sábado, 31 de maio de 2014
Garbage metal
Agora que o Executivo deixou cair a lei da mama, perdão, de garantias aos titulares dos principais cargos, etc, etc, é altura de tratar da legislação que realmente interessa, da que faz falta para animar a malta. Ouvi por aí que estava na forja uma lei que regulava o ruído, que a ser bem feitinha e aplicada como deve ser, ia-nos poupar os tímpanos dos ataques desses terroristas do decibel que por aí andam. Um deles, o mais descarado e "melga" de todos é aquele indivíduo que traja de vermelho e circula regularmente pelo centro da cidade, entre a Av. Almeida Ribeiro e a Av. D. João IV, castigando ainda os pavilhões auriculares de quem passa pela Praia Grande, perto das Finanças. Isto quando não se lembra de montar a tenda em frente ao Edifício Administração Pública, na Rua do Campo, para mal dos meus pecados. Será que ainda não percebeu que ninguém lhe liga nenhuma, a não ser pela poluição sonora de que é responsável? Não tenho qualquer problema que o indivíduo proteste, que bata com o pé, que se vista de palhaço e corte os braços e fique no meio do Largo do Senado esticado no chão feito um Cristo, como já aconteceu, nem tenho nada contra o que o motiva a fazer tudo isto - como podia ter eu algo contra aquilo que ignoro por completo?
O que ele podia dispensar era aquela grafonola estridente que produz o som de um coro de rãs na desova e gralhas a entoar "A Internacional", e com que anda por aí a espalhar o terror. Sim, o terror, porque quando se escuta à distância a chinfrineira que sai daquele, ahem, "equipamento sonoro", as pessoas não dizem a sorrir: "olha, é o homem de vermelho, personagem típica de Macau"; o que dizem é: "Fujam! É o maluco e a sua orquestra infernal!", enquanto tapam os ouvidos e correm sem direcção, para o mais longe possível do tenebroso sonido do rufar dos tambores do demo. O que vão pensar os turistas que aqui vêm, sim, a nossa fonte de receitas, os idolatrados turistas? Vão pensar que toleramos a vagabundagem e a arruaça, e que não temos capacidade de manter a ordem pública. Ontem à tarde, hora em que recolhi esta imagem, fazia um calor insuportável, e especado em frente ao BNU à espera que o sinal mudasse para os peões, ainda tive que levar com a banda sonora do sofrimento das almas danadas, o que ainda me deixou mais "pregado aos arames". Portanto é favor legislar, e já agora desta vez tenham cuidado e não façam disparates, e se o homem cumprir a lei e desligar aquela merda (recomendo que a jogue no lixo, simplesmente), deixem-no em paz a fazer as figuras tristes que quiser - o problema é dele, contando que não faça barulho. Acho graça quando penso nisto e me lembro dos "gimbras" que diziam (e dizem) que a música que a malta nova escuta "é barulho". Ora bolas, barulho é aquilo; "trash-metal" ainda se aguenta, agora o que o "Red Man" faz ali é inventar um novo sub-género: o "garbage metal".
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