terça-feira, 24 de setembro de 2013
Sem cabeça, não se almoça (nem muitas outras coisas)
Quem já assistiu à matança de uma galinha ou de um frango sabe como o animal consegue sobreviver alguns minutos com a cabeça arrancada do resto do corpo, ou pendurada apenas por um ou dois tendões. Mas isso é habitualmente um espectáculo desagradável, com o pobre bicho a correr em pânico, desorientado, tropeçando a cada dois passos que dá - pudera, arrancaram-lhe a cabeça! A última "corrida" após lhe ser cortada a garganta é apenas teimosia da ave, tentando adiar o inevitável, e por muito que esperneie, acaba por desfalecer, sendo recapturada mesmo antes disso.
Só que esta galinha no vídeo é algo especial; mesmo sem cabeça parece manter a calma e fazer a sua vida como se nada fosse. Desconheço a origem das imagens, mas a julgar pela aparência dos nativos deverá ser África - ou a Cova da Moura. As crianças parecem divertidas com o animal decepado, e riem com vontade. Queria ver se riam tanto se vos arrancassem a tola também, seus fedelhos. O galináceo aparenta mesmo estar incomodado com tanta atenção, e a certa altura parece investir contra um dos garotos, que - e vejam só - afasta-se, meio receoso. Vai longe, este jovem africano, com medo de uma galinha sem cabeça, e portanto sem olhos e sem bico. Que medo.
Chamem-me pessimista, mas desconfio que este frango sem cabeça já não está entre nós. Sim, lamento, mas é assim a vida. Mesmo que os locais lhe tenham poupado à grelha ou à panela, vai ser difícil ao bicho consumir qualquer tipo de alimento neste estado. Deve ter sido quando lhe deu a larica que a galinha terá pensado: "que falta faz ter uma cabeça, afinal". Esperem lá, será que eu escrevi...pensou? Sem a cabeça? Bem, a este ponto, o melhor é suspender o descrédito. Com ou sem cabeça, estão é bem a rodar no quentinho de um churrasco.
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