sábado, 20 de setembro de 2014
Nay!
A Escócia foi a referendo pela independência do Reino Unido, e o "não" ganhou - os escoceses, o povo das terras altas da Grã-Bretanha que os ingleses só conseguiriam subjugar por completo no início do século XVIII, e que desde então ficariam como uma das jóias da coroa, escolheram continuar ao serviço de Sua Majestade, mesmo depois de há uma semana o "sim" pela independência ter pela primeira vez liderado as sondagens. Apesar da atitude democrática da rainha Isabel II, que deixou os seus súbtidos escoceses à vontade para decidir o seu futuro, era nítida a decepção causada pela atitude separatista, e nos últimos dias antes do referendo o poder em Londres começou a levar a sério a ameaça. Chegaram os apelos vindos de políticos, figuras públicas e outras personalidades no sentido dos escoceses escolherem permanecer na "família" unionista britânica, e foi isso mesmo que aconteceu, com o "não" a vencer com cerca de 55% dos votos, numa das eleições mais concorridas de sempre na Escócia. Aqui parece que o senso comum prevaleceu, e só mesmo uma grande dose de orgulho patriótico pode explicar como é sequer viável que um país tão dependente do outro se queira separar dele. Recorde-se que a independência total da Escócia implacaria a saída da União Europeia, e ainda do sistema monetário britânico, que significaria a perda da Libra como denominação fiduciária. A outro nível a famosa "Union Jack", a bandeira do Reino Unido, perderia a sua cor azul. Ia ser difícil de imaginar.
E enquanto os britânicos estavam a braços com esta possível "crise", o alarme soou nos restantes países a braços com movimentos separatistas, e nem todos com uma posição tão tolerante como a da coroa britânica - para quem tem aspirações deste tipo um referendo é uma referência, por assim dizer. É o exemplo da Espanha, que tem em várias províncias do território que a compõe várias células independentistas, e depois da Escócia tudo indica que a Catalunha seja a próxima região a referendar a sua independência, e aqui o problema sobe de tom: os catalães têm muito mais condições para sobreviver sem estarem unidos com a Espanha, e Madrid dificilmente aceitará de bom grado perder aquela província. De um outro quadrante, a China fica também atenta a este tipo de movimentações, se bem que na hora de produzir uma declaração oficial remetam sempre para "um assunto interno" do país em questão. Nada de surpreendente, pois uns com mais vontade que outros, os povos que se sentem deslocados no país onde estão assimilados vão espreitando a cada oportunidade para adquirir mais autonomia. É preciso recordar que as fronteiras nunca são algo de definitivo, e os mapas mudam, mas por outro lado cada vez que um território "sentisse" que devia ser independente, em vez de 206 estados soberanos teríamos certamente mais de mil. Ninguém é obrigado a ficar com ninguém contrariado, mas às vezes é preciso ponderar se não é melhor ficar do lado de "um diabo que já se conhece, do que dar um passo tão arriscado no escuro. Os escoceses ponderaram, porque lhes foi dado a escolher - cada caso é um caso.
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