segunda-feira, 20 de maio de 2013

Liga Sagres em revista


FC PORTO – Um dos títulos mais suados de sempre, com incerteza até ao fim. Os dragões terminaram a Liga Sagres invictos, o que acontece pela segunda vez nos últimos três anos, com apenas seis empates em trinta jogos. Uma curiosidade interessante: nos últimos 100 jogos para o campeonato o Porto registou apenas uma derrota, a época passada em Barcelos frente ao Gil Vicente por 1-3. O Porto encontrava-se a 4 pontos do Benfica a três jornadas do fim, mas um empate caseiro dos encarnados frente ao Estoril na 28ª jornada e a vitória dos dragões no clássico do fim-de-semana passado viraram a mesa para os da invicta, que comemoram o tri-campeonato, o sétimo título em 8 anos, e o nono em 11 anos. É obra. Para o presidente Pinto da Costa é o 20º título em 31 anos, reafirmando-o como o dirigente mais bem sucedido a nível mundial. Apesar de ter conquistado o seu bi-campeonato, o treinador Vítor Pereira poderá estar de saída. Apesar do sucesso doméstico, as participações discretas na Europa poderão levar os campeões a uma opção mais ambiciosa.

BENFICA – Uma época quase perfeita que termina em desastre. Até há três semanas o campeonato parecia garantido, depois de uma vitória na visita ao Marítimo, mas um empate com o Estoril na Luz e uma derrota no Dragão deitaram tudo a perder. A moral ficou ainda mais por baixo depois da derrota na final da Liga Europa frente ao Chelsea na última quarta-feira, restando a final da Taça de Portugal no próximo Domingo para salvar a época. O registo do Benfica seria digno de um campeão não fosse a persistência do Porto: vitórias em Braga, Barreiros, Mata Real e Alvalade, dois meses e meio na liderança e invencibilidade até à penúltima jornada. Melhor que isto só mesmo o rival de sempre, e para mal dos pecados da nação benfiquista, os 77 pontos em 90 possíveis – o melhor registo dos últimos 20 anos – não foi suficiente.

P. FERREIRA – Os pacenses são um exemplo de gestão sensata, e sem nunca embarcar em grandes loucuras, atingem o pódio nove anos depois da subida à Primeira Liga, e garantem um lugar no “play-off” da Liga dos Campeões. A equipa de Paulo Fonseca, o treinador sensação do ano, perdeu apenas para os dois primeiros – quatro derrotas em casa e fora contra Benfica e Porto. A irregularidade do rival directo, o Braga, e a época desastrosa do Sporting abriram caminho para o Paços se tornar a equipa revelação. A eventual participação na liga milionária dependerá muito do sorteio, uma vez que os pacenses não serão cabeça-de-série, e podem encontrar pela frente o Arsenal, o AC Milão ou outro “gigante”. Pelo menos a participação na fase de grupos da Liga Europa fica garantida.

SP. BRAGA – Os guerreiros do Minho fizeram uma época irregular, combinando o bom com o desastroso. José Peseiro fica com a consolação de ter vencido a Taça da Liga, mas o quarto lugar na Liga e o último lugar num grupo da Champions que parecia acessível ficam a saber a pouco. Caso o V. Guimarães não vença a Taça frente ao Benfica, os bracarenses entram directamente na fase de grupos da Liga Europa, um consolo que deixa os ambiciosos adeptos da edilidade com um amargo de boca. O presidente António Salvador já manifestou o descontentamento com o desempenho dos minhotos, e tudo indica que a equipa técnica sofra alterações de raíz na próxima época.

ESTORIL – Os homens da linha podem não ter conseguido a melhor classificação de sempre, mas o 4º lugar de 1947/48 não dava direito a uma participação europeia. O quinto lugar dos canarinhos dá direito a uma participação nas eliminatórias da Liga Europa pela primeira vez na História, e logo no ano em que regressam ao escalão maior. Marco Silva teve o mérito de construir uma equipa combativa que se manteve sempre na primeira metade da tabela, com pontos altos nos empates em Alvalade e na Luz, e uma vitória na Medideira frente ao Sporting por 3-1.

RIO AVE – Os vilacondenses foram desde cedo considerados uma das equipas sensação da prova, mas claudicaram no último terço da competição. Um “tour-de-force” final deixa-os num honroso sexto posto e às portas da Europa, a melhor classificação desde o quinto lugar de 1981/82. Nuno Espírito Santo teve o mérito de montar uma equipa consistente e combativa, que venceu o Sporting três vezes (duas em Alvalade) e obrigou o Porto a deixar dois pontos no seu estádio.

SPORTING – Uma época para esquecer, demonstrativa de uma nau que anda à deriva na eventualidade de um naufrágio. Apesar do plantel mais que suficiente em teoria para frequentar os lugares de topo, os leões andaram pela cauda da tabela até ao final da primeira volta, adivinhando uma exclusão das provas europeias pela primeira vez em 36 anos – o que se veio a confirmar. Depois da “dança” de treinadores que vitimou Sá Pinto, Oceano e o belga Frank Vercauteren (uma opção infeliz e inexplicável), Jesualdo Ferreira devolveu alguma dignidade ao clube, mas mesmo assim insuficiente para evitar a pior classificação de sempre. O presidente Godinho Lopes será lembrado pela gestão danosa do futebol do Sporting, e o recém-eleito Bruno Carvalho terá em mãos a tarefa de devolver o respeito ao clube de Alvadade. Jesualdo estará de saída, com Leonardo Jardim a posicionar-se como o próximo líder do projecto leonino.

NACIONAL – Os madeirenses tiveram um começo complicado, e Manuel Machado viria a subsituír Pedro Caixinha à 6ª jornada. O melhor que Machado conseguiu foi um 8º lugar, aquém do 7º da temporada passada, mas teve o mérito de realizar uma época tranquila, com uma qualidade de jogo apreciada pela crítica. É a quinta época consecutiva que os nacionalistas terminam na primeira metade da tabela.

V. GUIMARÃES – O modesto nono lugar torna-se insignificante perante a excelente campanha dos vimarenenses na Taça de Portugal, cuja presença na final frente ao Benfica garante pelo menos uma eliminatória europeia. Rui Vitória, tido como um dos melhores treinadores da nova geração, apostou numa equipa jovem, e apesar do risco, os vitorianos (no duplo sentido, neste caso) andaram sempre nos lugares da frente, e apenas a derrota caseira frente ao Rio Ave impediu o sexto lugar, resultado da época passada. Caso os “conquistadores” surpreendam o Benfica no Jamor no próximo Domingo, entram directamente na fase de grupos da Liga Europa.

MARÍTIMO – O décimo lugar fica a saber a pouco, depois do quinto lugar em 2011/12. Pedro Martins foi aguentando oos tropeções do Marítimo, que nunca se afirmou como candidato europeu, mas dificilmente será aposta na próxima época. A participação na fase de grupos da Liga Europa foi um momento alto, e um terceiro lugar atrás de Bordéus e Newcastle não envergonha os verde e rubros. Um ano mais tranquilo que a classificação dá a entender, mas certamente pouco para os maritimistas mais exigentes.

ACADÉMICA – Uma época que prometia, com uma participação na Liga Europa e um inevitável reforço do plantel. Pedro Emanuel nunca conseguiu manter os estudantes fora dos lugares perigosos da tabela, e Sérgio Conceição tomou o leme a quatro jornadas do fim, conseguindo uma vitória e um empate que permitiram encarar a última jornada sem a calculadora na mão. Uma desilusão para os adeptos da briosa, que esperavam uma campanha mais tranquila.

V. SETÚBAL – Os sadinos continuam a demonstrar que estão longe dos tempos em que impunham respeito, e mais uma vez precisaram de aguardar até à última jornada para garantir a manutenção – a quarta vez em sete anos. José Mota foi-se mantendo apesar da época sofrível, em que dispôs de um plantel curto, um misto de jogadores ora inexperientes, ora envelhecidos. O camaronês Meyong, que foi um verdadeiro “abono de família” durante a primeira volta, saíu para o futebol angolano em Janeiro, e os vitorianos podem dar graças pelo demérito dos restantes aflitos, que não conseguiram vencer na derradeira ronda do campeonato.

GIL VICENTE – Os gilistas realizaram uma primeira metade mais ou menos tranquila, mas uma sucessão de derrotas na segunda volta deixou-os com o credo na boca. Paulo Alves manteve-se desde o primeiro dia até ao final, provavelmente espelhando a falta de ambição dos minhotos, que apesar da derrota caseira frente ao Estoril no último dia, festejaram mais uma manutenção. Mesmo que incidental.

OLHANENSE – Sérgio Conceição iniciou a época, mas desde cedo deixou saber que não dispunha de condições para realizar o seu trabalho. A ruptura deu-se à 13ª jornada, com a equipa num tranquilo 8º lugar, e para técnico entrou Manuel Cajuda, um homem da casa. Contudo o algarvio conseguiu apenas uma vitória em 14 jornadas (!), nenhuma delas em casa, e o seu canto de cisne terá sido um inesperado ponto conquistado no Dragão frente ao FC Porto. Bruno Saraiva dirigiu a equipa nas últimas três jornadas e obteve quatro pontos que chegaram para evitar a descida.

MOREIRENSE – Jorge Casquilha levou a equipa à Liga Sagres a época passada e foi premiado com uma estreia no escalão principal. Contudo as coisas não correram bem, e Casquilha seria substituído por Augusto Inácio à 17ª jornada, com a equipa afundada no último lugar com oito pontos. Inácio conseguiu dezasseis pontos, que chegariam para realizar uma época desafogada, não fosse o início desastroso. Os minhotos podem lamentar-se de chegar à última jornada a precisar de uma vitória na Luz frente ao Benfica.

BEIRA MAR – Os aveirenses regressam à Liga de Honra três anos depois do regresso, graças a uma época em que praticamente nunca conseguiram respirar acima da linha de água. Ulisses Morais foi demitido à 20ª jornada e substituído pelo estreante Costinha, que nunca conseguiu levantar a moral da equipa, obtendo apenas oito pontos em dez jogos. A derrota caseira por 1-4 frente ao Sporting na jornada decisiva foi o culminar de um ano para esquecer.

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