domingo, 15 de março de 2015

Um selinho de HIV


Diz-se que se dá "um selinho" em alguém quando lhe damos uma palmada ligeira na nuca ou na testa, como sinal de amizade, ou para comemorar um acontecimento, marcar uma efeméride, em suma, expressões mais íntimas de camaradagem entre amigos mais próximos. No entanto no Brasil há quem tenha pegado nesta brincadeira inocente e criado um monstruoso exemplo de degradação sexual. É o auto-denominado "Clube do Carimbo", que consiste de um grupo de cibernautas homossexuais, alegadamente seropositivos (assume-se apenas que assim seja) que ensina através de um fórum online técnicas de transmissão do vírus HIV através de sexo sem protecção. O clube tem sido tema de conversa desde o início desde do mês no Brasil, e apesar da reacção inicial (e normal) ser a censura e o repúdio, a verdade é que a adesão tem sido cada vez maior. O grupo denomina os infectados pelo vírus "vitaminados", e nas entradas mais recentes feitas nas suas páginas, estão conselhos e dicas para aproveitar a época de Carnaval e o regresso às aulas para facilitar a transmissão. Numa delas lê-se: "Todo macho recém-convertido ao bareback [sexo anal sem protecção], lá no fundo, quer ser carimbado para ser convertido para o nosso lado, para o ‘bare’ vitaminado". A filosofia do grupo passa por acreditar que "uma vez que toda a gente esteja infectada, o HIV passa a fazer parte do quotidiano e os seropositivos deixarão de ser descriminados. Doentio, no mínimo. O Código Penal brasileiro pune com prisão de três meses a um ano "quem, consciente de ser portador de doença contagiosa a transmita a outro, expondo a sua vida ou saúde a perigo iminente". Parece manifestamente pouco, atendendo à gravidade deste caso em particular. Os casos de infecção por HIV no Brasil têm registado um aumento exponencial, com o número de novos casos por ano a subir de 4679 em 2003, para 6043 no ano passado.

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