quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Capuchinho Cloee e os lobos maus
Cloee Chao, nº 2 da Macau Forefront Gaming e Figura de Semana de 5 de Setembro neste blogue queixa-se de estar a ser perseguida pela polícia, noticiou na sua edição de hoje o Jornal Tribuna de Macau. Cloee ganhou protagonismo quando apareceu na revista Bloomberg o mês passado, na qualidade de activista pela causa da proibição do fumo nas salas dos casinos - de recordar que a mulher de 34 anos e mãe de duas filhas trabalha há 17 anos na indústria do jogo, e o fumo que inalou durante este tempo causou-lhe uma doença respiratária, nomeadamente bronquite crónica.
Também na entrevista à Bloomberg vem explicada a causa do alegado assédio policial: Cloee denunciou à conceituada publicação norte-americana que as autoridades "exerceram violência desnecessária" sobre os trabalhadores dos casinos durante uma manifestação no último 25 de Agosto. Aparentemente a polícia também comete "vingançazinhas" deste tipo, igual às crianças, e como a "croupier" actualmente ao serviço do "Wynn" foi fazer "queixinhas" aos americanos, não fizeram a coisa por menos e acusam-na agora de "desobediência qualificada" (parece que está na moda) por alegadamente "ter furado um cordão policial" na acima referida manifestação. Reparem: aquela frangota na imagem em cima "conseguiu" atravessar através de uma barreira de polícias matulões - estes devem andar a precisar de tomar Calcitrin.
Agora o mais grave: segundo Cloee, as autoridades chamaram-na a prestar declarações no dia 9 de Setembro, feriado do Bolo Lunar, e ainda ligaram aos seus pais dizendo-lhe que a filha "poderia ser acusada de um crime grave", o que os deixou sobressaltados, e segundo a "croupier" estragou-lhes o dia. A pergunta que se impõe só pode ser a seguinte: tem a polícia autoridade para tomar esta atitude? É lícito quando alguém não está acusado de nada ligar a familiares próximos dizendo-lhes que pode ou não ser indiciada de um crime? Parece-me perverso, até, fazendo fé nas palavras da queixosa. É sintomático que os elementos do Novo Macau, de que Cloee é membro recebam um tratamento "especial", uma marcação cerrada, não lhes sendo permitido sequer atirar uma casca de amendoim ao chão. Em Macau quem quiser ter uma voz dissonante é obrigado a juntar-se ao Novo Macau, mas o preço é a perda de privacidade.
Este caso, a juntar a outro noticiado nos últimos dias que dava conta da recusa da Google em providenciarà polícia de Macau a identidade de alguns dos seus utilizadores vem provar que a "barra dura" começa a regressar aos poucos, durante mais de 3 meses de "moderação", desde as manifestações de Maio contra o Regime de Garantias dos Titulares dos Cargos Públicos. O relaxamento foi tamanho que até deu para comemorar o 4 de Junho no Largo do Senado, o que já não acontecia desde 1995, e mesmo durante o período do "infame" referendo civil parecia visível uma certa descoordenação nas Forças de Segurança. Não questiono o trabalho da polícia e seu secretismo, que no fundo também me serve, como cidadão, e é lógico que confio neles para a minha protecção e a de todos os cidadãos do território. Mas assim, e novamente partindo do suposto que Cloee Chao está a dizer a verdade (e eu acredito que sim), este comportamento não é propriamente o de um agente da autoridade. Se os polícias começam a fazer de criminosos, quem é que vai fazer de polícia?
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