta como alternativa ao tédio.


Ninguém tem a culpa disto, mas Macau fica situado no sul da China, e este país e nem mais nem menos aquele que regista o maior crescimento em número de fumadores, que actualmente é de 300 milhões, cerca de dois quintos da população total, atenção, TOTAL, e não só a activa. A China produz 42% de todos os cigarros que se fumam em todo o mundo, e uma vez que a empresa que os produz é estatal (China, duh…), os seus lucros representam 7 a 10 pontos percentuais do total de receitas liquidas do Estado. A esse respeito gostaria de recomendar a leitura deste artigo de Andrew Martin para a Bloomberg Economics, de Dezembro último, e que ilustra bem o peso do tabaco na economia chinesa, e nomeadamente o que representa em termos de receitas para o Estado, o qual dificilmente abriria mão das mesmas em nome dos partidários higienistas anti-tabagismo - já o tinha feito antes, em 2007 e 2008, mas recuou, e não foi só com o lucro em mente: a decisão foi mal aceite pelos fumadores em geral. É preciso ter em conta que na China quase 60% dos homens fumam, contra menos de 5% das mulheres, o que do ponto de vista cultural demonstra tratar-se de um hábito marcadamente patriarcal.

Mas o governo chinês tem (e sempre teve, para o bem e para o mal) uma visão mais ampla, que vai alem do já, imediatamente e agora, e sabe que esta é uma mina que um dia se esgota. Assim, e enquanto uns vão enriquecendo a custa do vício alheio, lançam-se paulatinamente campanhas anti-fumo, como vem acontecendo na capital Pequim, que começou já a por em prática uma lei que visa restringir as zonas de fumadores a um mínimo que possa levar alguns praticantes deste hábito a desistir, e outros a nem começar. Mas estamos a falar de Pequim, onde uma operação de charme desta natureza ate fica bem aos olhos dos observadores estrangeiros, que vêm encorajando o país mais populoso do mundo a juntar-se à luta anti-tabagismo. Mas no contexto da imensa China isto é uma gota no oceano. Nas zonas rurais e nas cidades do interior, por exemplo, o cigarro é quase sinónimo de "pausa merecida", como que um convite irrecusável ao relaxamento, durante e após uma jornada de trabalho. Por culpa das décadas de privações a que foram sujeitos, os chineses vêem no simples acto de fumar uma manifestação de liberdade, consumindo um produto que antes era escasso, inacessível ou de muito baixa qualidade - é como uma bandeira do sucesso económico recente da China. Enquanto que no Ocidente, especialmente na América, oferecer cigarros a alguém e quase entendido como um insulto, ou mesmo uma agressão (fumar mata, portanto é "tentativa de homicídio") na China um volume de cigarros ainda serve de presente, ou pode ser usado como gratificação por um trabalho bem feito.

O que proponho a seguir é uma análise - e nunca é demais referir isto - DO PONTO DE VISTA PESSOAL, de alguns dos argumentos mais usados em campanhas anti-fumo, e que a meu ver pecam por não procurarem um compromisso, optando antes por se intrometer nas liberdades individuais, numa tentativa de estrangular o direito de escolha de cada um, aproveitando ainda para exercer uma soberba que chega a que se olhem as pessoas como objectos, ou como "activos" de uma empresa, ou pertencendo a outro indivíduo. Já vamos ver isso a seguir, e é possível que precise de me repetir 300 vezes mais à frente, mas deixo já aqui a primeira: NÃO ADVOGO O TABAGISMO, SOU CONTRA QUE SE FUMEM EM LOCAIS COMUNS, E DEIXAR DE FUMAR JÁ TRAZ VANTAGENS A MÉDIO E LONGO PRAZO. Vamos a isto.



1) Há doenças que só existem devido ao tabagismo, e quem fuma vai morrer por culpa desse hábito.

As pessoas sabem - pelo menos os adultos cientes, alfabetizados e urbanizados nos países Ocidentais - que fumar é mau para a saúde, que ao fazê-lo estão a aumentar o risco de contrair doenças que poderiam evitar não fumando, ou reduzir significativamente esse risco - atenção que não fumar não torna ninguém imune a nenhuma doença, e as doenças respiratórias mais facilmente identificáveis entre os fumadores não são um exclusivo do tabagismo, podendo acontecer a pessoas que não fumam, e até às que não estão expostas ao fumo dos outros. É errado, desonesto e até cruel incutir aos fumadores a responsabilidade pela existência do carcinoma pulmonar, do enfisema, da bronquite crónica e outros males que surgiram de mão dada com a revolução industrial - ou nem isso. É comum da imagem do paciente que recebe um diagnóstico desse tipo reagir de imediato dizendo "mas eu não fumo". Fumar só aumenta as possibilidades de se contraírem essas doenças, mas não significa necessariamente que isto aconteça. Os próprios número da britânica Action on Smoking and Health (ASH), uma organização considerada das mais radicais no combate ao tabagismo, indicam que metade dos fumadores morrem por culpa do vício - metade é pouco, tendo em conta o alarmismo com que se aborda a questão, dando a entender que as mortes são na ordem dos 100%.




2) As mortes provocadas pelo tabagismo são lentas e dolorosas, podendo ser evitadas deixando de fumar.

As imagens chocantes publicadas nas caixas de cigarros são reais, e os indivíduos nelas representadas são fumadores sofrendo as consequências do seu habito - verdade indesmentível. Mesmo sabendo de tudo isto, há quem opte por fumar, consciente deste facto que por muito que custe aceitar, é um fatalismo inevitável: fume-se ou não, ninguém fica cá a ver os outros todos "marchar"para a cova. Esta ideia não é necessariamente um apelo ao tabagismo, atenção, ou uma espécie de resignação, "vou morrer na mesma, por isso que se lixe". Existe uma diferença entre viver com e sem qualidade, e quem deixe de fumar hoje, por exemplo, vai-se sentir muito melhor em menos de uma semana. Depois dos sintomas da desabituação (dois dias, mais ou menos) sente-se um aumento do apetite, e em cerca de um mês o ex-fumador começa a sentir uma maior frescura física, e passa a dormir melhor e a horas certas. Tudo é isto é verdade, mas convém evitar tratar um fumador como um criminoso, e neste caso como um condenado à morte a caminho da forca. E já agora, qual é a doença mortal que "não dói", seja ela causada pelo tabagismo ou não? Um ataque de cócegas? Pode não ser doloroso, mas também não será nada agradável. Isto digo eu, claro.



3) Os fumadores prejudicam os não-fumadores com seu hábito, estando esta possibilidade mais que comprovada cientificamente.

É possível que esteja comprovada cientificamente, mas também não descarto a hipótese de se estarem a fazer alguns exageros despropositados, que só têm servido para estigmatizar os fumadores, e não propriamente ajudá-los. Não quero com isto tentar convencer quem quer que seja que o fumo passivo "não faz mal" ou que os riscos provados através de estudos científicos sérios são uma "manipulação", mas será mesmo verdade que não existe um nível de exposição seguro ao fumo do tabaco? Estamos a falar de cigarros ou de radiação nuclear? Tabaco ou o agente laranja? Na minha família apenas o meu pai era fumador, assim como foi o pai dele, e só eles faleceram devido ao tabagismo, de que eram praticantes. Não vou usar o meu exemplo pessoal como regra, nem aceito que em defesa do tabagismo alguém venha dizer que alguém que conhecem "fumou sempre e viveu até aos 90". Está comprovado que fumar não faz bem a coisa nenhuma, e é prejudicial à saúde, mas cada caso é um caso, e nesse aspecto há mulheres que fumam mesmo durante a gravidez - uma irresponsabilidade, diga-se de passagem, e poderiam optar antes entre uma coisa ou outra - mas isso não significa que vão sofrer um parto prematuro, ou que o feto vá nascer com deficiências. Causar o alarme em vez de deixar isto bem explicado leva depois a que o público pense que estão a mentir, olhando para exemplos de mulheres que fumam, fumaram durante a gravidez e têm filhos saudáveis.


4) É necessário continuar a implementar medidas dissuasoras, reduzindo ainda mais os locais onde não é permitindo, e taxar ainda mais o vício.

Noutras palavras: apertar o cerco aos fumadores. Quem fuma e é constantemente pressionado a deixar de fazê-lo através de proibições, multas e outros castigos dificilmente deixará o vício voluntariamente - ou de outro jeito qualquer. O que faz um fumador quando sente pressão? Fuma! Independentemente do preço que for afixado num maço de cigarros, continua a ser um produto LEGAL, mesmo limitando os fumadores a praticar esse hábito confinados ao seu próprio lar (qualquer dia nem isso), sem incomodar mais ninguém. Apesar de tudo, continua-se a insistir em métodos dissuasores, quando se poderia simplesmente ilegalizar a venda e o consumo de tabaco e derivados - e porque não se faz, uma vez que se passa a ideia de que e tão nocivo quanto outro bem de consumo humano, que seria imediatamente retirado de circulação caso fizesse metade do mal que os cigarros fazem? Qual é o anti-lobby que se põe em frente deste e lhe serve de obstáculo? Ao fazer subir de tom a mensagem de que os cigarros são nocivos e mesmo sim não os proibir definitivamente por razões de saúde pública, é estar a passar uma mensagem muito, mas muito confusa. Se até o amianto, o isolante anti-incêndios utilizado na construção civil foi banido por provocar cancro a longo prazo, o que estão à espera para fazer o mesmo com os cigarros?


5) É necessário acabar com todo o tipo de publicidade ao tabaco e aos produtos derivados.

Concordo, e a até penso que nunca deviam ter começado, mas aí está: quem é vai começar a fumar por causa de um anúncio que viu na televisão, num "placard" ou numa revista? Quem fuma ou já fumou recorda-se certamente da primeira vez que experimentou um cigarro. Lembra-se como foi? Exacto, foi horrível! Não sabe bem, não provoca nenhuma sensação imediata de bem estar, e quem for saudável vai sentir náuseas depois fumar um cigarro inteiro pela primeira vez. Perante estas evidências não me resta senão concluir que quem é levado a fumar por culpa da publicidade, ou é muito influenciável, ou é maluquinho. Mas porque é que as pessoas fumam, afinal? Porque são "más"  e querem prejudicar a sua saúde e a saúde dos outros? Por "afirmação", diz-se. Quando se é jovem,  fumar é entendido como "algo que apenas os adultos fazem". Eu próprio comecei a fumar apenas com 17 anos, e "a sério" só depois dos 18, quando ganhava o meu próprio dinheiro, pois nem me queria sujeitar à "pedinchice" e outras figuras tristes que via colegas que adquiriram o hábito mais cedo. Curiosamente começar a fumar aos 14 ou 15 anos, idade mais comum, pelo menos no meu tempo, leva a problemas de crescimento. Posso dar alguns exemplos de que isso é verdade, e outros que demonstram ser falso. É como o próprio combate ao tabagismo: muita, mas mesma muita ambiguidade, e se calhar era melhor evitar dramatismos e certezas absolutas. Isso leva-me ao próximo ponto.


6) O tabagismo é uma "epidemia", e os fumadores "vítimas" da indústria tabaqueira.

Um fumador não é necessariamente um "doente", ou pelo menos ainda não. Essa deve ser mais uma "manobra de charme", iludir os fumadores de que têm um "problema", ou em último recurso tentar convencê-los de que foram "vítimas" de uma campanha orquestrada pela indústria tabaqueira para ficarem viciados nos "mais de quatro mil químicos" existentes no cigarro, e assim continuassem a comprar o seu produto. Para o efeito chegaram mesmo a contar com a participação de celebridades do mundo artístico, que genuinamente fumavam, e penso que talvez mais do que a própria publicidade, tenham sido estes modelos de virtudes que dotaram o cigarro de um "glamour" que persistiu até se perceber que este é um hábito que acarreta malefícios. Imaginem que conseguiram até recrutar...


...o Pai Natal. "Oh, oh, oh...este ano trago catarro e bronquite crónica para todos os meninos! Oh, oh...cough! cough! arrghh!". Uma campanha genial contra os apologistas do cigarro=morte certa seria "isso é tão certo quanto o Pai Natal existir". Mas de facto fumar deixou de ser um "fashion statement" muito cedo. Ou ainda tarde demais, para alguns. Ou será mesmo assim?


Aqui é possível que alguém não vá gostar daquilo que eu vou dizer a seguir. Em alguns países, nomeadamente nos Estados Unidos (e também em Portugal) existe um tipo de "fumador arrependido" que ainda teve a sorte de ficar cá para contar a sua história: os sobreviventes laringectomia, o procedimento mais comum (provavelmente o único) para tratar o cancro da laringe. A imagem em cima é forte, e nela uma paciente exibindo a traqueostomia, o orifício deixado literalmente no lugar da laringe. Uma vez que a laringe é indispensável para a emissão da voz, estes doentes necessitam de recorrer a uma "caixa de voz", ou "electrolaringe", um aparelho que depois de colocado por baixo da mandíbula, lê os movimentos das cordas vocais e reproduz-os através de um som robótico. Os sobreviventes do cancro da laringe participam frequentemente em anúncios de campanhas anti-tabágicas, e nos Estados Unidos muitos processaram os fabricantes de cigarros, pedindo-lhes avultadas quantias em indemnizações pelos danos causados pelo produto que estes lhes venderam - em muitos casos os autores ganharam, recebendo compensações avultadas pelo seu sofrimento. A meu ver - e folgo que pelo menos tenham ficado mais ricos - estas pessoas consumiram aquele produto conscientes de que lhes prejudicaria a saúde, e mesmo assim não deixaram de o fazer. Peço desculpa se for necessário dizê-lo, eu próprio perdi o meu pai por culpa do tabagismo, e tinha ele apenas 51 anos, mas estas vítimas de cancro da laringe foram tempos iguais a toda a gente, e qualquer um que tenha laringe (todos, sub-entende-se...) corre este risco. Sendo isto verdade, experimentem chegar perto de uma pessoa saudável, contudo fumadora, mostrem-lhe esta imagem e digam-lhe que um dia "pode ser a vez dela". Nada disto é mentira, nem foi há 10, 20 ou 30 anos que se descobriu a relação directa entre o tabagismo e este tipo de cancro. Lamento, mas foi um risco que mesmo assim tomaram, assim como todos os fumadores se encontram expostos a esse mesmo risco. Ou pior.


7) Fumar "passou de moda", e hoje fuma-se cada vez menos.

And how come you're dead and I'm not, asshole? Ah! Peço desculpa, estava a brincar - e só podia mesmo estar, pois toda a gente morre, ao contrário do que dão a entender as campanhas anti-tabágicas, a quem só falta prometer a imortalidade caso se deixe de fumar. E isto da "moda" tem que se lhe diga, pois não sei bem se ter catarro e mau hálito alguma vez foi "moda", mas desde finais dos anos 70 que existe uma percepção à escala global de que os cigarros prejudicam a saúde, e outra percepção, esta falsa, de que o consumo tem diminuído. Diminuiu sim, onde é possível ter esse facto presente, por exemplo:


Aqui temos dois gráficos, o da esquerda relativo ao consumo de tabaco nos Estados Unidos, o da direita no Reino Unido. Reparem como as datas coincidem quanto à diminuição do número de fumadores, mas é curioso como nos Estados Unidos continuou a aumentar até início dos anos 80, altura que no Reino Unido já se vinha reduzindo há algum tempo. Nem isso impediu que os americanos criassem a imagem do europeu fumador, que acende descontraidamente um cigarro em qualquer parte, esteja onde estiver. Talvez porque na América quem acenda um cigarro arrisca-se a que cheguem os bombeiros, a polícia e a protecção civil em menos de vinte segundos.


Bifes e "camones" de lado, falemos do mundo, do nosso. Aqui neste gráfico podemos observar duas tendências por demais evidentes: 1) fuma-se mais nos países em vias de desenvolvimento (Ásia e América Latina, enquanto 2) fuma-se menos nos países desenvolvidos (Europa) e naqueles onde "não se ganha para o tabaco" (África, India e a arredores, parte da América Latina). Mas vamos ver isto em detalhe:


Aqui é fácil perceber melhor onde é que andam os "zés que fumam". E onde estão as chaminés? Na Rússia e arredores, com a Grécia a liderar, de acordo com estes dados relativos a 2013. Vendo bem, e pondo todos os factores em consideração....O MUNDO ESTARIA MELHOR SEM A GRÉCIA! UAHAHAHAH! OK, estou a brincar, ó "defs"; a Grécia é porreira, fumar é que é mau. Deve ser por isso que os funcionários públicos gregos trabalham cinco horas por dia e aposentam-se aos 40 anos - é porque morrem vítimas do tabagismo aos...45? Alguns, claro, outros esperam até aos 70 ou 80. São uns teimosos. De resto o top-10 é composto pela Rússia e as suas ex-repúblicas, ex-Jugoslávia, com Sérvia à cabeça, e a Bulgária, que pelo menos inventou os iogurtes, para compensar. O fumador-tipo nestes países é homem, tem mais de 25 anos e tem um emprego que requer pelo menos algum esforço física. Isto explica muita coisa.

 A China, curiosamente, nem no top-20 está, encontrando-se logo em 21º à frente da Áustria, e atrás...da Suíça! E do Japão! Mas aí está, é difícil medir a China por estatísticas que requeiram uma média, pois por cada indivíduo que fume quatro maços de cigarros por dia, temos...50 mil que não podem patrocinar o vício. Exagero? Talvez, ou então peco por defeito, e não por excesso - nunca se sabe. 

Ao lado deixei os países que nos são mais familiares, e ali temos Portugal em 40º lugar, e podemos dizer que se fuma no nosso país consideravelmente mais do que na França, o que contraria uma certa imagem clássica que vigora desde...sempre? Curiosamente entre o nosso país e os franceses estão a Austrália e os Estados Unidos. Agora pergunto eu: onde é os americanos, por exemplo, os grandes criadores do neo-higienismo vigente, fumam estes 1028 cigarros cada um??? Debaixo da cama? Dentro do armário? Só no Alasca e nos estados do Sul, porque são "racistas"? E na Austrália, andaram a contar cangurus fumadores, foi? Interessante como podemos perceber ainda que nos "juniores" destes países - Canadá e Nova Zelândia, respectivamente - se fuma menos que nos "seniores", e no Reino Unido os números também são baixos, mas por razões pérfidas, e de que falarei mais à frente.

 Dos países onde os adultos fumam menos que um maço e meio (30 cigarros) por dia em média, acredito que no Tuvali, Kiribati e Ilhas Salomão isto se deve ao facto dos cigarros não chegarem lá, enquanto no Uganda não se respira propriamente saúde, e se calhar fumar era preferível. Finalmente, se forem à Guiné (Conacri - Yesss!! Mas "acri", onde?) e quiserem saber quem fuma, eles dão-vos a morada do tipo, que nem fuma assim tanto quanto isso. 


8) Os fumadores encontram mil e um pretextos para justificar o vício, chegando ao ponto de encontrar no tabagismo vantagens para a saúde.

Bem vindos ao mundo dos raciocínios mirabolantes e das lógicas da batata. Estão a ver aquele tipo ali em cima a fumar? Eu se eu vos disser que morreu uma morte dolorosa e horrível, e não foi derivada do tabagismo? "Impossível" - dirão os incrédulos - "a seguir vai-nos dizer que morreu a levar na peidola, não?". Bem, se quiserem pôr as coisas nesses termos, foi mais ou menos isso, mas longe de mim atribuir à comunidade LGBT a responsabilidade pela propagação do HIV - isso sim, uma epidemia. Seria cruel da minha parte fazer essa associação, assim como é cruel atribuir aos fumadores características demoníacas, dando a entender que querem "recrutar" mais elementos para o seu grupo. Nem conheço nenhum fumador que venha enumerar vantagens do tabagismo para a saúde - a não ser que esteja a fumar outra coisa que não tabaco. Os fumadores aceitaram com mais dignidade as restrições que lhes foram impostas do que os não-fumadores aceitam o fumo do tabaco, mesmo à distância - qualquer dizer simplesmente que se fuma, sem exemplificar, torna-se também interdito. Só alguém muito mal formado ia, por exemplo, aprovar que uma criança fumasse, e num misto de amor paternal e hipocrisia, os pais fumadores não aceitam que os filhos menores fumem (é uma hipocrisia boazinha, esta). Chocante seria incluir crianças nos anúncios de cigarros, quando já o contrário parece ser aceite pela generalidade:


Este vídeo muito recente mostra um feto a retrair-se dentro da barriga da sua mãe, enquanto esta fuma. Chocante, sim senhor, e o "lobby" anti-tabágico ia comemorar à fartazana se em vez da  própria mãe fosse outra pessoa que estivesse a fumar. Por muito "ternurenta" que a ideia vos pareça, quantas crianças de que vocês tenham conhecimento morreram por motivos directamente relacionados com o tabagismo? Eu conheço outras que morreram por motivos directamente relacionados com outro mal de que não se faz uma dízima da publicidade que se faz ao fumo dos cigarros. O quê? Isto:


Eu sei, eu sei, o anúncio "existe", está ali para provar que existe, mas deixem-vos perguntar o seguinte: vêem alguém a dar pinotes de revolta quando vê outra pessoa a beber álcool num restaurante, ou alguém a perguntar se de seguida essa pessoa vai conduzir? Sabem qual é a vossa tolerância, ou a de qualquer outra pessoa que vai a conduzir na estrada, e se meio copo de vinho que seja produz efeitos na sua inibição? Se um fumador minimamente civilizado estiver num local e acender um cigarro, e lhe for dito que não pode fumar, certamente que pede desculpa e apaga o cigarro, mas não evitará o olhar de reprovação de outros ali presentes que são "melhores que ele" - ou pensam que são. Dá para saber quantos tipos enfrascados vão na estrada, e que a qualquer momento lhe podem ceifar a vida a si, e aos seus filhos? O que quero eu dizer com isto? Que se deve tolerar o tabagismo porque "há outros males piores"? Não, mas mais do que me explicassem porque é que algo tão mau ou pior que o tabagismo é desencorajado de forma tão tímida, queria tolerância zero para quem bebe e depois conduz. Quero ainda que nem uma gota de álcool seja facilitada de nenhum jeito em nenhum local público. Vou recitar uma frase que escuto frequentemente a propósito do tabagismo: "Se quiserem intoxicar-se, que o façam em casa". E estou a falar sério, garantidamente, e ainda a propósito de crianças...


Que bom...esta pequena promete. Reparem como ela treina as artérias coronárias, entupindo-as de gordura trans e açúcar! Assim quando for grande, não cai fulminada de ataque cardíaco se algum desses malvados fumadores puxar de uma ou duas passas à sua frente. À sua frente, ou a 500 metros de distância e 100 metros debaixo do chão, que vai ser o sítio onde se vai poder fumar, e mesmo assim "não existe uma zona completamente segura". Vá lá, então uma artéria congestionada de uma coisa é diferente da outra? E esta não se pode evitar? Só os 500 milhões de químicos ou lá o que é "viviam"? E o açúcar? Engraçada é esta lógica:


Portanto, é obeso? Bestial, mais de você para se gostar! Tem diabetes? Porreiro das canetaças, até pode ficar cegueta, ó badocha - então agora já não repete os donuts? Já não põe manteiga no bolo-rei torrado? Mas alto lá, nem se atreva a fumar, senão por culpa do tabaco pode ficar sem uma perna! Palmas para estes tipos. São uns génios!


9) Os fumadores sofrem de apneia do sono, fadiga e impotência sexual, além de terem uma resistência menor às doenças sazonais, caso da gripe.

E estamos cada vez mais perto do "tesouro". Para responder a estas afirmações que os fumadores sofrem disto e daquilo, bastava duas palavras: "problema deles". No entanto vou demonstrar como não é de todo impossível fumar, e ao mesmo tempo ser saudável. A sério, não é o mesmo que fechar uma gaveta à chave deixando a chave lá dentro! Vide:


Não, não são montagens, estas onde vemos alguns futebolistas e ex-futebolistas de topo a dar na passa. E de facto é possível fumar e mesmo assim ser saudável. Como? Já vamos ver, mas primeiro permitam-me que mostre "a outra face", que no fundo é a mesma face de toda a gente, atletas ou não:


"Na minha vida tive duas paixões: uma deu-me tudo o que tenho, e foi o futebol; outra ia-me tirando tudo: os cigarros". Foi assim que Johann Cruyff se referiu à sua experiência como fumador. O holandês fumava vinte cigarros (um maço) por dia antes de se submeter a um "bypass" em 1991, que lhe deixou bastante debilitado - mesmo até hoje. Depois de deixar o vício começou a entreter a boca com Chupa-Chups, chegando mesmo a ser o rosto da campanha daquele produto. Outra campanha, essa na televisão espanhola, foi esta:


Mas Cruyff nem fumava assim tanto quanto isso, e era um atleta. Foi um caso especial, e no seu em particular recebeu uma "nega" do organismo. Mas mesmo com o exemplo de Cruyff, houve quem não tivesse aprendido. Perguntem a um dos melhores do mundo:


Hmmm...pois. É possível que reparem mais no ar de pateta do que no cigarro que fuma durante uma viagem de barco com alguns colegas do mundo do futebol (e onde se vê Mesut Özil e Neymar a fumarem também), mas eis Lionel Messi. Cheira-me que alguém vai dizer que aqui o "pulga" perdeu a forma e deixou o CR7 ganhar as três últimas bolas de ouro, mas diz-se tanta coisa. E é difícil a vida para um profissional da bola, e quanto maior o impacto entre os jovens, mais responsabilidades recaem sobre ele. Por isso é preciso dar o exemplo, e a esse respeito há um caso que dá que pensar:


Não, não era este. Infelizmente fumar ainda é uma das coisas mais saudáveis que Paul Gascoigne faz! É o outro, também ele inglês, mas mais jovem:


Jack Wilshere, jogador do Arsenal, aqui na fotografia que lhe deu fortes dores de cabeça. Depois de ter sido "apanhado" numa festa a fumar, o atleta precisou de pedir desculpa, de dizer que "foi tudo uma brincadeira", enfim, só lhe faltou dizer que o cigarro "estava fora de contexto". Na Inglaterra, onde um maço de tabaco custa os olhos da cara e é quase impossível acender um cigarro sem aparecerem dois ou três "cravas", os futebolistas têm de dar uma imagem de pessoas íntegras e impolutas, e mesmo que não queiram, o clube obriga-as. Neste caso Nial Quinn, ex-internacional irlandês e director do departamento de futebol do Arsenal, obrigou Wilshere a retrair-se daquele acto. Mas a verdade é esta: quem fumar pode continuar a ser saudável, contando que compense esse malefício com uma dieta equilibrada, um número de horas de sono suficiente, e já agora algum exercício físico. O médico podia dar uma ajuda, sugerindo alguns suplementos alimentares, entre leveduras e cereais que reduzem o prejuízo causado pelo tabagismo, mas até os médicos têm a tal "cassete" a tocar a mesma música. Ou pior...


10) Cada fumador custa não-sei-quanto ao estado em despesas médicas e em quebra de produtividade, e o fim do tabagismo pouparia não-sei-quantos ziliões e quadrupilhões ao erário público.

Mas que raio de contas são estas que se fazem a "quanto custa um fumador" ao serviço público de saúde? Só os fumadores ficam doentes, ou só apanham doenças derivadas do seu hábito? Andam a contabilizar os fumadores que partem uma perna, digam lá se não é? Os broncos dos americanos são os piores: quanto mais taxam o tabaco, mais "aumentam as despesas em saúde", num autêntico jogo do gato e do rato. E só pode ser mesmo provocação, pois qual é o gestor hospitalar que se preocupa com as despesas dos outros em saúde, e que o estado eventualmente patrocina? É para os consumidores que não fumam se sentirem prejudicados por isso? Se fosse assim já tinham enforcado os desempregados e os pensionistas. E desde quando um médico se demitiu do DEVER de socorrer um doente, independentemente do que lhe causou a doença? Sabiam que na China cerca de 60% dos médicos fumam - e não só na China, pois não sabeis, agora saberdes: os médicos são pessoas também! Sim, sim, são pois. Entenderdes? É chato para o "lobby", que assim não conta com este poderoso aliado na função de recordar as pessoas que "são nojentas, criminosas, viciadas e vão morrer depressa". E essa da "produtividade", significa o quê, exactamente? Que um tipo que tem um vínculo contratual com uma entidade individual ou colectiva tem a obrigação de "andar na linha" mesmo fora do horário em que tem obrigações com essa entidade? E a seguir, acaba o dia de trabalho, fecham-nos numa caixa e põem-nos na prateleira até ao dia seguinte, para não se estragarem? Que merda é esta, pá? Ninguém vê isto? Está alguém aí?


Deixem-me apresentar-vos uma substância igualmente nociva para o ser humano, mas sem a qual ele não conseguiria viver: o oxigénio. Quando nascemos vimos nesta "cápsula" que é o nosso corpo que é feita para durar...infinitamente? Não se sabe ao certo, não há um limite, e mais uma vez repito: cada pessoa é um caso, e o ser humano não vem com manual de instruções, ou um "o que fazer em caso de avaria" que se aplica a todos da mesma maneira, sem excepção. No entanto, quer se tenha ou não cuidados com a saúde, aí está esse maldito oxigénio, que nos envelhece, provoca a oxidação e em suma, é um sádico que nos deixa viver só para depois nos ir matando lentamente. Hmm...isto não vos faz lembrar nada? 

Não estou aqui a mandar recados para que fumem ou não, e recomendo que deixem de fumar, se for o caso, e não comecem se ainda não fumam. Não se deixem impressionar com factos que no fim levam todos ao mesmo destino: o regresso à matéria de onde originalmente partimos. Claro que se pode viver com mais qualidade fazendo as opções correctas, e podemos partilhar toda a informação nesse sentido, mas com maneiras! Se não fuma e um fumador não o estiver a incomodar, não vale a pena provocá-lo, arranjando pretextos patetas daqueles "à americana", do tipo "vou passar por aí esta tarde com a minha filha de 4 anos e você está aí a poluir o ar, seu insensível, monstro sem coração". 

E você fumador, "ó tu que fumas", respeite o espaço que partilha com aqueles que não fumam. Pode ser que não saiba, pois a si não o incomoda, mas os cigarros  contêm (entre mais mil e uma coisas) amoníaco, que se encontra também naquele produto horroroso que a sua empregada usa para limpar o fogão, e você se queixa que "lhe irrita os olhos". É o mesmo com o fumo do cigarro para quem não fuma, meu caro. Não confunda liberdade com libertinagem. 

Sejam civilizados, não fumem, e se fumam façam-no com deferência por quem não fuma, e desses esperem sempre um tratamento respeitoso. Valeu?


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