sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Os sons dos 80: Depeche Mode
Depeche Mode no início, com toda a frescura própria da "pop" dos anos 80.
Continuando pela música electrónica, e mais ou menos dançável, chegou a altura de falar com uma das bandas que mais de identifica com os anos 80 - pelo menos em termos de popularidade - os Depeche Mode. Formados exactamente em 1980 em Essex, na Inglaterra, os Depeche Mode tinham no seu alinhamento inicial Dave Gahan, Martin Gore, Andy Fletcher e Vince Clarke. Os três primeiros mantêm-se no grupo até hoje, enquanto Clarke saíu depois do primeiro álbum para formar primeiro os Yazoo, com Allison Moyet, e mais tarde os Erasure, onde ainda permanence ao lado de Andy Bell.
"Speak and Spell", de 1981, foi o primeiro disco dos Depeche Mode, que chegou a nº 10 no Reino Unido - nada mau para uma estreia. Para o segundo trabalho, no ano seguinte, entra Alan Wilder para o lugar de Vince Clarke, e "A Broken Frame" chega a nº 8 do top britânico. Seria em 1983 com o terceiro álbum, "Construction Time Again" (nº 6 no Reino Unido) que os Depeche Mode se tornariam mais conhecidos do grande público fora do Reino Unido, e muito por culpa deste single, "Everything Counts", muito mais acessível que o seu trabalho inicial.
Chegamos a 1984, o ano decisivo da "rock-pop", com a entrada de nomes como Madonna, Michael Jackson, Prince, George Michael ou Boy George na galeria dos "imortais" da década de 80, e os Depeche Mode iam tentando chegar ao topo com "Some Great Reward", o seu quarto registo de originais. A "recompensa" não foi assim tão grande, apesar do nº 5 no top do Reino Unido, onde iam melhorando progressivamente. Contudo o disco ficou marcado pelo sucesso do tema "People are People" - a primeira que ouvi do grupo - que foi o seu primeiro "hit single" nos Estados Unidos, chegando ao nº 13 do Billboard-100. Na Alemanha, onde eram especialmente populares, "People are People" foi nº 1, e "Some Great Reward" nº 3 da tabela de álbums. No país dos Kraftwerk, a música electrónica era levada a sério.
Foi preciso esperar até ao pós-Live Aid para ter os Depeche Mode a frequentar assiduamente os tops. O seu regresso dá-se em 1986 com "Black Celebration", que continha os singles "A Question of Time" e "A Question of Lust", e que foi bem recebido tanto pelos fãs como pela crítica - nº 3 no Reino Unido, nº 2 na Alemanha e nº 1 na Suíça, além da certificação como "disco de ouro" da Billboard Americana, apesar de não ter passado do nº 90 no top-200. Em 1987 sai "Music for the Masses", onde se inclui este "Strangelove", um dos temas mais conhecidos do grupo, e que lhes valeu o 1º lugar no top de "Hot Dance Club Play" da Billboard. Apesar de ser evidente tratar-se de música de dança, acentuava-se o tom sombrio, a voz cavernosa de Gahan, que pareciam fadá-lo para "poeta maldito" de uma geração.
"Music for the Masses" ainda não foi o nº 1 que os Depeche Mode tanto ambicionavam no seu país natal, o Reino Unido, e de facto quedou-se pelo nº 10. Isto não os impediu de partir numa digressão mundial com o (muito) material que tinham, e num desses concertos, o 101º, aproveitaram para gravar um duplo-álbum ao vivo, a que chamariam precisamente "101". O disco, acompanhado de documentário, foi gravado durante o concerto de 18 de Junho de 1988 no Rose Bowl em Pasadena, na Califórnia, e posto à venda em Março do ano seguinte. Dele selecionei este tema, "Shake de Disease". A ambiciosa produção e o carácter informativo do projecto
deram a conhecer os Depeche Mode a um público mais vasto, e preparava o caminho para o que se seguiu.
E o que se seguiu foi exactamente "Violator", o magnum opus de Gahan e seus pares. Com mais de 15 milhões de cópias vendidas, "Violator" foi certificado disco de ouro e múltipla platina em oito países, incluíndo Estados Unidos e Reino Unido - onde mesmo assim não foi além do nº 2. O disco manteve-se nos tops um pouco por esse mundo fora até 1992, com temas fortes que dispensam apresentações, como "Personal Jesus", "Policy of Truth" e este "Enjoy the Silence". Era difícil fazer melhor que "Violator", e talvez consciente disso mesmo, Gahan começa a trazer problemas para o grupo. Dependente de heroína, conhecido pelo seu feitio imprevisível, constantemente a fazer e apagar tatuagens, viria a tentar suicidar-se cortando os pulsos em 1995, e no ano seguinte teve uma "overdose" com um "speedball", uma mistura de heroína e cocaína. Pelo meio fica o álbum "Songs of Faith and Devotion", de 1993, que é FINALMENTE nº 1 no Reino Unido e na Billboard.
Mais uma prova que os anos passam mesmo por toda a gente.
É com David Gahan reabilitado que os Depeche Mode regressam em 1997 com "Ultra", mais um nº 1 em terras de Sua Majestade. Depois disso mais quatro trabalhos de originais, sendo o último deles "Delta Machine", do ano passado - para provar que ainda são o que são, chegaram ao nº 2 no Reino Unido e ao nº 1 da Billboard. Com uma carreira de mais de 30 anos com muitos altos e baixos, foi na década de 80 que os Depeche Mode se afirmaram como grande banda, e que culminaria em 1990 com "Violator", que os levou ao super-estrelato. Seguiu-se uma longa decadência, mas ainda hoje mantêm uma fiel legião de fãs de todas as idades (?), e vão fazendo parte da lista de convidados que gostariamos de ter numa festa privada organizada por nós. Era só necessário manter Dave Gahan longe do bar.
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