He Qin-jiao, uma menina de 13 anos natural da Província de Hunan, na China, é um exemplo de amizade verdadeira e auxílio ao próximo. Desde há três anos que Jiao carrega às costas até à escola durante quatro quilómetros a sua amiga He Ying-hui, que ficou paralisada devido à poliomelite. Jiao acorda todos os dias às seis da manhã, e depois de completar as tarefas domésticas vai a casa da amiga para levá-la às costas até à escola. Pelo menos foi assim até Setembro do ano passado, quando o governo local ofereceu à menina debilitada uma cadeira de rodas, e fica agora tudo mais fácil para ambas. Os media deram eco a esta notícia de um elevado carácter humanista, e as redes sociais chinesas elegeram Jiao "a menina mais bonita da China" - bonita no sentido amplo, entenda-se. Jiao agradece a cortesia mas diz que desde o início a sua intenção foi fazer com que a amiga pudesse ir para a escola, e teria pena se ela fosse obrigada a ficar em casa. Quanto ao esforço, diz que "não tem importância", pois as duas aproveitam a caminhada para conversar e fortalecer os laços de amizade. He Ying-hui diz que "Jiao é a melhor amiga que alguém podia ter", e está-lhe eternamente grata, pois tem a noção de que "se não fosse por ela, não poderia ir à escola". Ambas as meninas completaram este ano o ensino primário, mas como as suas famílias têm poucos recursos, não sabem ainda se vão continuar a estudar. Pelo menos gozam de uma cumplicidade que certamente as deixará unidas para toda a vida. Um sinal de progresso num país onde os valores abstractos se volatilizam cada vez mais em deterimentos dos materiais. Como sempre, as crianças mostram o caminho, através de algo com que todos nascemos, e eventualmente acabamos por perder: a inocência. É preciso fazer o possível para manter pelo menos um pouco da chama. Ganhamos todos com isso, no fundo.
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