O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, foi esta noite entrevistado pela jornalista Fátima Campos Ferreira. Uma entrevista feita no rescaldo de mais um título de campeão nacional, conquistado no último Domingo, o 20º de Pinto da Costa em 31 anos de presidência do maior clube do norte do país. O empresário de 75 anos, que brevemente será reconduzido até 2016 na presidência do FC Porto, é o dirigente desportivo de maior sucesso da História do futebol mundial. A juntar aos 20 campeonatos nacionais, conquistou 12 Taças de Portugal, 18 Supertaças, 2 Taças/Liga dos Campeões, 2 Taça UEFA/Liga Europa, 2 Taças Intercontinentais e uma Supertaça Europeia. 57 títulos nacionais e internacionais, sem contar com uma Taça de Honra da AF Porto, competição já extinta, em 1984. Pinto da Costa conquistou 57 de um total de 71 títulos do seu clube, e ficará inevitavelmente ligado à História do clube com o estatuto de semi-deus. FC Porto e Pinto da Costa confundem-se, são quase sinónimos.
A entrevista mostrou um Pinto da Costa tranquilo, cordato, típico de quem está habituado a ganhar – 9 campeonatos nos últimos 11 anos conferem-lhe quase um lugar cativo na entrevista ao presidente campeão no rescaldo da época futebolística. O antigo comerciante (vendia fogões) tornou-se o mais profissional dos presidentes dos clubes de futebol, dedica-se de corpo e alma ao seu ofício, e como deixou saber, é um dirigente apaixonado mesmo nas horas vagas. Na realidade o cidadão Pinto da Costa não existe; onde quer que vá, será sempre o presidente do FC Porto, amado pelos dragões e odiado pelos seus rivais.
Rival por excelência é o Benfica, em tempos o maior clube português, que durante o consulado de Pinto da Costa foi relegado para segundo plano. Qualquer adepto de futebol com menos de 40 anos reconhece o FC Porto como maior clube português da actualidade. Quando nos últimos 30 anos o Porto conquistou 20 campeonatos contra apenas 7 do Benfica, quatro taças europeias contra quatro finais perdidas, os números ficam a falar por si. Mesmo nas camadas jovens o clube conquistou durante a sua presidência tantos ou mais títulos que em todo o seu historial. Além do futebol o clube impôs-se nas modalidades, foi recentemente campeão de andebol e conquistou o 12º título de hóquei em patins dos últimos 13 anos. Existe um Porto antes de Pinto da Costa e outro depois dele. É o Porto APC, pequeno e bairrista e DPC, multi-dimensional e respeitado à escla mundial.
O recente ressurgimento do emblema da águia deu a Pinto da Costa uma nova motivação. Sobre Luís Filipe Vieira diz que “não lhe interessa ter relações”, mas deseja que continue à frente dos destinos do Benfica “por muitos e bons anos, e com saúde”. Não é claro que tenha dito isto sem a sua habitual ironia, mas certamente que dará mais gozo ganhar títulos a um Benfica forte do que ao Benfica moribundo da era de Vale e Azevedo. Nega ter um ódio visceral pelos clubes de Lisboa, tem amigos sportinguistas (não se referiu a amigos benfiquistas, mas terá alguns), e na realidade muitos benfiquistas gostariam de ter um Pinto da Costa que os levasse à glória que o rival do norte tem conhecido nas últimas décadas. Isto com mais ou menos maus fígados à mistura, que podem ser interpretados simplesmente por uma certa “inveja”.
Fátima Campos Ferreira tentou saber mais sobre eventuais saídas de jogadores da equipa principal, mas Pinto da Costa voltou a evitar falar de certezas. “O segredo é a alma do negócio”, parece ser este o seu mote, e com uma eficácia comprovada. Sobre a sua sucessão – inevitável é a marcha do tempo, e essa nem Pinto da Costa pode vencer – disse pouco. Sabe-se que ficará pelo menos durante mais um mandato, e quantos mais a saúde lhe permitir. Para os seus rivais (outra vez, o Benfica) a sua saída de cena poderá significar o fim de um FC Porto ganhador, mas o presidente garante que o trabalho “de raíz” está feito, e quem vier a seguir tomará conta de um grande clube. Seja quem for, terá uma cadeira enorme para ocupar.
Uma citação curiosa: “O Céu é azul e o Inferno é vermelho”. Pinto da Costa no seu melhor. Mais do mesmo para o ano?
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