sábado, 18 de janeiro de 2014
Os sons dos 80: Bryan Adams
O "puto" Bryan, ainda com muito para dar ao "rock'n'roll".
Bryan Adams nasceu há 54 anos em Kingston, Ontario, no Canadá. Filho de imigrantes ingleses, o seu pai era diplomata, e o jovem Bryan viajou um pouco por todo o mundo, vivendo quatro anos em Birre, perto de Cascais. Aos 14 anos arranjou um trabalho a lavar pratos depois das aulas para juntar dinheiro e comprar a sua primeira guitarra, e aos 15 gravava o seu primeiro single como vocalista do grupo Sweeney Todd, "If Wishes Were Horses". Abandonou os estudos e começou a tocar em clubes nocturnos, baseando-se em Vancouver. Em 1978 conheceu Jim Vallence, baterista e compositor da banda de rock "Prism", através de um amigo que trabalhava numa loja de discos. Juntaram-se e assinaram um contrato com a A&M, e em 1979 saía o primeiro single, "Let me take you dancing", um tema influenciado pela música "disco". Foi o início de uma cooperação que vem durando até hoje.
Em 1980 sai o seu primeiro longa-duração, intitulado "Bryan Adams", gravado nos estúdios Manta, em Toronto. O trabalho de estreia passou discreto, demorando seis longos anos a ser certificado com disco de ouro no Canadá. Em 1981 sai o segundo disco, "You Want It, You Got It", gravado No Quebec, que teve três singles com alguma notoriedade, mas não seria até 1983 que o cantor conseguia finalmente provar o doce sabor do sucesso, com o seu terceiro album "Cuts like a knife". O novo registo de Bryan Adams foi muito bem recebido tanto no Canada como nos Estados Unidos, e vendeu mais de dois milhões de cópias em todo o mundo, tornando a sua voz rouca numa das referências do "rock" romântico. "This Time", "Cuts like a Knife" e "Take me Back" foram alguns dos singles do álbum, mas foi este "Straight from the Heart", escrito em 1978 e uma das primeiras criações de Adams/Vallence e que viria a ser o seu primeiro "hit-single".
O mais difícil estava feito: tornar-se num nome conhecido no panorama musical, e a partir daqui o único caminho na escada do sucesso era para cima. Em Outubro de 1984 sai o single "Run to You", um som com uma nota de "rock" ligeiro que entrava no ouvido, e que anunciava o que estava para vir. E com efeito em Novembro chega "Reckless", o disco de maior sucesso de sempre de Bryan Adams, com mais de cinco milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos. "Reckless" valeu ao cantor canadiano o estatuto de super-estrela internacional, e deve ser o disco de onde sairam mais singles, e os mais conhecidos do seu reportório. Desde o ritmado "Somebody" à inesquecível balada "Heaven", passando pelo dueto com Tina Turner, "It's Only Love", ou este "Summer of'69", um pouco pelos quatro cantos do mundo as canções de "Reckless" estavam na boca dos fãs do "rock'n'roll". O projecto era ambicioso, e o retorno foi maior do que o aguardado.
O ano de 1985 foi memorável para Bryan Adams, que teve a agenda de concertos preenchida e o nome gravado na galeria dos grandes da pop-rock internacional. Nesse mesmo ano ainda lançou o single "Diana", e deu o seu contributo para o cancioneiro natalício com "Christmas Time". Seguiu-se uma pausa para digerir o banquete do estrelato, e preparar o quinto álbum, que viria a sair em 1987. As expectativas eram elevadas, e seria muito difícil melhorar o registo anterior, mas fosse como fosse, pelo menos o sucesso comercial para o sucessor de "Reckless" estaria garantido. E foi mais ou menos assim; "Into the Fire" não teria o mesmo impacto que o seu antecessor, mas foi bem recebido pelos fãs e teve nota positiva da crítica. "In the Heat of the Night", o primeiro de seis singles que sairam deste álbum, não ficava muito atrás do que tinha sido feito em "Reckless". Bryan Adams chegava ao fim dos anos 80 com a barriga cheia e a conta bancária bem recheada - e tinha apenas 30 anos.
Os anos 90 marcaram o ressurgimento de Bryan Adams, mas num estilo mais ligeiro, adaptado aos novos tempos. Em 1991 sai "Waking Up the Neighbours", o seu álbum de maior sucesso depois de "Reckless", mas de onde saiu o seu single mais conhecido: "(Everything I do) I do it for you", que foi a banda Sonora do filme "Robin dos Bosques, príncipe dos ladrões", com Kevin Costner. O single vendeu mais de oito milhões de cópias em todo o mundo, foi nº 1 em mais de 30 países (incluíndo Portugal, claro), e detém ainda o recorde de maior número de semanas no topo de vendas no Reino Unido, 16 consecutivas. No intervalo dos cinco anos que demorarou o novo trabalho de originais, "18 'til I Die", Bryan Adams gravou com Rod Stewart e Sting o tema "All for Love", para o filme "Três Mosqueteiros", lançou um disco ao vivo, o primeiro, em 1994, e foi nomeado para um Oscar, com "Have you ever loved a woman", tema do filme "Don Juan de Marco", com Johnny Depp e Marlon Brando.
Trinta anos depois do sucesso de "Reckless", um Adams muito mais maduro.
Bryan Adams sobreviveria ao desafio dos anos 90 - pelo menos financeiramente - mesmo que a crítica tenha tido menos simpática com o álbum "On a Day Like Today", de 1998. O terceiro milénio encontrou um roqueiro quarentão, ainda em forma, mas cujo acto não se traduzia em algo que as novas gerações entendessem. Neste period olançou apenas dois trabalhos de orginais, o último deles em 2008. Chegou então a altura de pendurar a guitarra, sucessora da tal que um jovem Bryan Adams aspirante a músico comprou com o dinheiro que fez a lavar pratos em Vancouver. Os mais jovens pouco ou nada sabem dele, mas os paizinhos certamente se lembram desta vedeta dos eternos anos 80.
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