sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O poço sem fundo


As pessoas temem o cancro quase tanto como a própria morte, e não é para menos, pois apresenta-se como a principal causa de morte nos países desenvolvidos, a par das doenças cardícas. No entanto pouca gente fala desse flagelo que são as "raras condições genéticas", um fenómeno que afecta mais gente do que se pensa, pois apesar destas condições genéticas serem como o nome indica "raras", existem resmas delas, afectando o mesmo número de pessoas (resmas). O cancro pode ser uma chatice, mas pelo menos sabe-se como proceder no caso de ser detectado, independente do sucesso do tratamente. Enquanto isso estas "raras condições genéticas" não têm uma posologia exacta, não se podem tratar ao balcão da farmácia, e podem originar patologias que em alguns casos levam à morte!

Por exemplo, esta criancinha ali em cima na imagem pode morrer! Quer dizer, morrerá de certeza, eventualmente, mas no seu caso pode ser em breve, enquanto ainda tem cara de anjinho. O pequeno Geezer, este querubim britânico de 23 meses de idade, sofre de Síndrome de Prader-Willi (PWS), uma rara condição genética (aí está...), que se caracteriza por não ter a capacidade de perceber quando o estômago está cheio. Portanto um portador de PWS pode comer, comer, comer até rebentar literalmente, sem nunca sentir-se cheio.

Esta condição afecta uma em cada 15 mil crianças na Inglaterra e estima-se que a proporção seja parecida na maioria dos países. O pequeno Geezer foi diagnosticado com PWS quando tinha apenas 3 semanas de idade, a os pais estão preocupados. Não é para menos, atendendo ao historial da doença; em 2011 uma menina de dois anos de nome Alfie Mazeika comeu um bolo de casamento de três camadas inteiro e morreu, e o pequeno Zach Tahir, de Manchester, começou a ser monitorizado pela mãe quando começou a comer os cortinados e o papel de parede de casa. Esta é outra particularidade curiosa desta condição rara: o apetite pode levar a comer tudo, mesmo objectos.

Este PWS até parece uma piada, uma desculpa para aqueles tipos que comem que nem alarves poderem justificar a sua gula, mas é bastante sério. Os sofredores do síndrome comem entre 3 e 6 vezes mais que uma criança normal, tornam-se obesas, têm dificuldades de aprendizagem e na idade adulta acabam por contrair diabetes do tipo 2 e vir a ter doenças cardíacas. Hmm...ficam gordas e morbidamente obesas...isto devia antes chamar-se Síndrome de João Gobern. Adiante. Como não existe uma cura conhecida, não resta senão ao pequeno Geezer ser acompanhado de perto pelos pais, e no futuro pela esposa ou pelos amigos. É só preciso alguém que esteja com ele à mesa e lhe dê um toque com o cotovelo de vez em quando: "Epá ó Geezer tem modos. Já vais no terceiro frango e as outras pessoas ainda não acabaram a sopa".

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