sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Merde, les hooligans!
O mundo do futebol está chocado com o comportamento exibido por adeptos ingleses no metro de Paris esta semana. Os adeptos, que vieram apoiar o Chelsea, que jogou na terça-feira no Parque dos Príncipes a primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões frente ao Paris Saint-Germain são vistos nas imagens recolhidas pelo circuito interno do metro da capital francesa a empurrar um homem, não o deixando entrar numa das composições. O homem em causa, que ficou meio atrapalhado por não entender inglês (e ninguém entenderia de qualquer jeito, pois aposto que os tipos estavam bêbados) foi identificado pela polícia francesa como Souleymane S., e sendo ele de ascendência africana (da Mauritânia), foi imediatamente acionada a ogiva do racismo - uma desculpa para o comportamento parvo de gente parva, enfim. E o passageiro prejudicado, homem de bem, 33 anos, casado e pai de três filhos sabe-a toda, pois logo após o incidente foi contactar as associações de combate ao racismo. Ah sim, e a polícia também. Em declarações à imprensa Souleymane disse que "não contou nada à sua família", pois "não sabe como explicar aos filhos que o pai foi impedido de entrar num transporte por ser negro". Não quis contar para evitar esse embaraço, mas desconfio que a estas horas tanto a mulher como os filhos do sr. Souleymane já devem estar fartos de saber. Como seria de esperar a atitude dos adeptos ingleses mereceu a condenação do mundo do futebol, desde o próprio treinador do Chelsea, o português José Mourinho, que se diz "envergonhado" com o comportamento dos apoiantes da equipa, passando pelo treinador francês do Arsenal, Arsène Wenger, e terminando, lá está, em Chris Ramsey, actualmente o único treinador negro na Premier League, tendo substituído Harry Redknapp no banco do Queens Park Rangers há duas semanas. Estava montado o circo.
E há mais uma "vítima" deste horrivel atentado: Josh Parsons, um jovem de 21 anos, contabilista da companhia Mayfair, que agora anunciou que ele está "suspenso por tempo indeterminado" das suas funções "enquanto decorrem as investigações". Investigações do quê, afinal? Era Parsons um dos três "hooligans" que vieram mais tarde a ser identificados como sendo os que haviam molestado Souleymane, e que segundo testemunhas "entoavam cânticos racistas" na carruagem do metro? Não, nada disso. Parsons, conhecido adepto do Chelsea, "estava na mesma carruagem" que eles, só isso. O "boy genius", que apesar da sua juventude tem um emprego generosamente remunerado e uma carreira promissora pela frente...perdão, tinha! Pois apesar do seu patrão, que é asiático, e as pessoas que o conhecem melhor terem vindo a terreno defendê-lo, apareceram de imediato os parasitas que em colaboração directa ou indirecta com os tablóides, vasculham a vida das pessoas, e pouca importa se estão a prejudicá-las ou a humilhá-las, pois por um bom "escândalo", vale até "arrancar olhos". Já veio um palerma qualquer que diz ter sido colega de Parsons no Colégio Millfield, situado em Somerset e para onde só vão os melhores e os mais ricos, dizer que "ele não era boa rês", e subitamente apareceu do nada uma fotografia do jovem com Nigel Farage, do UK Independent Party, conotado com a extrema-direita, datada de...há quatro anos! Vale tudo, mas shush! cuidadinho, que quem pensar ou disser que isto do racismo é nada mais do que uma tremenda palhaçada, é logo tido como "racista" - um bocado como quem pensa que os "gays" não devem ser discriminados, torturados, enforcados ou submetidos a tratamentos de choque é também ele "gay", estão a ver?
O que aconteceu no metro de Paris é lamentável, um acto de salvajaria, mas e depois? Nunca viram os adeptos de futebol ingleses a comportar-se assim, e muito pior? A memória é assim tão curta? Heyzel não vos diz nada? Ainda alguém vivo se lembra do Euro 88 na Alemanha, ou já foi há tantos séculos assim? Parece-me que a França não é um país esclavagista nem um entreposto de negreiros, e existem leis, e tal, e que aquilo que os bifes bandalhos fizeram é contra uma ou mais dessas leis. Como foram identificados, toca a puni-los e pronto, acabou-se a história. Chega de "caças às bruxas" à custa do politicamente correcto que é tudo menos correcto. Assim qualquer dia quando se chega a qualquer local público é preciso realizar um inquérito junto de cada um dos presentes para se ficar completamente esclarecido sobre a sua ideologia, o seu passado, o que comeu ao jantar na quarta-feira anterior, etc, etc. para me prever de qualquer ser acusado sei lá do quê, puta que os pariu. Começamos a cair no ridículo, e se calhar há pessoas que mais valia ficarem caladas. O Platini, por exemplo, é um pateta, mas desta vez esteve bem ao sacudir a água do pacote saiu-se bem, dizendo que "aconteceu fora do estádio, não tem nada a ver com a UEFA". Metam isto na cabeça: O RACISMO NÃO EXISTE! É UM LOGRO! ESTÃO A SUSTENTAR CHULOS, OUVIRAM? Que grande porra. Bolas!
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