sábado, 25 de janeiro de 2014
Os sons dos 80: Whitney Houston
Com um brilhozinho nos olhos...
Whitney Elizabeth Houston nasceu em Nova Jersey, em 1963, numa família afro-americana da classe média. O seu pai era oficial do exército, e a sua mãe uma cantora gospel, prima das cantoras Dionne e Dee Dee Warwick. Podia dizer-se que a "soul" corria nas veias da pequena Whitney, que começou a cantar aos 4 anos na Igreja Baptista que a família frequentava. Aos nove anos a mãe levou-a a um estúdio de gravação em Nova Iorque, onde gravou cânticos religiosos, e foi apadrinhada por Aretha Franklin, que se tornou sua "tia honorária". Com toda esta bagagem, Whitney estava talhada para o sucesso, e aos 14 anos já fazia "back vocals" para a Michael Zager Band, e aos 15 fez o mesmo para o single "I'm Every Woman", de Chaka Khan, que viria a regravar mais tarde para a banda sonora do filme "The Bodyguard". A sua beleza extraordinária levou-a a uma curta carreira de modelo em Nova Iorque, mas era para a música que estava destinada, e em 1983 assina pela editora Arista, e fazendo uso da sua magnífica voz, começa a preparar a gravação do seu primeiro álbum.
"Whitney Houston" foi o disco de estreia da artista com o mesmo nome, lançado em 1985. Com produção de Jermaine Jackson, irmão de Michael Jackson e ex-membro dos Jackson 5, a estreia foi arrasadora, com as vendas a levarem-na ao nº 2 no top do Reino Unido e ao nº 1 da Billboard, bem como de muitos outros países, como a Austrália, Suécia, Noruega ou Canadá. Do seu primeiro registo ficaram logo assinalados alguns clássicos, como "How will I know", "Saving all my love for you" ou este "The Greatest Love of All". A crítica era unânime em considerar Whitney Houston uma das maiores novas vozes femininas da sua época, e a partir daqui o céu era o limite. E foi, como vamos poder ver mais à frente.
Em 1987 sai o segundo álbum, intitulado simplesmente de "Whitney". Muito aguardado devido ao sucesso do seu disco de estreia, não desiludiu, recebendo vénias da crítica a e uma grande aceitação da parte dos fãs. Foi o terceiro disco mais vendido de 1987, atrás da banda sonora de "Top Gun" e o álbum "Bad", de Michael Jackson, sendo certificado com sextúpla (!) platina. O primeiro single de "Whitney" foi este "I Wanna Dance with Somebody (Who Loves Me)", um tremendo sucesso, chegando a nº 1 no Reino Unido e na Billboard, bem como num sem número de outros países, e vale-lhe o Grammy para melhor intérprete feminina em 1988. Outros singles de destaque do disco incluem "How will I know", "So Emotional" e "Where do Broken Hearts Go". Apesar da aclamação geral, Whitney Houston era criticada dentro da sua comunidade, acusada de ter abandonado as suas raízes afro-americanas, e ter optado por uma via mais comercial.
Em 1989 Whitney Houston envolve-se com aquele que viria a ser o seu marido - e a sua perdição, isto de acordo com a opinião geral: Bobby Brown. Ele próprio artista de R&B, Bobby Brown tinha três filhos de outros relacionamentos e uma longa lista de complicações com as autoridades. Já em 1990 sai o terceiro disco de originais, "I'm Your Baby Tonight", e apesar dio single homónimo e outro, "All the Man that I Need" terem atingido o nº 1 do Billboard, o álbum não consegue ter o mesmo impacto dos dois anteriores. Em 1991 Whitney dedica-se a trabalho humanitário, cantando para as tropas americanas na Guerra do Golfo, a favor dos refugiados do Curdistão, e no 50º aniversário de Mohammed Ali. Mas o melhor ainda estava para vir.
Em 1992 Whitney Houston participa ao lado de Kevin Costner no filme "The Bodyguard", a sua primeira participação como actriz principal no grande ecrã, depois de ter recusado alguns papéis noutros filmes em ocasiões anteriores. A recepção ao filme foi mista, e Whitney receberia mesmo uma nomeação para o "razzie" de pior actriz, mas a banda sonora de "The Bodyguard" foi o maior êxito da sua carreira. "I Will Always Love You", um original de Dolly Parton, é o tema que ninguém esquece, arrasou os tops, vendeu milhões de cópias e valeu à cantora vários prémios, incluíndo o de artista do ano. Foi também em 92 que casou com Bobby Brown, e em 1993 nasce a primeira filha do casal, Bobby Kristina.
...e já com o peso da desilusão.
Whitney Houston ganha o gosto pela representação e pelas bandas sonoras, e em 1995 regressa com "Waiting to Exhale", e no ano seguinte entra em "The Preacher's Wife", ao lado de Denzel Washington. O regresso ao trabalho discográfico fora da sétima arte dá-se em 1998, com "My Love is Your Love", que chega a nº 1 no top-100 europeu e a nº 4 no Reino Unido, mas não vai além do nº 13 na Billboard. A cantora aproveita o virar de século para lancer duas compilações, e regressa aos originais em 2002 com "Just Whitney", numa altura em que a sua relação atribulada com Bobby Brown fazia as delícias dos tablóides. Os anos seguintes são também marcados por rumores que davam conta da sua dependência da droga "crack", e em 2009 "assusta" o mundo com a capa deste "I Look to You", que seria o seu sexto e último registo. Apesar dos seus 46 anos, Whitney parecia ter envelhecido vinte anos entre 2002 e 2009. Em Fevereiro de 2012 aconteceu o que todos temiam: Whitney Houston aparece morta na banheira do seu quarto do Hilton Hotel em Beverly Hills. A causa da morte foi "afogamento accidental provocado por súbita arritmia cardíaca", derivada do uso de cocaína. Tal como Michael Jackson, Whitney fez-se lenda nos anos 80, e depois não conseguiu supercar a modernidade. Essa maldita modernidade, e esse maldito Bobby Brown.
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