segunda-feira, 29 de julho de 2013
Notas de segunda-feira
1) O Jornal Tribuna de Macau publicou hoje na sua coluna de variedades das segundas-feira, “De Fonte Limpa”, uma notícia que podia muito bem merecer honras de “caixa”. Uma loja situada na Travessa dos Anjos, propriedade de um empresário de Taiwan, afixou na montra um cartaz onde se pode ler que os clientes Filipinos “não são bem vindos”. Em causa está o incidente de Maio último em águas territoriais das Filipinas, quando a guarda-costeira daquele país disparou indiscriminadamente sobre um barco de pesca da ilha nacionalista, causando a morte a um pescador. Gerou-se uma grande animosidade em torno do caso, com os trabalhadores filipinos em Taiwan a sofrerem retaliações por parte dos locais, que ficaram um tanto ou quanto confusos na hora de atribuir as culpas da ofensa à dignidade nacional que representou a morte de um pescador. O governo de Taipé exigiu a Manila um pedido de desculpas, que nunca chegou, e apesar do caso ter ficado meio esquecido, sobrou uma réstia de ressentimento. O dono desta loja na Travessa dos Anjos tem todo o direito a ficar indignado. Pode ser que seja originário de Taiwan, mas como comerciante deixa muito a desejar. Qual é o comerciante que recusa clientes com base na sua nacionalidade?
2) Ainda na senda da mais elementar xenofobia. A Associação Luso-Chinesa de Enfermeiros comentou as declarações de Wong Kit Cheng, a vice-presidente da Associação Geral das Mulheres, que na semana passada se mostrou aversa à contratação de enfermeiros portugueses. Entre as razões alegadas por Wong, a mais controversa prendia-se com a possibilidade do desconhecimento da língua chinesa por parte dos enfermeiros portugueses representar “um perigo para a vida dos cidadãos”. A associação de profissionais da enfermagem vem agora dizer que a comunicação nunca constituiu um problema, e que no caso de ser preciso dialogar com os doentes, recorre-se aos conhecimentos de inglês ou outra forma que dê para transmitir o essencial. Em caso de emergência, qualquer enfermeiro devidamente preparado sabe como agir. Esta é uma profissão que depende de formação e aptidões técnicas, e não de paleio, que parece ser a especialidade de Wong Kit Cheng, que é a nº 2 da lista dos “kai-fong” às eleições de 15 de Setembro. A polémica foi aobordada no programa da TDM “Contraponto”, que foi para o ar na noite de ontem, e penso que muito ficou por dizer. O painel de comentadores residentes foi demasiado brando com Wong Kit Cheng, e o tema merecia uma baordagem mais extensiva do que os dois ou três minutos a que teve direito. Frederico Rato teve uma tirada interessante, ao sugerir que a candidata da UPP terá perdido o voto dos portuguesas com as suas declarações. Ora todos sabemos muito bem que nenhum português votaria na senhora, que nunca viram mais gorda, nem que ela dissesse maravilhas de nós. E ela sabe disso muito bem, daí que tenha estado à vontade para vomitar todas aquelas alarvidades.
3) Realizou-se o sorteio do torneio da I Divisão da "Bolinha", o futebol em miniature do território, que leva habitualmente mais público ao relvado sintético do Colégio D. Bosco do que o futebol de 11 ao Estádio da Taipa. Mais uma vez o desiquilíbrio foi a nota dominante, com um dos grupos a juntar o grosso das equipas favoritas. Assim no Grupo A, além dos Sub-23, equipa campeã em título, estão os "gigantes" Monte Carlo, Ka I e Lam Pak, além das duas equipas de matriz portuguesa, a Casa de Portugal e o FC Porto. Os dragões são os vice-campeões, tendo perdido a final do ano passado para os jovens da Associação de Futebol de Macau (AFM) nas grandes penalidades. Enquanto isso no Grupo B ficaram equipas de segundo plano como o Lam Ieng, Lai Chi, Pau Peng, Taxi Chi Iao, e até a equipa "B" dos Sub-23, além de outros ilustres desconhecidos. É difícil explicar como é que um sorteio determina que todas as equipas teoricamente favoritas à vitória no torneio fiquem colocadas no mesmo grupo. Os mais desatentos podem mesmo ficar a pensar que o grupo A é a primeira divisão e o B a divisão secundária. Esta disposição pode levar mesmo a que uma das equipas mais fortes desça de divisão, enquanto uma mais fraca possa discutir a fase final de acesso ao título. Quer dizer, não existe em Macau um sistema que determine cabeças-de-série, que evite que as equipas mas fortes não se encontrem todas logo na fase inicial da prova, como acontece nos sorteios das competições desportivas um pouco por todo o mundo. É triste assistir à forma como a AFM insiste em encontrar sempre uma minhoca cada vez que leva o sacho à terra e dá uma cavadela. Só em Macau, francamente.
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