sexta-feira, 17 de maio de 2013

Marte? Não, obrigado


Os americanos fazem planos de estabelecer a primeira colónia humana em Marte em menos de 10 anos. No ano 2022 chegará ao planeta imediatemente seguinte ao nosso no sistema solar o primeiro grupo de voluntários, que receberão um treino “nunca inferior a sete anos”, antes da viagem de sete meses até ao seu destino final. E não é à toa que digo final. O bilhete é só de ida, e quem optar pela viagem até Marte nunca mais regressa à Terra. Os voluntários ficam conscientes que a viagem significa que nunca mais regressarão ao seu planeta de origem. É uma espécie de suicídio, mas sem essa chatice que é morrer. Apesar desta condicionante, já se inscreveram centenas de voluntários, de candidatos a “marcianos”. É preciso muita coragem.

O universo fascina-me mas não me convence. Acho giro que o Homem procure ultrapassar novas fronteiras, que exceda os seus limites e tudo mais, mas nem que eu tivesse dinheiro a rodos me enfiava num foguetão que me levasse até ao espaço. Quer dizer, até uma simples ida à Taipa me deixa meio vulnerável, sabendo que existe uma ponte que me separa de casa, quanto mais um eventual visionamento do planeta de uma janela do meio do espaço. Além disso o processo exige meses de treino, sair cedo da cama, e no fim veste-se um fato que só de olhar faz-me calor, e sobe-se até ao espaço sideral. Se tivessemos sido feitos para viajar no espaço não iamos precisar daquela tralha toda. Eu prefiro os pés bem assentes no chão, obrigado.

Têm sido muitos os milionários que concretizam o sonho de viajar até ao espaço, o tal “turismo espacial”, que é actualmente uma das principais fontes de rendimento dos esquecidos e semi-falidos projectos espaciais norte-americanos e russos (principalmente estes últimos). Gosto de pensar que se trata de uma excentricidade praticada por uma minoria com um espírito “aventureiro” fora do normal. Se eu fosse bilionário e última coisa que queria era que me mandassm para o espaço. Tanta coisa que se pode comprar aqui na Terra…não seria por falta de escolhas onde gastar o dinheiro que me ia aborrecer, com toda a certeza. Tenho uma lista de coisas que nunca fiz e de sítios onde nunca fui por falta de capital que não inclui ir ao espaço.

E depois temos Marte, onde as temperaturas são muito inferiores a zero graus, e qualquer tentativa de humanização passará pela limitação a um espaço artificial. Que piada tem ir viver para um sítio onde não se pode sequer ir à esquina beber um café? As esquinas, passeios, ruas, jardins e tudo mais serão improvisados, iguais aos da Terra, portanto para quê ir tão longe? Não quero desanimar os audazes voluntários deste projecto, até porque é preciso um grande par de tomates para aderir à iniciativa, mas eu enloquecia em poucos dias. Ao fim de uma semana andava a pedir que me levassem para casa. Mesmo de férias não me parece boa ideia. Sete meses? Só tenho 22 dias úteis por ano. Boa sorte para quem vai, pode ser que um dia consiga entender a razão do vosso abandono. Fico deste lado à espera de notícias vossas, se bem que não tenho esperança que me contem como são as marcianas. E agasalhem-se bem, porque ali faz frio.

3 comentários:

  1. Se não fosse esse mesmo espírito aventureiro que levou os portugueses ao extremo Oriente séculos atrás, quase de certeza que neste momento você não estaria a viver onde vive hoje, feliz da vida a contar histórias desse pitoresco território.

    Quem sabe se um dia um dos seus netos não terá também um blog semelhante ao seu sobre a vida numa colónia em Marte?

    Ainda bem que há no mundo pessoas corajosas que não pensam como o Leocardo :)

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  2. Like no comentário do anónimo anterior!

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  3. Pra que netos?? Pra que levar uma especie destrutiva pra Marte? Vamos levar para destruir o universo também né? Ser humano tinha era que sucegar on facho e se auto destruir sozinho no seu planeta. Tinha era que se extinguir essa raça. Agora tem gente que quer comparar descobrir civilização na terra com viagens a Marte, aff me poupe, esse tipo de idealismo aventureiro destroyer.

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