terça-feira, 13 de maio de 2014

Liga ZON Sagres em revista


BENFICA - Uma das melhores épocas dos últimos 30 anos para o Benfica, que já não era campeão a duas jornadas do fim desde 1983/84, com Eriksson. Curiosamente a temporada começou e acabou com derrotas, e ambas por 1-2, no Funchal frente ao Marítimo e no Dragão frente ao FC Porto. À sexta jornada os encarnados já tinham desperdiçado sete pontos, e estavam em 5º lugar a cinco do pontos do líder, que era na altura o Porto de Paulo Fonseca. Seguiram-se duas séries de cinco vitórias consecutivas, entre a 7ª e a 11ª jornada, e entre a 13ª e a 17ª, interrompidas por empates em casa frente a equipas que se encontravam na cauda da tabela: Belenenses e Arouca. Depois do empate em Barcelos frente ao Gil Vicente à 18ª jornada, a equipa de Jorge Jesus arrancou em definitivo para o título, com onze vitórias consecutivas. O Benfica venceu na Luz os adversários directos, Porto e Sporting, empatou em Alvalade, e perdeu no Dragão na última jornada, com o título mais que garantido. Teve o melhor ataque, com 58 golos marcados, e a melhor defesa, com 18 sofridos. Além do título, arrecadou ainda a Taça da Liga, que venceu em Leiria na final frente ao Rio Ave, por 2-0, e ainda está em duas frentes; quarta-feira discute a final da Liga Europa frente ao Sevilha, e no Domingo a Taça de Portugal no Jamor, outra vez frente ao Rio Ave.

SPORTING - Leonardo Jardim terá sido o treinador leonino que menos pressão tinha no início da temporada, pois bastava fazer melhor que o sétimo lugar da época passada - o 3º lugar que desse acesso ao "play-off" da Champions, e quem sabe uma das duas taças internas seria o mínimo que se pedia ao treinador madeirense. O Sporting entrou bem, com duas goleadas antes de um empate em casa com o Benfica à 3ª jornda, sofreu a primeira derrota à 8ª jornada no Dragão, mas reagiu bem, somando cinco vitórias consecutivas, e à 13ª jornada liderava com mais dois pontos que Porto e Benfica - estávamos a 15 de Dezembro. Depois surgiu o "fantasma" do Natal, e nos cinco jogos seguintes os leões venceram apenas um, empataram três, e finalmente perderam na Luz, à 18ª jornada, e caíram para 3º lugar, a cinco pontos dos seus rivais da segunda circular. A ponta final foi bem conseguida, com seis vitórias consecutivas entre a 23ª e 28ª jornada, e com a crise do Porto o 2º lugar e o acesso directo à fase de grupos da Champions ficou garantida. O Sporting apostou num plantel jovem, onde William Carvalho, Islam Slimani e Carlos Mané foram revelações, Adrien Silva e André Martins confirmações, Wilson Eduardo desiludiu, e algo de muito estranho aconteceu com o avançado colombiano Fredy Montero: à 12ª jornada tinha 13 golos marcados e liderava a lista dos artilheiros da Liga, e não mais marcou a partir daí ficando cinco meses em branco. Terá que ir à bruxa? Fala-se da saída do treinador Leonardo Jardim para os franceses do Monaco.

FC PORTO - Esta foi a pior época em mais de trinta anos para os dragões, que desde 1981/82 não ficavam atrás dos dois rivais de Lisboa. Pinto da Costa apostou em mais um treinador português, Paulo Fonseca, que havia levado o P. Ferreira a um sensacional 3º lugar na época anterior, mas a equipa viria a ressentir-se da saída de dois elementos chave na conquista dos títulos dos últimos anos: João Moutinho, o "patrão" do meio-campo, e James Rodríguez, o extremo criativo, ambos saídos para o Monaco. A época até nem começou mal, com sete vitórias e dois empates nas nove primeiras jornadas, mas o descalabro seguiu-se com o empate em casa frente ao Nacional e a derrota em Coimbra com a Académica - a primeira em mais de 50 jogos - que ditaram a perda da liderança. Para quem não estava habituado a perder, o Porto tomou-lhe o gosto, e seguiram-se derrotas na Luz (15ª jornada), no Funchal (17ª), eliminação da Liga dos Campeões e repescagem para a Liga Europa, e apesar da dramática eliminatória passada contra o Eintracht Frankfurt na diferença de golos marcados fora, a gota de água foi a derrota caseira frente ao Estoril, à 20ª jornada, que deixou os dragões a sete pontos do Benfica, e praticamente arredados do título. Entrou Luís Castro, treinador da equipa "B", que nas últimas dez jornadas somou seis vitórias, um empate e três jornadas, e ainda sofreu a eliminação da Liga Europa com direito a goleada em Sevilha, e das duas taças domésticas às mãos do Benfica, ambas nas meias-finais. O espanhol Lopetegui ficará responsável de devolver a dignidade ao Porto na próxima época.

ESTORIL - O jovem treinador Marco Silva está em alta; depois de ter levado o Estoril de regresso à Liga há dois anos, obteve um excelente quinto lugar na época passada, e este ano fez ainda melhor, terminando num quarto posto, que pode valer à equipa da linha a entrada directa na fase de grupos da Liga Europa, caso o Rio Ave não vença o Benfica na final da Taça de Portugal. Nem a participação menos conseguida na Liga Europa atrapalhou os "canarinhos", que andaram sempre pelos lugares cimeiros do campeonato, obtiveram fora de casa nove das suas quinze vitórias - incluíndo vitórias no Dragão e em Alvalade - e da 12ª jornada até ao fim perderam apenas por duas vezes: na Luz, e em casa contra o Rio Ave. Chegaram a ameaçar o terceiro lugar do Porto, e no fim igualaram a melhor classificação de sempre, o 4º lugar obtido no longínquo ano de 1947/48.

NACIONAL - Os nacionalistas vão-se afirmando como a primeira equipa da Madeira, terminando mais uma vez à frente dos rivais do Marítimo, e conseguindo o quinto lugar pela terceira vez na sua história - para não falar dos dois quartos lugares em 2004 e 2009, a melhor classificação de uma equipa madeirense na divisão principal. Manuel Machado demonstrou mais uma vez ser especialista em apuramentos para provas europeias, terminando pela quinta vez nos cinco primeiros lugares,o a terceira com os nacionalistas. O melhor período do Nacional terá sido entre a nona e a 21ª jornada, quando conseguiram quatro vitórias e nove empates, dois destes em Alvalade e no Dragão. Conseguiram ainda vencer o Porto em casa por 2-1, golear o Braga por 3-0, e o P. Ferreira na Mata Real por 5-0, o melhor resultado de sempre no escalão principal.

MARÍTIMO - De mal a mal, os maritimistas conseguiram um honroso 6º lugar, logo atrás dos seus rivais insulares, o Nacional. Pedro Martins cumpriu a sua terceira época ao serviço dos funchalenses, e resistiu até a uma série de cinco derrotas consecutivas, entre a 5ª e a 9ª jornada, deixando a equipa nos lugares da despromoçãp. Depois de apenas 17 pontos na primeira volta, a segunda correu melhor com 24 pontos somados. Entre os momentos altos estiveram as vitórias nos Barreiros frente ao Benfica, logo na jornada inaugural, e frente ao FC Porto, na 17ª. O avançado brasileiro Derley foi o segundo melhor marcador da prova, com 16 golos. O Marítimo vai para a sua 30ª presença consecutiva no escalão principal.

V. SETÚBAL - A época começou nada famosa, com o despedimento de José Mota à 7ª jornada, após uma vitória (4-1 em Guimarães), dois empates e quatro derrotas. José Couceiro foi o substituto, e conseguiu levantar a moral das tropas, resistindo mesmo a uma série negra de quatro derrotas, entre as jornadas 13 e 16. A época foi uma das mais tranquilas dos últimos anos para os sadinos, que como se sabe vêem há alguns anos sofrendo de problemas de liquidez, e as duas vitórias e três empates nas últimas cinco jornadas resultaram num 7º lugar, quiçá acima das expectativas. O avançado brasileiro Rafael Martins apontou 15 golos, tornando-se o terceiro melhor marcador da liga.

ACADÉMICA - Por muitos defeitos que se possam colocar em Sérgio Conceição, o ex-jogador do Porto, Parma e Lazio levou este ano os estudantes a um oitavo lugar, e a realizar uma época sem sobressaltos. É apenas a segunda vez que a Académica termina nos dez primeiros desde 1986/87, quando ficou em 9º lugar, e melhor só com Domingos Paciência em 2008/09, quando terminaram em sétimo. Fica ainda para a história a vitória caseira contra o FC Porto, que foi a primeira em mais 40 anos, e interrompeu uma série de mais de 50 jogos sem perder dos dragões.

SP. BRAGA - Uma época desastrosa para os bracarenses, que nos últimos anos têm sido bastante ambiciosos. As coisas começaram a correr mal para Jesualdo Ferreira com a eliminação algo inesperada do "play-off" da Liga Europa, frente aos modestos romenos do Pandurii. A equipa nunca conseguiu intrometer-se nos lugares da frente, apesar de contar no seu plantel com vários jogadores internacionais, como são os casos de Eduardo, Nuno Coelho, Custódio, Éder, Edinho ou Rúben Micael, e estrangeiros com experiência, como Alan ou Paulo Vinícius. O professor saíu à 20ª jornada, deixando a equipa em nono, e do Farense veio Jorge Paixão, que só conseguiu duas vitórias nos últimos dez jogos. Um ano para esquecer na capital do Minho.

V. GUIMARÃES - Também do Minho, mas da cidade-berço, também poucos se podem orgulhar da temporada realizada, pois o Vitória, vencedor da Taça de Portugal na época passada, fez o pior resultado desde a descida de divisão em 2005/06. A nível interno, as coisas corriam bem até à 14ª jornada, quando os vimarenenses ocupavam o 5º lugar com 23 pontos, mas somaram apenas 3 vitórias a partir daí, e 12 pontos na segunda volta. Na Europa as coisas correram igualmente mal, pois após uma vitória caseira frente aos croatas do Rijeka e um empate fora com o Lyon, vieram duas derrotas com os espanhóis do Betis, um empate na Croácia e uma derrota em casa frente aos franceses, que ditaram o afastamento da Liga Europa. Apesar de tudo Rui Vitória foi-se mantendo até ao fim como treinador.

RIO AVE - Mesmo terminando em 11º lugar, os vila-condenses têm razões para sorrir, pois ao contrário das seis equipas que terminaram imediatamente à sua frente, qualificaram-se para uma prova europeia. Resta saber se a entrada na Liga Europa se faz através da fase de grupos, ou se é necessário passar duas fases, tudo depende se a equipa de Nuno Espírito Santo vencer a final da Taça de Portugal frente ao Benfica no próximo Domingo. Para a história fica ainda a final da Taça da Liga, já realizada e perdida também contra a Benfica, a segunda final de uma competição nacional do clube, depois da final da Taça contra o Porto em 1983/84. No campeonato o Rio Ave pode agradecer a época tranquila graças ao brilhante desempenho fora de casa, onde conseguiram 21 dos 32 pontos obtidos, produto de seis vitórias e três empates. Em casa só duas vitórias: na 2ª jornada frente ao V. Setúbal, e na 16ª contra o Belenenses. O desgaste era evidente nas últimas cinco jornadas, onde só fizeram um ponto.

AROUCA - A estreia dos arouquenses no escalão principal foi positiva, e nada o faria prever, especialmente depois de uma série de seis derrotas e três empates, entre as quinta e décima-terceira jornadas - mesmo que um desses empates tenha sido na Luz frente ao campeão Benfica. Pedro Emanuel deu a volta ao texto a partir da 14ª jornada, começando a somar 22 dos 31 pontos que garantem ao Arouca a permanência.

GIL VICENTE - O presidente dos gilistas António Fiúza protagonizou um dos momentos de maior boa disposição da pré-época, quando justificou a sua aposta no treinador João de Deus com um bem humorado "Deus é melhor que Jesus", referindo-se, é claro, ao treinador do Benfica, Jorge Jesus. E até não estava muito longe da verdade à 9ªjornada, altura em que os gilistas ocupavam um surpreendente 4º lugar com 17 pontos, a seis do líder Porto e a três dos grandes de Lisboa. Só que depois deu-se um autêntico apocalipse, com apenas dois pontos conquistados nos onze jogos seguidos. As vitórias consecutivas frente ao Gil Vicente em casa, e depois em P. Ferreira mantiveram Deus no trono dos "galos", e trouxeram paz ao mundo do Adelino Ribeiro Novo, mas dado o excelente início de temporada, o 13º lugar acaba por saber a pouco.

BELENENSES - Os azuis de Belém prometiam no mínimo uma época tranquila, atendendo à qualidade do seu plantel, mas o infortúnio bateu-lhes à porta, quando o técnico holandês Mitchell Van der Gaag foi obrigado a deixar o lugar à disposição, devido a doença cardíaca. À quinta jornada e apenas com 3 pontos, fruto de uma vitória e quatro derrotas, Marco Paulo pegou na equipa, mas apenas mais duas vitórias em 18 jogos mantinham a equipa na cauda da classificação. Lito Vidigal foi chamado ao lugar, e nas últimas sete jornadas obteve 3 vitórias e dois empates, e garantiu a permanência já na última ronda.

P. FERREIRA - Depois da melhor época de sempre em 2012/13, com o terceiro lugar e qualificação para o "play-off" da Champions, veio uma época para esquecer. Primeiro a eliminação do referido "play-off" às mãos dos russos do Zenit, seguido de uma prestação miserável na Liga Europa, e as baterias foram apontadas ao treinador Costinha, que sairia à oitava jornada apenas com 4 pontos, produto de uma vitória e um empate. Entrou para o seu lugar Henrique Calisto, que devolveu alguma garra à equipa, mas deixaria o cargo à 20ª jornada, depois de (mais) três derrotas consecutivas. Depois foi a vez de Jorge Costa, que encetou uma excelente recuperação, com três vitórias nos primeiros quatro jogos, mas a equipa voltaria a claudicar nas últimas cinco jornadas, onde obteve apenas um ponto. Os pacenses vão disputar mais um "play-off" esta época, mas desta feita contra o Desp. Aves, com vista a decidir a 18ª equipa que participará da Liga ZON Sagres edição 2014/15.

OLHANENSE - Os algarvios partiram para a sua quinta temporada consecutiva entre os grandes tidos como a equipa mais fraca, mas Abel Xavier foi mantendo a equipa nos lugares do meio da tabela até à 8ª jornada, altura em que saíu por razões pessoais. Seguiu-se Paulo Alves, que não foi feliz nas seis jornadas como treinador da equipa, conseguindo apenas um ponto, e para o seu lugar entrou o italiano Giuseppe Galderesi e foi feito um reforço do plantel. Apesar dos 15 pontos em 16 jogos a partir daí, e uma vitória histórica frente ao FC Porto na penúltima jornada, o Olhanense "morreu na praia", e a derrota por 1-3 em Setúbal na ronda final ditaram o último lugar, e a consequente despromoção à segunda liga.








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