sábado, 26 de julho de 2014
Os anjinhos estão no céu
Tenho visto um pouco por toda a parte nas redes sociais uma certa desculpabilização do Estado de Israel pela agressão que tem levado a cabo na Faixa de Gaza, no âmbito do seu combate ao Hamas. Esta legitimação daquilo que Israel chama de "direito à defesa" é baseada sobretudo em imagens divulgadas pelo Hamas, o grupo que luta contra o estado judaico pela auto-determinação da Palestina, e a retirada de Israel dos territórios ocupados. Essas imagens mostram sobretudo homens, mulheres e crianças mortos ou feridos com gravidade, e exibidos em parada em vez de serem levados onde pudessem receber assistência médica, além de cenários de destruição onde o Hamas alegadamente oculta armas, usando civis como "tampão", e apontando depois o dedo a Israel. Concordo com tudo isto, e não há dúvida que os militares do Hamas são gente sem considerão pela vida humana, e que dispõe da população que alega querer defender, usando-a como peões políticos - além de terem um conceito de propaganda que chega a insultar a inteligência da opinião pública. No entanto reservo o direito de não ilibar Israel de responsabilidades nesta tragédia humanitária, e é uma pura desonestidade intelectual tentar convencer alguém que alguma desta violência é justifica. Reparem no vídeo acima, onde se vê um edifício em Gaza a ser destruído por artilharia israelita. Primeiro é disparado um morteiro de aviso, de modo a permitir a saída de eventuais civis que se encontrem no prédio, e de seguida é disparada a bomba que o destrói - 25 (vinte e cinco) segundos depois! Quer dizer, vinte e cinco segundos? Quem estava lá dentro, o Flash, o Roadrunner e o Speedy Gonzalez? Censuro o Hamas pela forma como coloca em risco os seus cidadãos, apelando depois à simpatia da comunidade internacional e a condenação de Israel, e censuro Israel por achar que isso justifica tudo e mais alguma coisa - duas partes beligerantes, nenhuma delas inocentes. Os anjinhos, a existirem, não será certamente num cenário de guerra.
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