sábado, 15 de junho de 2013
Vão morrer para longe, faz favor
Quer morrer? E que culpa têm outros?
Um indivíduo em Portugal matou a ex-mulher e uma amiga desta à porta do infantário da sua filha, tendo depois cometido suicídio. Foi no Catujal, concelho de Sacavém, mas podia ter sido noutro sítio qualquer. Infelizmente o que não faltam são notícias deste tipo: indivíduos alterados que no limite do desespero resolvem ir desta para melhor, mas sem antes garantir que levam consigo quem pensam ser os culpados da sua angústia ou mesmo outros inocentes – a amiga da ex-mulher, neste caso. O mais assustador é que nenhum de nós está livre de entrar nas contas que todo o tipo de malucos tem (ou julga ter) com a sociedade. A semana passada quase 50 inocentes perderam a vida na China quando por azar partilhavam o mesmo autocarro com o mesmo maluco que lhe pegou fogo porque estava farto da vida. Seja qual for a motivação, vingança, desespero ou uma simples “pancada”, nada justifica querer levar alguém connosco quando queremos sacrificar a própria vida. De que consolo serve morrer acompanhado quando mal dá tempo para digerir o feito? Que prazer retiram dos poucos minutos, quando não são segundos em que se realizam os ensejos suicidas-homicidas? E que tal ter um pouco de consideração por estas pessoas que não estão interessadas em morrer nesse dia e se calhar até têm mais que fazer, sítios onde estar, gente à sua espera ou trabalho por fazer? Quem acredita nalgum tipo de redenção tomando este tipo de atitude, está completamente equivocado. Em vez de ficar lembrado como “aquele coitado que o desespero levou desta vida” fica recordado como “aquele criminoso cobarde que ceifou a vida a inocentes”. Como é que se pode censurar alguém que resolve ir mijar na campa de um gajo que não teve sequer a dignidade de ir morrer sozinho sem chatear ninguém? Devia-se mesmo levar o seu cadáver a julgamento de forma simbólica e depois fuzilá-lo ou enforcá-lo, para ficar “ainda mais morto”. Com que cara ficam os seus familiares quando estiverem na presença das famílias dos inocentes massacrados e que se calhar lhes vão fazer falta e deixar saudades? Quem resolve acabar com a própria vida é porque já não lhe reconhece utilidade alguma. O sacrifício, tal como a decisão, deve ser pessoal e levada a cabo sem incomodar terceiros. Mesmo que se resolva saltar do terraço de um prédio devia-se ter antes a certeza absoluta que não se cai em cima de um transeunte que não tem nada a ver com isso. Se não nos apetece fazer mais planos, que se faça pelo menos esse como ultimo esforço, nem que seja para que se diga que fizemos algo bem feito, até que enfim! Como diziamos no meu tempo quando viamos dois marmanjos à porrada: matem-se, esfolem-se, mas não me aleijem.
Que eu saiba Sacavém ainda naõ é Concelho,
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