quinta-feira, 18 de julho de 2013
Adivinhem que veio para "soprar"
Agora diga-nos algo que já não soubessemos...
O Hoje Macau transcreveu na sua edição de hoje excertos de uma entrevista de Wan Kuok Koi à revista Next, da vizinha RAEHK, transmitindo as principais ideias, que se me permitem a sinceridade, são verdadeiramente chocantes. Wan, mais conhecido por Pan Nga Koi, ou "dente partido", era o líder local da seita 14 quilates, uma organização secreta sediada em Hong Kong que exerce há várias décadas actividades ilegais de uma natureza mais lucrativa, e cujo retorno em caso de sucesso chega a seduzir os mais ambiciosos e não só. Wan foi detido pela PJ em vésperas da passagem da administração de Macau e mais tarde condenado a 14 anos de prisão, que cumpriu na totalidade, tendo sido finalmente libertado em Dezembro de 2012.
A detenção e condenação de Wan foi uma manobra entendida como uma espécie de "arrumação e limpeza da casa", antes da chegada dos novos senhorios. O periodo que antecedeu a sua prisão foi marcado por uma sangrenta guerra de tríades, com execuções sucessivas e tiroteios à luz do dia, ajustes de contas levados a cabo à revelia da ordem pública, uma ambiente podre que colocava em causa a autoridade da administração portuguesa, que parecia não ter soluções para o estado caótico da segurança. Prender Wan foi como "cortar o mal pela raíz". Aqui estava o homem que uma vez mandou fechar a Ponte Nobre de Carvalho para filmar cenas de um filme auto-biográfico, onde glorificava os seus feitos. A própria detenção ocorreu durante um jantar no Hotel Lisboa onde Wan e seu séquito visualizavam um documentário sobre a sua vida. Irónico e em certa medida inesperado. Uma acção considerada como um desafio ao mundo do crime, que muitos temeram poder descabar numa Guerra entre o bem e o mal.
Mas o pior nunca chegou, felizmente, as tríades não reagiram, e Wan foi mesmo julgado e condenado. O julgamento em si fez correr muita tinta, com a defesa de Wan e seus cúmplices apontando erros de procedimento diversos, e com o levantamento de sérias dúvidas quanto à consistência dos elementos de prova que levaram à condenação. Seja como for, não quero nem pensar como seria se fosse a China a precisar de resolver o problema. Há males que vêm por bem, enfim. Quase uma década e meia depois, Wan é libertado, já em plena RAEM, e gera-se um clima de alguma apreensão. Muito mais "domesticado", o ex-líder da 14K tenta reorganizar os negócios, e apesar da influência que ainda tem nos círculos do jogo VIP, a sua ausência prolongada levou e a chegada das novas concessionárias levaram a uma distribuição alternativa do bolo, e mesmo alguns dos seus antigos associados foram "fazer pela vida" sem ele. O próprio Wan, apesar do cárcere que o afastou das salas de jogo, manteve-se no activo por intermédio da família, que explorou algumas mesas VIP, e que lhe permite ainda um estilo de vida mais que desafogado.
É um pouco disto e de algo mais que Wan contou à Next; recordou o passado, partilhou sentimentos íntimos, e perspectivou o futuro, deixando claro que ainda quer ter uma palavra a dizer na corrida aos lucros dos casinos. Mostrou-se incomodado com a presença das concessionárias americanas, numa tirada muito patriótica sobre como deviam ser "os chineses" a usufruír dos lucros do jogo. Algumas das suas afirmações, que imagino terem sido produzidas com a irreverância que lhe é muito própria, revelam algum sentido de humor e até algum desfazamento da realidade, quem sabe típico de alguém com a reputação de "indesejável" à nomenclatura actual, e que tem consciência disso.
Quando diz que "queria muito a reunificação", tenho dúvidas que esteja mesmo a falar a sério. Em Macau foi detido, julgado, condenado e posteriormente libertado, depois de pagar a sua dívida com a sociedade. Na China não sei se teria sido tudo tão faseado e transparente, e o que não falta são exemplos de "empresários" da sua estirpe que tiveram muito menos sorte que ele. Pelo menos o nosso "dente partido" ainda anda por cá para contar a sua história. Vamos lá meu caro, os portugueses não são assim tão maus, pois não?
E por falar em portugueses, com que Wan provavelmente não simpatiza, o entrevistado fala em "dávidas em dinheiro" aos antigos senhorios de Macau, na ordem dos "cem milhões de patacas", e ainda por cima "eram eles que lhe vinham pedir". Era giro que concretizasse estas curiosas afirmações, nem que disesse apenas um nomezito ou dois. Assim faziamos um pequeno exercício de memória e exclamávamos: "Ah esse? Logo vi que não era flor que se cheirasse...". Vale o que vale, enfim, o dinheiro já está gasto com toda a certeza. Nada que nos surpreenda, esta "bomba" de Wan Kuok Koi. Hoje são outros os pedinchões que batem à porta dos "dentes partidos" desta vida. E qual é a novidade?
A famosa " Mala de Macau" do tempo do Mario Soares continua a dar que falar,o vitorino que o diga.O que seria de Macau sem casinos,prostituição,agiotas,corruptos,mafias,etc???Era apenas uma aldeia de china como tantas.O dente partido ja esteve preso 15 anos e nao quer arranjar problemas e por isso não revela os nomes.Mas toda a gente em macau sabe que muitos portugueses ficaram ricos a custa de muita corrupção,governo portugues,chines e de macau incluido claro.Macau era e é sempre uma terra de mafiosos com muita corrupção graças aos casinos.Digamos que é um negócio que todos lucram até os habitantes de macau lucram com isso.
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