quarta-feira, 28 de agosto de 2013
O (quase) deputado Jason Chao
Um artigo de opinião da edição de ontem do Jornal Tribuna de Macau (JTM, muito em berra hoje aqui no blogue) chamou-me a atenção, e fiquei deveras surpreendido, pela positiva. O artigo em causa é assinado pela jornalista Sandra Lobo Pimentel, que raramente opina, e é sobre as eleições, nomeadamente sobre o deputado do sector pró-democrata Jason Chao. Cada vez que no JTM se opina sobre o Novo Macau, o deputado Pereira Coutinho ou qualquer elemento do lado oposto da barricada da nomenclatura, fico de orelhas no ar, qual cão-polícia, a agitar o nariz preto e húmido na ponta do focinho, como quem detecta por antecipação que vai haver esturro.
Mas não, gostei do que Sandra Lobo Pimentel escreveu, e seja qual for a sua intenção, está coberta de razão. Assino por baixo. De facto a Comissão Eleitoral e restantes entidades encarregadas de organizar o acto eleitoral de 15 de Setembro e manter a sua ilegalidade têm metido os pés pelas mãos. De facto são as listas fora do círculo do poder ou dos sectores tradicionais quem mais beneficia com a asneira. E de facto Jason Chao tem sido um dos maiores protagonistas dos últimos meses que antecedem estas eleições. E como cereja no topo do bolo está o president da CEAL, a quem Jason Chao deve acender uma velinha a todos os santos por ter sido nomeado para o cargo. Sandra Lobo Pimentel não se esquece de mencionar as "gaffes" de Ip, que são como uma zebra coxa que tenta fugir das intenções famintas de um jovem leão, neste caso Jason Chao.
Nem Jason Chao, nem Lee Kin Yuen ou os restantes candidatos que protestam "por tudo e por nada" pediram para que fosse nomeado alguém tão "macio" para a CEAL, e cuja justificação para certas decisões causam a risada até dos apoiantes do Executivo e da ala pró-Pequim. É o homem errado no lugar errado, e considerar a forma como tem desempenhado o seu cargo como sendo "positiva" envergonha até o mais aplicado dos graxistas do burgo. Resta saber que cargo importante vai Ip Song Sang desempenhar depois destas eleições. Certamente qualquer coisa que o recompense pelo "frete", que deixou a sua imagem completamente desgastada.
Quanto ao futuro de Jason, concordo com Sandra Lobo Pimentel na parte final do seu artigo: vai ser eleito, e sem margem para dúvidas. Quer se questionem os seus métodos ou até a sua capacidade para desempenhar o cargo de deputado, vamos ter Jason Chao a "malhar" na AL pelo menos até 2013, e caso não se acomode ou suavize a sua verve contestatária, talvez tenhamos aqui o sucessor de Ng Kwok Cheong na liderança da pró-democracia em Macau. E se actualmente a polícia já o evita como se de um leproso se tratasse, o que dizer de quando gozar da imunidade que o lugar a que se prepara para ocupar lhe proporciona? Sim, Sandra, vai dar mais trabalho. Mas fazer o quê, se a estratégia colhe entre o eleitorado?
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