sexta-feira, 16 de maio de 2014
A culpa é do Phil Collins!
Na semana marcada pela aproximação da visita de Cavaco Silva à RAEM, que tantos opinadores locais aproveitaram para se dedicar à "Cavacologia" - o estudo dos comos, ondes e porquês da vinda ao mundo do homem de Boliqueime - preferi utilizar o tempo de antena que me é gentilmente cedido todas as semanas pelo Hoje Macau para abordar a temática do clima. E olhem que entre o Cavaco nos visitar todos os fins-de-semana, ou até vir para cá morar, e a chuva acompanhada do calor e da humidade, prefiro mil vezes o Cavaco. E quantos de nós não fica puto da vida quando apanha com chuva no coiro e lembra-se daquela cançãozinha panasca, "I Wish It Would Rain Now"? E já agora, e falo por mim, quantas vezes não nos apeteceu culpar o Phil Collins quando qualquer coisa nos corre mal? Todos os dias, enfim. Bom fim-de-semana!
Sempre que chove, e tem chovido a potes estes dias, lembro-me sempre de canções sobre a chuva, e dou por mim às vezes a escutar ou a cantarolar uma ou outra – conforme o local e o estado de espírito, naturalmente. Num dia escuro e de chuva, sem nada para fazer, nada como acrescentar à letargia o som de “Rain”, de Madonna, ou numa nota ainda mais taciturna, “Prayers for Rain”, dos The Cure. No caso de estar entretido com qualquer coisa que me deixe bem disposto, ao mesmo tempo que gozo do conforto do lar e a segurança de que não vou precisar de sair, a banda sonora pode ser “It’s Raining Again”, dos Supertramp, “Rainy Day”, dos Coldplay, o ainda o clássico “Have You Ever Seen the Rain”, dos Creedence Clearwater Revival – ou melhor ainda, “Let it Rain”, de Eric Clapton, que é como quem diz, “estou-me nas tintas”.
Na eventualidade de estar na rua e o céu começar a escurecer, e eu “See the Sky About to Rain” (Neil Young), começo logo a pensar em “A Hard Rain’s A-Gonna Fall (Bob Dylan), ou “Here Comes the Rain Again (Eurythmics), e não tarda muito começarão a cair “Buckets of Rain” (outra vez Dylan), e isso deixa-me a pensar “Who’ll Stop the Rain?” (e voltamos aos Creedence Clearwater Revival). Com alguma sorte pode ser que haja “No Rain” (Blind Melon), ou que tudo não passe apenas de “Heavy Cloud no Rain” (Sting).
Mas caso se dê a eventualidade de “Rain Fall Down” (Rolling Stones), e eu dê por mim “Standing in the Rain” (Carole King), e for apanhado desprevenido, sem guarda-chuva e longe de casa, acabo por me tornar num “Fool in the Rain” (Led Zeppelin), e dar por mim “Running in the Rain” (New Model Army), dando às pernas um pouco de “Traction in the Rain” (David Crosby), à procura de um abrigo, para que possa ficar “Covered in the Rain” (John Mayer). Mas mesmo que alguma “Rain Must Fall” (Queen), podia ser pior: nos meus piores pesadelos dou por mim “Naked in the Rain” (Red Hot Chili Peppers).
Só não consigo aceitar nem entender é como alguém consegue comemorar o facto de ser molestado pela chuva, cantando uma alegre “Rain Song” (Led Zeppelin), quando deveria antes estar a entoar um “Rainy Day Blues” (Willie Nelson). Há aquele que celebra “Singing in the Rain”(Gene Kelly) e o outro que cantarola enquanto “Rain Drops Keep Falling on my Head”( B.J. Thomas), ou ainda o outro que tem a lata de dizer “I Love a Rainy Night”(Eddie Rabitt). Há ainda os indiferentes, que apenas dizem “Let the Rain Fall Down”(Hillary Duff) – para quê reclamar da mijoca da natureza? Para esses “Raiders on the Storm” (The Doors), loucos dos quais só escutamos o seu “Laughter in the Rain” (Nel Sedaka), digo-lhes apenas: “Take Some Rain”(Jackson Browne), porque não acho que “Rain is a Good Thing”(Luke Bryan), e prefiro procurar “Someplace to Come When it Rains” (David Allan Coe).
Mas o pior de todos deve ser o Phil Collins, que no seu “I Wish it Would Rain Down”, onde considera que o melhor remédio para uma relação amorosa com um desfecho infeliz será levar com uma boa molha nos ossos. Nós aqui em Macau, onde ora chove que se farta, ora faz um calor de bradar aos céus, e a regra é andar sempre com a roupa colada ao corpo, só faltava mesmo juntar a tudo isso uma grande dor de corno. Razão mesmo tinha a imortal Ella Fitzgerald: “Into each life some rain must fall; but too much, too much is fallin’ into mine”.
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