Na morte de Margaret Thatcher

Desapareceu no último Domingo a ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, uma das figuras da fase final da Guerra Fria, e provavelmente a mais celebre figura do governo britânico do século XX depois de Winston Churchill. Thatcher ocupou a cadeira de Downing Street entre 1978 e 1990, e ficou conhecida pela sua postura rígida e uma inflexibilidade típica dos britânicos, que lhe valeu o cognome de "Dama de Ferro" (quem estudou no Liceu de Macau no início dos anos 90 lembra-se de uma professora de ingles arrogante e rigorosa que levou a alcunha de Thatcher). Thatcher conduziu os destinos do maior Império do mundo de forma conservadora, levando a cabo políticas tendicialmente capitalistas e anti-europeistas, sendo amada por uns e odiada por outros. De um lado banqueiros e empresários, do outro operários e irlandeses. Estes últimos pediram-lhe contas, e em 1984 Thacther escapou por pouco a um atentado do IRA. O seu consulado ficou marcado pela Guerra das Malvinas (Falklands, em inglês), em que ficou bem vincada a sua posição imperialista, levando o exército ingles a combater numa Guerra por uma ilhota sem qualquer valor estratégico - mesmo uma quinta de ananases, desde que sob soberania inglesa, valeria uma Guerra. Negociou com Deng Xiaoping a transferência de Hong Kong, e talvez o facto de não ter imposto a sua habitual inflexibilidade lhe tenha provocado a famosa queda à saída de uma dessas negociações. Foi exonerada em 1990 depois da implementação de um imposto municipal que não recebeu o apoio nem do seu Partido Conservador. Depois disso a baronesa Thatcher sumiu da vida pública, e a sua condição física e mental vinha-se deteriorando devido à doença de Alzheimer. Há dois anos foi imortalizada no filme "The Iron Lady", que valeu a Meryl Streep mais um óscar na categoria de melhor actriz principal. Foram 87 anos de uma vida que lhe valem agora um lugar na História.