segunda-feira, 5 de novembro de 2012

De volta à vaca fria


1) Depois de um fim-de-semana prolongado, nada como passar uma vista pelos jornais e restante imprensa, e regressar a esse doce veneno que é a actualidade de Macau. Uma notícia que me chamou a atenção foi a definição de "classe média" pelo Gabinete para s estudos das Políticas, dirigido por Chui Sai Peng, primo do nosso chefe (ora, ora). Segundo este gabinete é da classe média "quem ganha entre 12 mil e 78 mil patacas mensais". Assim, sem mais nem menos. Isto quer dizer que quem ganha 12 mil rufas por mês está incluído no mesmo estrato social de quem ganha mais de 50 mil. Um absoluto disparate. Chega mesmo a existir uma diferença significativa entre quem ganha 12 e 20 mil. Quem ganha vinte mil paga as suas contas e ainda tem os 12 mil que o outro desgraçado precisa de gerir o mês inteiro para gastar como muito bem entender. Isto significa que existe "classe média" que vive num T2 num prédio de 30 anos na Barra, e outra "classe média" que vive na Penha ou no Ocean Gardens. Esta discrepância parece até uma anedota. Parece a história do indivíduo que marca uma consulta e dizem-lhe para aparecer por lá "por volta das duas...oito da tarde, mais coisa menos coisa". Ou daquele que vai comprar "dois ou vinte quilos de batatas". Ou como dizer que o famigerado Metro Ligeiro estará pronto "em 2015 ou 2040, por essa altura". Devem ser muito inteligentes, os senhores deste gabinete.

2) Macau, ou melhor o empresário da restauração Chan Chak Mo e os seus amiguinhos (da classe média?) querem criar um mercado nocturno em Macau. Uma ideia divertida e interessante, acho eu. A primeira sugestão para o local foi o Lago Sai Van, onde chegou a existir alguma animação em forma de bares, mas sem resultado. Chegou mesmo a existir ali um bazar aos fins-de-semana, outra ideia que foi abandonada. Pesno que aquela área seria ideal, uma fez que fica perto do mar, e beneficiaria de alguma animação além da única altura do ano em que vão lá mais de dez pessoas por noite: durante o Festivalde Fogo de Artifício, quando os indígenas vã o lá olhar para o céu de boca aberta e gritar "uuuaaahhh....". Mas claro que os residentes da Praia Grande estão contra. Como em todo o resto do que se passa em Macau, eles até gostavam que existisse um mercado nocturno e tal, mas desde que seja longe da sua porta. Agora pensa-se na Praça Ferreira do Amaral, em frente ao Hotel Lisboa, onde passam mais autocarros e não sei o quê. Pensando bem, a ideia de um mercado nocturno, que é um verdadeiro sucesso noutras cidades asiáticas, deverá ser um fiasco em Macau. Das duas uma: ou acaba por ser mais um entreposto de chau-min e bolas de carne e peixe a nadar em caril, ou consegue uma grande adesão durante os primeiros dias e depois fica completamente às moscas, como a Doca dos Pescadores.

3) Virando a bússola mais a ocidente, a chanceler Angela Merkel (zieg heil, mein führer!) pede mais cinco anos de austeridade para os países da zona euro que se portarammal. E isto inclui Portugal, obviamente. Lá se vai a esperança da retoma antes dos próximos jogos Olímpicos. Mas epá, estes gajos alemães são dotados de um pragmatismo sem limites. O Deustche Bank, a maior instituição bancária alemã, teve perdas de 40%, e basta pegar na calculadora e despedir 2000 funcionários. Assim, pim-pam-pum, é quanto custa 40% de prejuízo: 2000 empregos. Os alemães até devem achar isto normal, e os coitados que ficaram sem emprego se calhar encolheram apenas os ombros, arrumaram a tralha na caixinha e foram tentar a sorte noutro lado. Não que isto signifique que os seus executivos vão meter menos dinheiro ao bolso. Vão meter a diferença dos salários que pagavam a estes gajos que vão agora para o olho da rua. São assim as regras do capitalismo. E não é esse o sistema do mercado livre a que tantos tecem loas?

2 comentários:

  1. Nao acho a ideia ma, do mercado junto aos lagos.
    Nem vejo que grande incomodo isso possa causar aos residentes da praia grande.
    Se fosse uma pista de karting, ainda compreendia.
    Deve haver um esquematico qualquer que nao conhecemos, que leva alguem a opor-se a ideia, mas que nao tem nada a ver com o sossego dos residentes
    Agora, a alternativa apresentada e de rir as gargalhadas.
    Estao a ver o mercado entalado na rotunda, com aqueles visitantes do talu a atravessar a estrada por onde lhes apetecesse e a serem trucidados pelos autocarros da reolian?
    Tenham juizo!

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  2. Mercado nocturno? Estou realmente muito curioso para ver o que haverá nesse mercado. Com a qualidade das porcarias que normalmente estão à venda nestas iniciativas (exemplo do mercado de rua na vila da Taipa), este deverá ser igualmente lindo, e ficará mesmo a condizer com o luxo da entrada e dos Rolls Royce do Wynn... LOOOL

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