domingo, 1 de fevereiro de 2015

Mais tsunamis (Orangotango meu amor)


Agora que tanta gente fala do Estado Islâmico e dos perigos do fanatismo religioso, permitam-me que  vos fale de outro tipo de fanatismo igualmente baseado em princípios depletos de sentido e fundamento, e assente em factos mais que duvidosos. Esta imagem que vemos em cima diz respeito a uma notícia de 2003 - com quase 12 anos, portanto - chegada da Indonésia, onde foi desmantelado um bordel clandestino e de onde foi resgatada uma fêmea de orangotango de nome "Pony". Detalhe sórdido: o símio foi encontrado acorrentado a uma cama "perfumada e pintada com baton". Não tão sórdido mas bastante suspeito é a ONG que a resgatou ter precisado de juntar dinheiro durante um ano (!) para contratar 35 polícias (?!) para resgatar o animal. História muito mal contada, esta, pois se a actividade era de facto ilegal e para mais desta natureza, não seria difícil exigir às autoridades que fizessem a apreensão o mais cedo quanto antes. 

Entretanto a veterinária que prestou auxílio à macaca diz que "na Tailândia é frequente ver fêmeas de orangotango em bordéis", onde são usadas, segundo ela, "para diversão sexual dos clientes". Eu estive na Tailândia três vezes o ano passado, vi bares, sim, salões de massagem e outros locais onde é nítido serem prestados serviços sexuais, e não vi lá nenhum orangotango - a não ser que a senhora veterinária esteja a tentar ser engraçadinha através de uma insinuação discriminatória em relação à aparência de algumas mulheres tailandesas. Eu não estou a tentar ser engraçadinho, garanto, até porque fazer este tipo de generalizações usando como única prova uma notícia de há 12 anos relativa a um incidente ocorrido numa área ainda semi-selvagem de outro país, é que me parece grave. Sendo assim tão comum encontrar primatas nesses locais para este tipo de finalidade, não seria muito difícil a estes tão dedicados paladinos dos direitos dos animais recolher secretamente algumas imagens. 


Mas isso não impede que os hiper-sensíveis defensores da causa, sempre prontos a servir prato atrás de prato de justiça instantânea digam o que pensam, e mais uma vez dou graças por esta gente não mandar em coisa nenhuma além de na sua própria casa (às vezes nem isso). Alberto Magno, por exemplo, sabe-a toda: com tanta catota por aí ao desbarato, porque diabo fazem estes tipos uma coisa destas??? Da próxima vez vão ter com o Beto que ele leva-vos às meninas e elas fazem um preço de amigo. Reparem novamente na referência aos "zoófilos" - cuidado com esta gente, União Zoófila Portuguesa. O Leandro Neri tem uma visão mais higienista da coisa, e chama para a discussão uma das teorias sobre o aparecimento do HIV-SIDA, que sugere ter sido inicialmente transmitida de macacos para homens através da via sexual. Mario do Bacon (lindo nome para um defensor dos direitos dos animais...) deseja a morte a todos os envolvidos, mas isso é um doce comparado com o que vem a seguir. O orgasmo da pouca-vergonha é cortesia de Itala Alencar Simões Lopes, a quem desde já recomendo o internamento numa instituição de apoio aos potencialmente insano-criminosos, 
que nos diz que "esse povo é nojento e bem conhecido pela crueldade contra animais". Não é claro a que povo se refere, se o indonésio ou tailandês, mas se lhe perguntarem aposto que ela responde "os dois". Até porque foi nesses dois países que mais se fizeram sentir os efeitos do "tsunami" do dia depois do Natal de 2005, por isso tanto faz, e se há algo que os podia ensinar a não abusar mais dos pobres animaizinhos, eram levarem com "mais tsunamis" em cima, como sugere a Itala. Não vale a pena explicar à senhora que milhares de animais morreram também durante a tragédia de 2005, para quê? Fugir a sete pés e ficar a léguas desta gente, é o que eu recomendo.

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