sexta-feira, 15 de maio de 2015

Provedor do leitor (especial Constança Moura)



Na quinta-feira dediquei um artigo neste blogue à jovem Constança Moura, protagonista de um lamentável episódio de violência que ficaria registado em vídeo chocou qualquer pessoa de bom senso que o tenha visto - e penso que quase toda a gente viu. Tratando-se de um tema mediático, e escrito no auge da indignação generalizada, o contador de visualização de páginas "disparou", ultrapassando as 6 mil visitas, facto que normalmente agradeceria (e me deixaria feliz, claro) não fosse pelo facto de estar a pescar num barril. Como assim? Quando circularam os rumores da notícia da morte do cantor Toy, no ano passado, fiz um "post" dedicado ao assunto, que viria a ter (e ainda a contar) mais de 16 milhares de "clicks". Bom, parece que é óbvio que isto só pode ter a ver com o interesse do público português com os seus artistas, ora cançonetistas, ora "hooligans" juvenis que parece que nos tempos livres vão à escola e tudo. Sendo assim fica para mim mais fácil recordar alguns dos leitores lá do rectângulo que os textos são para ser lidos do princípio ao fim, de trás para a frente e de cima para baixo. Já desenvolvo melhor este raciocínio, mas primeiro vou publicar alguns dos comentários que recebi no Blogger e no Facebook. No primeiro exemplo, um anónimo escreveu o seguinte:

Rapaz, toma atenção nisto: tu és doente. Vai lá para fora apanhar sol, anda. Imagino-te um nerd lingrinhas, sentado ao computador, a escrever essas merdas, cheias de ódio por uma gaja que nem conheces de lado nenhum. Chega a ser hilariante. Não és melhor que a Constança.

Ya, ouve, certo, tá-se, tipo...fodes crer pá. Gostei especialmente do tom grave com que me avisa da possibilidade de uma "doença", passa depois para desprezo, como quem enxota um cão pulgento que encontra na rua, de seguida diz que "chega a ser hilariante" e termina sentenciando que "não sou melhor que a Constança". Estaríamos possivelmente na presença da pessoa com as maiores oscilações de temperamento do mundo, caso desse para o levar a sério. Quem me manda o que pensou ser uma crítica incisiva chamando-me de "nerd" e "lingrinhas" na condição de anónimo, podendo facilmente determinar-se quem eu sou, não é alguém que tem a coerência como um valor que estime por aí além. Galeria dos totós para este. Agora no Facebook, tivemos estes:


Ora bem, vieram todos juntinhos e tudo, estes dois primeiro e logo a seguir outro par, mas tratarei dos casos separadamente. Bom, o Nuno Filipe Tavares e o Lucas Carlos, que não vou chamar de "leitores" porque não lêem e o blogue e deram com esta entrada no grupo "Portugueses no estrangeiro", onde divulguei o artigo, estão a querer apaziguar, deitar água na fervura, em suma, aceitar a sua própria sodomização a seco e a frio sem recurso a lubrificação, quer natural, que artificial. Sim, é o que estou a fazer pois, a "apelar à violência". Só faltou acrescentar "...contra inocentes". De facto "fiz pior" que a adolescente, e se calhar ao escrever aquele artigo mandei 46 chapadonas na tromba de alguém em dez minutos, mais uma que a Constança Moura deu naquele palermóide que muitos teimam em considerar uma "vítima". Eu expliquei, ó como expliquei, no primeiro parágrafo do "post" que não advogo o recurso à violência em nenhuma situação, muito menos sou a favor da lei de Talião, de "olho por olho, dente por dente", e se há alguma verdade no que digo depois do aviso que aparentemente muita gente ignorou, talvez seja a parte em que digo "Eu deixava-te dares o primeiro, e nem interessa quantos levavas a seguir pois ao décimo já estavas em coma cerebral(...). Ai sim, sem margem para dúvidas era assim mesmo, mas passo o exagero do "coma cerebral" e tudo o que vem depois disso. Na eventualidade de uma menina ou uma senhora me dar um estalo, o que nunca me aconteceu, fico a pensar que talvez não retribuísse na mesma moeda, pois fica mal, mas certamente que não daria o segundo, e ainda a deixaria saber que só voltava para casa numa peça porque sou um cavalheiro - e ainda teria que pedir desculpa e arranjar uma boa justificação para aquela conduta, porque se foi apenas "porque lhe apeteceu", vai-me ter à perna até mostrar uma declaração médica de que é portadora de alguma deficiência que provoque este tipo de comportamento. Agora no caso da Constança Moura me aparecer à frente, sabendo eu quem é, não a vou insultar e muito menos agredir, pois como diz o chouriço do comentário lá de cima, "não a conheço de lado nenhum". Agora se me vier com merdas e levantar a mão, vai a ser a última que levanta seja o que for durante um bom tempo.

O mais lamentável deste triste incidente é ver como num único episódio se deita a perder tudo o que se aprendeu investindo em educação, pedagogia, disciplina, psicologia e o diabo a quatro. Imagino o que devem ter pensado os profissionais que trabalham com jovens em risco ou oriundos de famílias pobres, desagregadas ou núcleos mono-parentais. É que a Constança Moura não é nada disso! Depois de lhes mandar um par de tabefes, ela arranca da mão dos especialistas a tabela onde e rasga-a aos pedacinhos à sua frente, e antes de ir embora ainda lhe espeta com mais dois carimbos. No vídeo observamos o desprezo desta jovem por tudo o que entendemos por válido no âmbito do social, e até do civilizacional, e nem se pode falar sequer de "um momento infeliz". Há durante os 13 minutos que decorrem o vídeo um, dois, três ou mais momentos em que a Constança Moura tem tudo para pensar um bocadinho e chegar à conclusão que está a ir longe demais. Para ela parece não existir um limite para o desaforo. Se o Nuno Filipe Tavares e o Lucas Carlos ainda pensam que a solução passa por "educar", isso é lá com eles, mas nesse caso é melhor levarem uma trela e um açaime quando forem lidar ali com o "bicho". Quem pensa que eu "fiz pior" está simplesmente a ser desonesto. E parvo. Eu sentadinho aqui na minha cadeira sem tocar com um dedo noutra coisa que não o teclado, fazendo uso de nada mais que o meu direito à opinião, não estou a magoar ninguém, e ainda aviso antes de começar a debitar uma retórica que deixo bem claro que não é habitual nos meus artigos, e que se trata de um mero exercício a que a unicidade da situação proporciona. De facto não é todos os dias que assistimos a um espectáculo daqueles, e ainda bem, pois ao contrário do que disseram alguns dos tais psicólogos infantis que afinal parece que não sabem nada, a violência não está assim tão "banalizada" quanto isso. Depois de tudo isto, se mesmo assim não entenderam, o melhor mesmo é pedirem a alguém que vos interprete o que está escrito e vos explique a diferença entre uma declaração de intenções e um texto satírico.


O Rui Sousa, que pela aparência denota ter complexos por ser careca, e por isso recorre aos óculos escuros para desviar a atenção desse facto, opta por demonstrar a boçalidade que lhe deve ser característica. Ao seu "mete o monstro num sítio que eu cá sei" só lhe tenho a responder o seguinte: Foi o que a tua mulher disse. Já quanto ao senhor que está por baixo, que ao registara a conta do Facebook julgou tratar-se da renovação do cartão de cidadão, demonstra uma agressividade onde faz várias referências à sua dieta alimentar: "merda", "esterco", "trampa" - se calhar é agricultor. Contudo tenho como garantido que talvez não tenha sido este artigo em particular que indispôs o senhor João etcetera etcetera a querer levar-me a conhecer o seu universo fecal, mas antes um outro que publiquei imediatamente antes, dedicado aos milagres de Fátima. E porque digo eu isto?


Ora aqui está, estamos na presença de um anjinho, de uma versão adulta com mais do que idade para ter juízo do petiz que ainda acredita no Pai Natal. Por delicadeza ocultei na imagem da esquerda a identidade e o rosto da senhora, que julgo ser a esposa do João coiso-e-tal, mas na da direita tiro o boné ali à malta das caminhadas pela estrada rumo ao santuário onde há 98 anos é muito improvável que tenha acontecido alguma coisa, quanto mais se ter dado o aparecimento da mãe de Jesus. A propósito, no referido artigo encontrei ainda o seguinte comentário:

Anónimo disse...
Oi jovem. És ateu? Por mim tudo bem, mas e que tal se deixasses os outros ser religiosos, se lhes apetece? Ah, e não gostas do Cristianismo? Experimenta ir para outras paragens, fazer as tuas imbecilidades, adaptadas à religião local, e acabas com a cabeça cortada.

Ahem, ora bem, como podem ver, é grave, muito grave. O artigo sobre os milagres de Fátima, outra das minhas paródias que, e é importante salientar isto, foi bem recebida na generalidade, teve pouco mais de 500 "page views", o que é um número acima da média, atendendo a que apenas o divulguei em dois grupos do FB, e ambos de Macau. Se o fizesse nos grupos mais generalistas, onde pululam estes beatos e beatas, caíam-me todos em cima. Não que eu tenha medo deles, mas lá ia colocar os moderadores em situação delicada, e estes seriam obrigados a imitar o Santo Ofício e a queimar-me na fogueira. Felizmente nos tempos que correm isto traduz-se apenas em banirem-me do grupo, na pior das hipóteses, mas como se percebe pela ansiedade do comentário do anónimo, que têm saudades da fogueira inquisitorial, lá isso têm.

Já estou mais do que habituado este tipo de reacções de quem se convenceu de uma MENTIRA em que nem ele próprio acredita. No artigo não afirmo uma única vez que os milagres (ainda não sei de que "milagre" se trata, exactamente)  não aconteceram, nem me ponho na posição de adversário ou inimigo da Igreja. Quanto ao Cristianismo, não tenho nada contra, e em relação à Igreja Católica estou-me nas tintas, e mesmo quando me tentei aproximar rejeitaram-me simplesmente porque me recuso a pôr de joelhos perante o que alguém que não é mais nem menos do que eu me quer ditar sem me justificar ou convencer do que quer que seja. Daí desejo ao João blá blá blá boas caminhadas, que sempre vai sendo algum exercício que faz, e ao anónimo devolvo a recomendação: e se me deixasse não ser religioso em paz? Não me vê a ir à sua Igreja e começar a disparatar como você fez aqui, na minha "não-igreja". Já agora não sou ateu, sou agnóstico, e no seu lugar tinha mais receio que me cortassem a cabeça num desses tais sítios onde eu nunca iria de qualquer jeito, e por isso só me resta despedir-me com um redundante "vá você!"

Cumprimentos.


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