domingo, 26 de janeiro de 2014
Sandler & Sandler
Adam Sandler é um actor, humorista, guionista e músico norte-americano muito conhecido do grande público, com uma carreira que se extende já por quatro décadas. Nascido no Bronx em 1966, fez a sua primeira aparição na televisão no programa "Cosby Show", em 1987, no papel secundário de um jovem vizinho dos Cosby, um tanto ou quanto idiota. Foi nesse diapasão que fez a sua estreia no cinema com "Going Overboard", em 1988, um filme espezinhado pela crítica, e que consta em quase todas as listas dos "piores filmes de sempre". A grande oportunidade aparece em 1990, quando é contratado para argumentista do show "Saturday Night Live", que acumula com as funções de actor, e onde lhe é dada a chance de apresentar a sua ideia muito própria de humor. É durante os cinco anos que passa em SNL que Sandler ganha "o seu" público.
Despedido do SNL em 1995, regressa às longas-metragens, e apesar da barra dura da crítica, obtém sucesso nas bilheteiras com filmes como "Waterboy", "Happy Gilmore" ou "Bill Maddison". Em 1998 contracena com Drew Barrymore na comédia romântica "The Wedding Singer", uma viagem aos anos 80 em "flash-back", que apesar de não merecer a aprovação da crítica, dá-lhe a ganhar uma respeitável reputação. A partir daí soma e segue em sucessos de bilheteira, como "Big Daddy", "Little Nicky" e "Mr. Deeds", ao mesmo tempo que começa a ser menos enxovalhado pela crítica. Em 2003 exibe os seus dotes de actor dramático em "Punch Drunk Love", que recebe vénias dos críticos especializados, mas que se vem a provar ser uma incursão única fora do seu habitual género. Volta a contecenar com Drew Barrymore em "50 first dates", um êxito enorme, e em 2004 é já um dos gigantes do cinema de comédia norte-americano, uma referência da sua geração.
Dono da sua própria produtora desde 1999, a "Happy Maddison", goza de uma tremenda liberdade criativa, e com um muitas amizades influentes. Chega a contracenar com Jack Nicholson em "Anger Management", com uma recepção mista da crítica, e continua a fazer filmes ao ritmo de um por ano; alguns bem recebidos, como a sua versão do clássico dos anos 70 com de Burt Reynolds "The Longest Yard", a comédia "You Don't Mess with the Zohan", onde faz o papel de agente secreto israelita com ambições a ser cabeleireiro em Nova Iorque, ou comédias mais sérias, como "Funny People" e "Grown Ups"; outros assim-assim, como a comédia "Click" ou "Spanglish", uma segunda incursão pelo drama; ou grandes equívocos, como "I Now Pronounce you Chuck & Larry", uma comédia sobre dois bombeiros heterossexuais que contraem uma união civil para que um deles não perca direitos sobre a sua filha menor, e que foi considerado chauvinista e homófobo, tanto pela crítica como pelos fãs.
Já esta década, a fórmula que parece tão bem ter resultado para Adam Sandler num passado recente parece estar a esgotar-se. Em 2012 ganhou o "razzie" - os anti-oscares, que distinguem o pior que se faz em matéria de cinema no ano anterior - com "Jack & Jill", tanto para pior filme como para pior filme, actor, actriz (no filme Sandler faz papel de irmã gémea do personagem principal, desempenhado por ele próprio), guião e ainda cinco outros, em 2013 volta a ser o pior actor em "That's my boy", e este ano ganha a terceira nomeação consecutive com "Grown Ups 2", quando no primeiro filme a crítica tinha sido menos severa. Actualmente com 47 anos, Adam Sandler parece ter a legião de fãs que tanto lhe custou a conquistar virar-lhe as costas. Faz lembrar o comediante que contou a mesma anedota tantas vezes que já não só ninguém ri, mas começa a enjoar. Não terá razões para se preocupar com o futuro em termos de finanças, certamente, mas para voltar à liga dos primeiros na comédia, precisa de renovar o seu reportório. E depressa.
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