quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Os sons dos 80: Sting
Gordon Sumner, ou "Ferrão" para os amigos.
Gordon Matthew Thomas Sumner nasceu em 1951 em Wallsend, perto de Newcastle, na Inglaterra. O mais velho de quatro irmãos, a sua mãe era cabeleireira, e o seu pai leiteiro e engenheiro. Aos 10 anos ficou com um mandolim que um amigo dos pais deixou quando emigrou para outro país, e este foi o seu primeiro contacto com um instrumento musical. Na juventude ouvia Jimmy Hendrix e os Cream, e interessava-se por "jazz", que começou a tocar em bares durante os anos em que estudou na Universidade. Uma noite tocava com uma das bandas a que se juntou nessa função, os Phoenix Jazzmen, e vestia uma camisola às riscas pretas e amarelas, e o vocalista do grupo, achando que ele se parecia com uma abelha, chamou-lhe de "Sting" (ferrão), um nome que foi ficando. No documentário "Bring on the night", de 1985, um jornalista dirige-se a ele chamando-o pelo seu nome verdadeiro, Gordon, e este responde-lhe: "Toda a gente me conhece por Sting. A minha mulher chama-me Sting. Os meus filhos chamam-me Sting. Não sei quem é esse Gordon de que fala". E pronto, já não está cá quem falou. Cada maluco com a sua mania, e Sting fica, pronto. 'Tá bem, abelha.
Em Janeiro de 1977, Sting vai viver para Londres, e pouco depois forma com Stewart Copeland e Henry Padovani o grupo The Police. Influenciados pelo "punk", como todas as outras novas bandas aspirantes ao sucesso nesta época, gravam o primeiro disco em 1978, já com Andy Summers no lugar de Padovani. No primeiro disco ainda se nota alguma influência do "punk", em temas como "Roxanne" ou "I Can't Stand Losing You", mas a partir daí assumem a sonoridade que as tornou famosos, uma mescla de "new wave" e "synthopop", de que são considerados um dos pioneiros, com influências do "jazz" e do "reggae". Em cinco anos de existência os Police gravam outros tantos álbums, e ganham seis grammys e dois Brit awards. O seu último registo é "Synchronicity", que inclui o single "Every Breath you Take", o seu tema mais emblemático. Sting, que nos intervalos da sua carreira com o Police apresentava-se em concertos a solo, decide então prosseguir a sua carreira sem os Police.
O primeiro disco de Sting a solo sai em 1985, com o título "The Dream of the Blue Turtles" - "o sonho das tartarugas azuis". Se houve algo para quem Sting teve sempre muito jeito foi para encontrar títulos originais para as canções e discos. O primeiro single foi "If you love somebody (set them free)", mas o segundo e mais bem sucedido foi este "Russians". Uma peça que versa sobre o tema da Guerra Fria, muito em voga naquela época, onde Sting adapta a composição clássica "O tenente Kijé", do russo Sergej Prokofiev. O single chega a nº 12 do top no Reino Unido e a nº 16 da Billboard nos Estados Unidos, mas curiosamente é na França que obtém o maior impacto, chegando ao nº 2 e permanecendo 36 semanas nos tops, vendendo meio milhão de cópias. Este deve ser um daqueles gostos dos franceses que não se conseguem explicar, como a obsessão pelo comediante Jerry Lewis, por exemplo.
No ano seguinte Sting grava o álbum ao vivo "Bring on the Night", com temas reunidos de diversos concertos onde tocou temas do primeiro disco, bem como outro material a solo do período em que estava nos Police, e nunca chegou a gravar. Em 1987 sai o seu segundo álbum de originais, o duplo "...Nothing like the sun". O disco é muito bem recebido pela crítica, e consolida a reputação de Sting como artista a solo, com o nº 1 no Reino Unido e nº 9 na Billboard. O disco inclui alguns dos temas mais conhecidos do seu reportório, como "Be Stealing my Heart", com que foi nomeado para o Grammy na categoria de melhor intérprete "pop em 1989, "Englishman in New York" e este "We'll be Together". No ano seguinte grava um mini-LP com cinco temas do disco em espanhol e em português, que intitula "Nada como el sol". De facto em português gravou apenas uma versão de "Fragile", que ficou "Frágil" - nada a ver com a canção de Jorge Palma com o mesmo nome.
Em finais dos anos 80 Sting vai viver com os índios na selva amazónica brasileira, uma experiência gratificante, na sua opinião, mas que dá azo a alguns mal-entendidos: o músico acusou os nativos de "o quererem roubar", e os índios chamaram Sting de "vaidoso e petulante". Material original só mesmo em 1991, com o álbum "The Soul Cages", seguido em 1993 de "Ten Summoner's Tales", e pelo meio o single "It's Probably Me", com a participação de Eric Clapton para a banda sonora do filme "Lethal Weapon 3". Outra colaboração conjunta mas com melhores resultados foi este "All for Love", para o filme "Três Mosqueteiros", com Rod Stewart e Bryan Adams, que é nº 2 no Reino Unido e nº 1 na Billboard. Seguem-se "Mercury Falling" em 1996, e mais duas nomeações para melhor álbum e melhor intérprete, e "Brand New Day" em 1999. Este milénio Sting continua no activo, tendo já gravado cinco discos com material original. Além de músico, tem ainda uma carreira paralela como actor em cinema e em televisão, sendo mais conhecidas as suas participações em filmes David Lynch, como "Dunne" e "Twin Peaks". Não é o que se possa chamar de "génio", mas é um tipo decente, este artista anteriormente conhecido por Gordon.
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