quarta-feira, 29 de outubro de 2014
N does not stand for "Nazi"...or does it?
Andava à procura de um pretexto para falar disto a algum tempo, mas durante uma das minhas incursões pela "concorrência", deparei com este post do Blogue do Firehead, da autoria do meu camarada Hugo Gaspar, que nos fala de um vídeo propagandístico do British National Party (BNP), um partido da extrema-direita do Reino Unido, conhecido pelas suas posições anti-emigração, anti-islão, etc.,etc., o mesmo que todos os partidos de extrema-direita por essa Europa fora. Achei estranho não ter ouvido nada sobre a alegada censura deste vídeo pela BBC, e só depois de uma busca na net percebi que essa censura reporta-se a Abril deste ano, portanto já lá vão seis meses. Não é também nenhuma novidade, pois é amiúde que os vídeos do BNP são censuradas pelas mais diversas razões, e neste caso particular usaram a imagem do soldado britânico Lee Rigby, assassinado no ano passado por extremistas islâmicos, para ilustrar o seu descontentamente por aquilo que consideram uma "descaracterização do Reino Unido" - e fizeram-no sem autorização da família de Rigby. Entre os que estão habituados à retórica vazia dos nacionalistas britânicos e os indiferentes, entre as vozes indignadas estavam também simpatizantes do partido. Isto explica desde logo a "censura" da BBC, que neste caso não teve outra alternativa.
No entanto reconheço alguma razão do BNP na sua mensagem, em algumas das suas posições, e até na sua vertente ideológica, o problema é que se perde no meio de tanta fantochada. É claro que um país deve manter as suas características culturais, e vá lá, "étnicas", valendo isso o que vale, e nem faz sentido abrir aqui discussões sobre "pureza", sendo nós portugueses o resultado do cruzamento dos inúmeros povos que ocuparam a Península Ibérica, para não falar dos que são descendentes de estrangeiros, cuja herança genética se perde sabe-se lá onde e quando. É um facto que a emigração deve obedecer a regras específicas, e não se deve deixar entrar "toda a gente". Duvido que algum estado que se preze cometa tal desfaçatez; se entram elementos perigosos pertencentes a grupos extremistas ou terroristas não será com convite nem carta de recomendação. Esse tem sido o pretexto do BNP, e logo aí percebe-se que assentam num pressuposto de desonestidade. Ao alterarem o discurso que serviu de génese à sua própria criação, acrescentam a isto o facto de serem hipócritas.
Por alguma razão o mais recente UKIP (Partido Independente) conseguiu cativar o eleitorado, tornando-se o primeiro partido além de Trabalhistas e Conservadores a vencer uma eleição no Reino Unido, conquistando 24 dos 73 lugares no Parlamento Europeu, contra 20 dos primeiros e 19 dos últimos. O sucesso residiu sobretudo na prevalência da posição euro-céptica, muito popular entre os britânicos, sobre as bafientas conspirações que culpam os emigrantes por tudo e mais alguma coisa. O mesmo sucedeu com a extrema-direita noutros países, casos da Áustria, Holanda, e surpreendentemente a Grécia, que optaram por discursos mais protecionistas e menos pela via da culpabilização de emigrantes pelos fenómenos do desemprego ou da criminalidade. Os emigrantes vêm para trabalhar, é normal, e não é definitivo que o problema da criminalidade seria resolvido com políticas anti-emigração. Imaginem que até a Marine Le Pen "baixou a bolinha", demarcando-se da cacofonia do papá, e com resultados que se vêem. Mais votos venham, e ela ainda aparece abraçada a um argelino. Seria engraçado, se não fosse pelo facto da popularidade destes partidos de índole populista variar conforme os ciclos económicos; portanto logo que a economia voltar a arrancar, ficam eles a morder o pó.
E para fim deixo o verdadeiro problema com estes vídeos do BNP: são dirigidos a quem, exactamente? Crianças do jardim de infância ou atrasadinhos mentais? Desenhos animados...tudo muito bem explicadinho, não-sei-quantas vezes e devagarinho, e no fim sempre a mesma mensagem. Tudo bem, já entendemos que o (vosso) problema são os emigrantes, e vamos ignorar a vossa teoria de que aparecem por "maldade", mas e agora, soluções? Alternativas? E também outra coisa: se quiserem livrar-se do epíteto de "neo-nazis" ou "nazis", não ajuda nada se entre os vossos membros tiverem grupos que organizam manifestações NAZIS e se auto-intitulam NAZIS. Imaginem que existe uma fatia significativa do eleitorado que se interessa por proteger os interesses do Reino Unido, não simpatiza com emigrantes mas rejeita ser conotada com os nazis? Se há? Há pois! E vota no tal UKIP.
Como eu escrevi no comentário lá no meu blogue, este vídeo peca por passar uma mensagem errada sobre o Ukip. Repare que o discurso de Nigel Farage foi convenientemente interrompido após dizer que o Ukip não é contra a imigração e que recebe os imigrantes. E assim, e também através das imagens que se seguem, o BNP conseguiu passar a mensagem de que é claramente contra a imigração. Ora, isso não é coisa dum partido verdadeiramente de Direita (quanto mais de extrema), mas sim do lado oposto, fazendo lembrar mais uma Coreia do Norte ou uma Antiga União Soviética.
ResponderEliminarEu próprio sou um português do Oriente, tenho sangue chinês, mas eu defendo que cada país (cidade ou lugar) tem e deve defender a sua própria identidade. E como se faz isso? Mantendo sempre o seu povo nativo como maioria e fazendo prevalecer a sua cultura, a sua tradição, etc. sobre as restantes. Em Roma sê romano, portanto se eu for para Inglaterra, é normal que eu tenho que me reger de acordo com as regras de jogo dos ingleses. Do mesmo modo que, concordemos ou não, todas as mulheres que vão para o Irão têm que se vestir como o país obriga. A existência de mulheres com burqas e niqabs no Ocidente é uma autêntica afronta às nossas liberdades, pois então e se a polícia precisar de as identificar? Vão alegar que sao muçulmanas, que não podem mostrar as suas fuças e nós encaixamos isso e assobiamos para o lado?
Uma coisa é a imigração; outra coisa completamente diferente é a invasão.
Com as taxas de desemprego actuais, não me parece que a imigração seja assim tão necessária neste momento.
Abraço.