segunda-feira, 1 de julho de 2013
O dinheiro não traz felicidade (mas ajuda muito)
Olha a linda noiva...e rica também
Uma mulher de Marco de Canavezes que se venceu em Março o Euromilhões, deu uma festa na vizinhança para agradecer aos amigos – e para irritar os invejosos. A senhora em questão é uma tal Dona Amélia, uma ex-empregada de limpeza de 54 anos, gorducha, cabelo loiro oxigenado e um aspecto tão rústico que nem os milhões de euros consegue disfarçar. Se a sua aparência já deixa entender que se trata de um pessoa simples e com poucos estudos, as suspeitas confirmam-se cada vez que abre a boca. Entre as inanidades que brada com o volume quase no máximo, sai linguagem imprópria para os conteúdos televisivos do horário nobre, tendo o Telejornal da RTP censurado uma ou duas profanidades com o famoso “pii”. Para não destoar, a festa que deu aos amigos da vizinhança da freguesia de Ariz consistia numa churrascada de sardinhas, febras e pinga, animada pelo seu próprio filho Renato, que ao som do acordeão decalcou alguns êxitos do reportório pimba. A festança foi a versão campónia de uma “cocktail party”, e foi até anunciada durante a missa de Domingo. O padre da paróquia da aldeia lembrou aos seus residentes que “só precisavam de aparecer lá e comer, que a Amélia paga tudo”.
As amigas gostam imenso dela, e agradecem-lhe a atenção. Uma delas diz que a Dona Amélia “foi sempre uma pessoa humilde”. Pudera, como podia ser outra coisa que nunca aprendeu? Outra diz que antes de ganhar o Euromilhões, a Dona Amélia “trabalhava a dias…andava por aí na vida, coitadita”. As coisas que ficamos a saber. Amélia, por sua vez, mantém o orgulho de quem sempre ganhou a vida com o suor do rosto (até Março, claro…) e contou que depois de ter sido premiada “apareceram pessoas à sua porta a pedir dinheiro”. Ora nem mais Amélia, bem vinda ao Planeta Terra. Então a rica não sabia que os amigos são como o sol: só aparecem nos dias bons. Mas o que respondeu a boa da Amélia a essa gente interesseira que lhe bateu à porta? Qualquer coisa como “vão trabalhar ,que eu trabalhei toda a vida, criei os meus filhos sozinha, etc, etc”. Mas ó Amélia, assim não pá. Bastava dizer-lhes “não, desculpe lá”, ou como se diz aos mendigos, “tenha paciência”. Não foi o trabalho que levou a senhora a enriquecer, nem sequer o talento, a oportunidade ou a inteligência. Foi só meter seis números num papel e o resto ficou entregue à sorte e ao acaso. Mas é melhor é calar-me já, senão a senhora vem por aí aos berros a insultar-me a mim mais à minha progenitora, enquanto me bate com o tamanco. E honra lhe seja feita, no fundo, pois com a abundância que lhe caíu nas mãos de repente pagou a hipoteca da casa, comprou mais uma para cada um dos filhos, e casou com o companheiro Abílio, que é bom rapaz e já estava com ela mesmo no tempo em que andavam, ahem, "na vida". Reparem só na imagem, já viram noiva com um capital social destes? Pronto, parabéns Dona Amélia, e tenha juizinho.
O texto está engraçado. Interessante. Desconhecia que se sabia "tanto" desta afortunada pela sorte :D
ResponderEliminarQue continue afortunada pela sorte, pois não são poucas as vezes que se retorna ao "infortúnio" logo após o esbanjamento de uma fortuna que não custou a ganhar...