domingo, 14 de junho de 2015

Abre os olhos, Fernando!



Ficou mais uma vez demonstrado na Arménia que a selecção nacional precisa  de sangue novo, e já. É preocupante quando no onze inicial temos apenas 4 (quatro) jogadores com menos de 30 anos, e um deles é Rui Patrício (os anos nos frangos contam-se vezes cinco, certo?). Dos que já estão na casa dos 30 está também Cristiano Ronaldo, que tem levado a selecção às costas, literalmente: ele resolve, ele decide, e é dos seus momentos de inspiração que nascem as qualificações de Portugal para os grandes torneios. Tivemos o exemplo do "play-off" para o mundial, onde o CR7 eliminou praticamente sozinho a Suécia, com três golos no jogo da segunda mão em Estocolmo, e pode-se dizer que o mesmo aconteceu este Sábado, pois só no caso de Portugal perder na Albânia e na Sérvia corre o risco de ir jogar o "play-off" dos terceiros - e mesmo assim pode ser que não vá. Além da dependência de Ronaldo, que no tabuleiro do relvado é tecnicamente um extremo, notou-se novamente a falta de um ponta-de-lança, de um homem de área, de um goleador. Pois, eu sei temos Ronaldo, e temo-lo para tudo, aparentemente. Golos? Ronaldo. Livres? Ronaldo. Mediatismo? Ronaldo. Qualidade que eleva acima da mediocridade? Ronaldo, tudo Ronaldo. A questão do ponta-de-lança é no meu entender mera falta de um par deles no sítio, pá! O que não falta em Portugal são jogadores capazes de marcar golos até furar as redes adversários - em alguns casos temos avançados que marcam mais golos nos seus clubes do que Ronaldo no Real Madrid! Devem estar agora a perguntar "quem será", fazendo caretas feias enquanto pensam no Postiga, no Hugo Almeida ou no Éder, mas posso garantir que estão frios, muito frios. Substituindo-me ao departamento de observação da selecção das quinas, ou seja quem for que está encarregado de descobrir jogadores seleccionáveis, deixo-vos com alguns pontas-de-lança que com toda a certeza não deixariam qualquer treinador preocupado no caso da ausência de Ronaldo. Gostava de deixar bem claro que faço isto sem qualquer tipo de segundas intenções ou compromissos de qualquer espécie: é tudo por amor à camisola!


Se ainda não conheciam Adriano, é porque não seguem o  futebol português com atenção! Nem vocês, nem o Fernando Santos. Este prolífico ponta-de-lança madeirense de 31 anos - maduro, eu sei, mas mais concretizador que Hélder Postiga e Hugo Almeida juntos - tem por nome completo José Adriano Xavier Aveiro, e sendo ele natural da pérola do Atlântico e tendo o mesmo apelido de Cristiano Ronaldo, só pode ser seu primo - eu assumo que seja, e até aposto um pacote de semelhas, com vessesses, sês cubanes do cuntinent. Portanto, este é o primo que dá conselhos a Cristiano Ronaldo de como se marcam golos, pois ele próprio trata a baliza por "tu", e os guardiões adversários por "vai-te embora daqui, palonço!". Querem factos, números, provas? Aqui vai: formado nos escalões jovens do Marítimo, demorou a afirmar-se nos séniores, passando pelo União,  Pontassolense, Santacruzense  e CF Andorinha antes de ir poisar (eh, eh) no Câmara de Lobos, onde encontrou finalmente a sua estrela de artilheiro. Desde 2009/2010, época em que apontou apenas 5 golos em 29 jogos, tem sido uma evolução a olhos vistos: 10 golos em 23 jogos na época seguinte, depois 18/32, 19/22 e finalmente esta época deu-se o magnum ópus de Adriano, que fez nada mais, nada menos que 30 (trinta) golos em 21 partidas  do campeonato da I Divisão da AF Madeira. Estamos aqui a falar de uma média de 1,36 golos por jogo, meus amigos. Saibam ainda que Adriano apontou 60% do total de golos da sua equipa, que somou 50 na competição em que terminou no terceiro lugar. Surpreende-me como o CR7 nunca recomendou este ás dos golos aos responsáveis da selecção. Será por ciúmes? Medo de perder o estatuto de estrela da equipa?


Se acham que o Adriano já tem demasiada experiência e preferem um goleador mais jovem, e ao mesmo tempo com provas dadas, eis o meu favorito deste lote: Amândio Raimão - isto é nome de ponta-de-lança e tudo. Dá gosto pronunciar o seu nome quando marca, e têm sido muitas vezes para quem tem apenas 22 anos. Amândio Pedro Alves Raimão nasceu em Alhos Vedros, concelho da Moita, distrito de Setúbal, e iniciou-se na arte dos golos logo por cima, no FC Barreirense. Contudo o apelo do clube da sua terra Natal, deixada para trás, a 25 minutos de autocarro, foi maior, e ainda nos juvenis foi representar o Clube Recreio e Instrução, o maior clube (e o único) em Alhos Vedros. Com a camisola do CRI (assim são conhecidos os alho-verdenses), e ainda no primeiro ano de júnior, apontou 26 golos em 17 jogos, e chamou a atenção dos vizinhos e rivais do Desportivo de Portugal, do Vale da Amoreira, que o contrataram por uma verba não divulgada. Ainda nos escalões jovens apontou 20 golos em 27 jogos pelo Desp. Portugal, e não faltou muito para que fosse chamado à equipa principal. Depois de uma época de estreia sensacional, com 13 golos em 29 partidas do super-exigente e competitivo campeonato da I divisão da AF Setúbal, choveram convites de clubes estrangeiros. Posto isto Amândio Raimão foi para a Suíça, onde representou o FC Saillon, e no ano seguinte rumou à Áustria, e aqui deixou a sua marca de homem-golo, apontando 15 golos em 27 jogos ao serviço do SV Reutten - isto num país onde o futebol é exigente em termos físicos, como é o austríaco. Mas as saudades de casa eram muitas, e Amândio Raimão regressou a Portugal, e assinou pelo AD Quinta do Conde, que ajudou recentemente a subir à I Divisão da  AF Setúbal, apontando nada mais nada menos que 26 golos em 25 partidas. Foi autor de vários "hat-tricks" e "pokers", incluindo...


...quatro golos com que ajudou a sua equipa na goleada por 8-0 no difícil Campo Adelino Cais Esteves, no Poçeirão, casa do GD Lagameças. Quem marca quatro golos aqui, onde parece que se acabou de realizar uma corrida de tractores com gado a fugir à frente, vai à Arménia e chama àquilo um doce. Já para a época de 2015/2016, Amândio Raimão vai voltar a aventurar-se no desconhecido, e já assino pelo Coruchense, campeão da AF Santarém que vai disputar o Campeonato Nacional de Seniores. Pode ser que aí Fernando Santos dê finalmente conta da solução para os problemas do ataque da selecção.


Agora permitam-me que vos apresente uma alternativa mais ousada: e que tal jogar com dois pontas-de-lança? Ideal em partidas realizadas em casa contra selecções como...sei lá, a Albânia? E talvez assim em vez de sermos humilhados com uma derrota consigamos antes uma robusta goleada? Para o efeito não há nada como esta dupla que protagonizou a disputa mais renhida pelo título de melhor marcador num campeonato em Portugal - eu diria mais: no mundo! E aí está a dupla dinâmica: à vossa esquerda Danny Esteves, nom de guerre de Daniel Jorge Dias Esteves, jovem avançado do Ginásio Clube de Alcobaça, de 20 anos de idade, formado nas escolas do U. Leiria e ao serviço do clube da sua terra de origem pela segunda época como sénior, e à vossa esquerda, qual raposa matreira, eis Mário Jorge Gonçalves Ribeiro, conhecido para o mundo do futebol por Jô. - "mundo" entre Vieira de Leiria e Vila Nova de Ourém, entenda-se. Jô passou na sua já respeitável carreira por clubes de elite, casos do Praia da Leirosa, Guiense, Cova-Gala ou Vinha da Rainha, mas foi com toda a experiência que adquiriu em relvados (?) do litoral-centro que chegou em 2010 à Associação Cultural e Recreativa de Moita do Boi, no local com o mesmo nome, situado no Louriçal, concelho do Pombal - todos conhecem, com toda a certeza. Mas não se deixem enganar pelos 34 anos deste menino, pois como eu ia dizendo, nesta sua passagem pela Moita do Boi, já são 97 os remates certeiros nas balizas da I Divisão da AF Leiria. Na época passada "não teve pai", sagrando-se artilheiro da série com 24 golos em 29 jogos, e quando fez ainda melhor este com 26 golos em 27 partidas, eis que surge Danny Esteves a atingir a marca dos 28 golos em outros tantos jogos. Rei morto, rei posto? Claro que não; imaginem o que seria  a nossa selecção com este par de jóias, um com o sangue na guelra e vontade de chegar cada vez mais longe, e o outro que já lê o jogo de pernas do adversário, tal a sua experiência em jogos disputados em locais inomináveis, casos de Marrazes, Caranguejeira, Colmeias, Outeiro da Lameira, Almagreira ou Mata Mourisca. Estes dois juntos foram responsáveis por 54 golos só esta época! E o outro Danny? E o Nani? E o "qué isto queres lá ver tu sai mais é daki?". 

O meu contributo está dado, e não ser por culpa minha que Portugal voltará sem a taça do Euro para o ano, e a do mundial depois em 2008. Abre os olhos, Fernando Santos! Não sejas tão Carlos Queirós, pá!



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