sábado, 20 de setembro de 2014
Dali (o teu Salvador)
Foste a minha musa, a minha Gala, e eu fui o teu Salvador. Eras a bailarina que dançava na ponta dos pés em cima da cabeça da morte, que era eu, o "señor muerto", uma metamorfose de Narciso - eras tu quem punha o "realismo" do meu surrealismo. "Cubismo?" - perguntei eu...ah és só tu minha madonna de Port Lligat, que me deixou um toureiro alucinado, o teu dada. Minha tentação de Santo António, meu rosto à janela, eras tu quem faltava naquela paisagem perto de Figueras, quem faltou naquela festa. És o cisne que reflecte esse elefante que sou eu, és a persistência da memória, monstra sagrada, o mel mais doce que o sangue. Eu sem ti sou um mero velho crespuscular, um harlequim a quem resta uma garrafa de rum, um ovo estrelado no prato, mas sem prato.
Dor de corno?
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