terça-feira, 29 de abril de 2014
O racismo não tem caroço
É um dos temas mais discutidos após o último fim-de-semana desportivo em Espanha. No Domingo, durante a recepção do Villarreal ao Barcelona no El Madrigal, um adepto da equipa da casa atirou uma banana ao jogador brasileiro Dani Alves, que representa as cores da equipa visitante. Por falar em cores, parece que este acto de atirar um peça de fruta a um jogador negro ou mestiço é considerado uma acto de racismo. Agora a pergunta sacramental: porquê? Aparentemente a mensagem que se está a passar através desta acção é que o jogador em causa, neste caso particular Dani Alves, assemelha-se a um símio, vulgo macaco, e portanto apreciaria que lhe atirassem uma banana. A verdade é que Dani Alves, provavelmente sentido os seus níveis de potássio em baixo, agradeceu a oferta e comeu a banana. Entretanto os responsáveis do Villarreal identificaram o adepto em questão, e garantiram que seria banido dos jogos da equipa que se realizarem no El Madrigal - se for nos jogos fora e ele quiser levar consigo um cacho de bananas, o Villarreal não se responsabiliza.
Pronto, não vou discutir se o adepto do Villarreal teve ou não uma atitude racista com o atleta Dani Alves, mas o que eu duvido muito é que o adepto seja racista por natureza. Senão vejamos, olhando para o plantel do Villarreal, é possível observar alguns jogadores da mesma categoria genética de Dani Alves, como são os casos do brasileiro Gabriel Paulista, do mexicano Javier Aquino, ou ainda de Giovanni dos Santos, que é as duas coisas: mexicano e brasileiro. Na linha avançada temos ainda o nigeriano Ikechukwu Uche, e este só pelo nome já daria para atirar uma bananeira inteira, na putativa proporção do acto "atirar uma banana=racismo". Caso fosse este adepto um racista militante, um defensor da pureza da raça ariana, um mini-Hitler de trazer por casa, e certamente nem punha os pés no El Madrigal para assistir aos jogos. E não estou em crer que vá ali para atirar bananas ao Giovanni, ao Aquino ou ao Paulista, se bem que este último até merecia, pois marcou um autogolo. Do Ikechukwu então é melhor nem falar; atirava-lhe com bananas, amendoins e ainda se montava nas suas costas para lhe catar e comer os piolhos - isto seguindo a tal tabela do racismo, entenda-se.
Entretanto no Brasil, a coisa foi levada muito a sério, um assunto de estado, e até a presidente Dilma Rousseff se diz "chocada" com o incidente - já o "mensalão", pronto, é menos grave, enfim. O também futebolista Neymar, colega de Dani Alves no Barcelona, foi ao ponto de criar um canakl na rede social Twitter onde apela a personalidades dos mais variados quadrantes a demonstrar a solidariedade com esta "causa", e assim vemos o próprio Neymar, Michel Teló e a apresentadora Ana Maria Braga comendo ou segurando em bananas, e assim tornando este mundo um melhor lugar para se viver, livre de racismo e preconceito (?). Agora vejam bem que nome o Neymar foi dar ao canal do Twitter: #somostodosmacacos. O quê? Quer dizer, fala por ti, ó Neymar. Eu gosto de comer bananas, e ainda esta manhã fiz um batido de banana, mas não o fui beber para cima de uma árvore enquanto coçava o meu rabo vermelho. Vamos lá ver, eu até entendia se o DanI Alves tivesse sido agredido com uma facada, uma pedra, uma moeda, sei lá, qualquer coisa de pesado ou contundente, mas...uma banana? Que ainda por cima comeu? Não entendi...
Ah esperem lá, agora sim, já entendi. O MC Bola, um popular "funkeiro" (?) ajudou a explicar. É racismo sim senhora, e a indignação é completamente justificada. Enforquem já esse sacrista desse adepto do Villarreal! Abaixo as bananas do ódio!
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