domingo, 22 de março de 2015

Benfica desperdiçou, Porto desaproveitou



Aí está a razão porque toda a gente odeia o Benfica (menos os adeptos do Benfica): perdem quando menos se espera, e é-se apanhado desprevenido, sem um champanhe ou um espumante mais rafeirote a gelar na arca. E foi no Rio Ave, como já tinha sido em Paços de Ferreira, que o Benfica volta a perder quando tinha 99% do favoritismo. E ainda mais impossível de prever ficou esta boa notícia - haja pelo menos uma - quando aos 5 minutos Salvio fez o primeiro golo do encontro para os encornados enconados escarrados encarnados, o que levado ao teste do algodão da lógica significava que o jogo estava decidido a favor dos faroleiros, e julgo mesmo que alguns adeptos do Rio Ave começaram a deixar o estádio para antecipar um eventual congestionamento do trânsito, uma hora e meia mais tarde. Só que o futebol é um jogo com 11 de cada lado, a bola é redonda e nada é impossível (menos para Macau), e como o Benfica foi deixando o tempo passar sem marcar o segundo, o quinto e nono golos, como é de seu timbre nestas partidas interessantíssimas, o Rio Ave acabou por empatar aos 74 minutos, com Ukra a converter com sucesso uma grande penalidade a favor da equipa da casa. Depois não sei se foi o Rio Ave que transbordou ou se as águias se esqueceram como se faz um voo picado, não só o Benfica não reagiu como ainda chupou com um segundo pirolito vilacondense no quinto minuto de descontos, servido por um venezuelano que dá pelo nome de Yonathan Del Valle. Incrível! Eu até desconfiaria da arbitragem, que decidiu que ninguém saía dali sem o Benfica marcar o golo da vitória, mas como Marco Ferreira assinalou um "penalty" contra os bermelhos, e ainda expulsou o defesa Luisão a cinco minutos do fim e e tudo, parece que afinal o filme foi passado ao contrário. Um verdadeiro Baltazar Garzón das arbitragens, este juíz que também já tinha arbitrado o Braga-Benfica, que valeu a primeira derrota da época aos passarinhos. Bem haja, grande homem!



Pouco depois entrou em campo o FC Porto, que sabendo de antemão da derrota do seu rival, tinha a oportunidade de ficar a apenas um ponto da liderança, mas o desafio era...(música de trilha de suspense) NA MADEIRA! UAH, AH AH AH! Sim, na Pérola do Atlântico, único local onde o Porto perdeu fora para o campeonato, frente ao Marítimo. Ontem o adversário era o Nacional e o resultado foi um empate a um golo e mais dois pontos perdidos, o que vale por dizer que a insularidade faz mal aos dragões, que no Funchal perderam cinco pontos que chegavam e sobravam para ultrapassar o Benfica, que se encontra a três. Mais uma vez nem a lógica prevaleceu e nem o favorito confirmou esse estatuto, e apesar de Cristian Tello ter dado a vantagem aos visitantes em cima do intervalo, uma altura cirúrgica em termos de gestão do jogo, o Nacional acabou por empatar aos 62 com um golo de Wagner. E não se pense que depois os alvinegros se limitaram a defender o empate, pois após o golo as oportunidades foram divididas em número e em género para os dois conjuntos. O Porto é uma equipa habituada a todo o tipo pressões, e muitas são as ocasiões em que é exactamente essa pressão que motiva e lhes serve de inspiração, mas ontem foi diferente. É possível que pela primeira vez desde que Jackson Martínez se lesionou, em finais de Fevereiro, a equipa tenha sentido a falta do seu finalizador colombiano.

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