quarta-feira, 12 de junho de 2013
Um "dois-cinco" entre nós
O homem que sabia demais...e falou demais.
Edward Snowden, antigo técnico da CIA de apenas 29 anos, é o homem do momento. Este norte-americano com uma aparência que me faz lembrar o Nuno Markl é o novo “garganta funda”, sucedendo a Julian Assange, o homem dos Wikileaks, no topo do ranking de delatores e bufos, mesmo que da sua quebra de sigilo resulte informação importante que gostamos de saber e que a todos diz respeito. Snowden ficou a saber de um mega-plano de espionagem levado a cabo pela CIA para ter acesso a milhões de computadores pessoais nos Estados Unidos, controlando desta forma toda a actividade dos cibernautas. Este plano seria realizado com a colaboração de empresas como a Google ou o Facebook, muito populares entre os utilizadores da internet. É sem dúvida uma “bomba”, e a confirmação que vai fazer as delícias dos mais ferverosos adeptos das teorias da conspiração. Um verdadeiro X-File vindo a público. As motivação oficial de Snowden prende-se com o “asco” que o esquema lhe provoca, e as implicações óbvias na privacidade dos cidadãos. A ousadia pode causar-lhe dissabores e valer-lhe uma acusação de traição, e Snowden refugiu-se em Hong Kong, onde segundo ele, existe “grande liberdade de expressão” (!), uma opinião que deixou os próprios honconguenses estupefactos. Uma ex-secretária para a segurança da RAEHK lembrou que ali vigoram acordos de extradição com os Estados Unidos celebrados ainda durante a administração britânica, e que Snowden arriscava a detenção. No caso de ser extraditado e julgado, arrisca mesmo a ser condenado à pena de morte. As últimas notícias davam conta de que Snowden teria deixado Hong Kong, mas há quem garanta que ainda se encontra aqui ao lado, a uma hora de barco de Macau. Que vizinho de peso, este que temos pelos lados do delta do Rio das Pérolas. Em Macau e em Hong Kong existe uma pressão cunhada pelas seitas para designar um traidor: “yí-hum chai”, literalmente “rapaz dois-cinco”. A CIA pode não ser uma seita chinesa, mas não é conhecida por tolerar este tipo de atitude, para mais quando partem de alguém de dentro. Os serviços de “intelegência” americanos devem estar doidinhos para deitar as mãos neste “dois-cinco”.
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